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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Colhemos o que plantamos – por Armando Lopes Rafael



   Em 1964, os militares assumiram, mais uma vez, o governo do Brasil, prática iniciada com o golpe militar de 15 de novembro de 1889, o qual implantou – sem consulta popular – a forma de governo republicana no nosso país. Denominaram essa intervenção de 1964 de “Revolução Democrática”. Na prática, um governo autoritário, mas que deixou alguns benefícios para a modernização do Brasil.

     Os governos militares aproveitaram alguns brasileiros(as) inteligentes e competentes para implementar sua plataforma de mudanças. Um desses foi Roberto Campos, diplomata de carreira, anteriormente a 64, um dos idealizadores do BNDES (no governo de Juscelino Kubitschek) e que – sob os governos militares – foi um dos idealizadores, também, do Banco Central do Brasil, Estatuto da Terra e do FGTS.

      Na verdade, os governos do ciclo militar (1964–1985) sofreram controvérsias várias, mas é inegável o avanço da infraestrutura que criaram, para o progresso do Brasil, a partir do nada. As hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí respondem por quase um quarto da geração de energia do Brasil. Itaipu é a maior geradora do mundo e abastece 50 milhões de residências. O resultado prático foi que em 1964 o Brasil era o 45º PIB do mundo e, 21 anos depois, pulou para a 10ª posição.

         Fiz este breve preâmbulo para falar que, na vida, colhemos o que plantamos. Agora, um neto de Roberto Campos, o também economista Roberto Campos Neto, foi indicado nesta quinta-feira, 15, para a presidência do Banco Central no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro. Roberto Campos Neto tem extensa experiência na área financeira, e é pós-graduado em economia pela Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ele deixa a diretoria do Banco Santander, onde ingressou em 2000. Dir-se-ia que Roberto Campos (o avô, falecido em 2001), vê o coroamento do seu trabalho feito em meados do século passado, através da ação que será feita por seu neto. Este terá a missão de tornar independente o Banco Central do Brasil, a exemplo dos Bancos Centrais dos países mais ricos e desenvolvidos  do mundo.

         Uma segunda reflexão. Quais frutos que serão colhidos – no futuro – dos 13 anos dos  governos Lula–Dilma? O legado das gestões petistas passa muito mais por escândalos de corrupção — como o Mensalão, o Petrolão e a Lava Jato — bem como pela deterioração da economia do País, que resultou em mais de 14 milhões de desempregados. Passa por obras inacabadas (Transnordestina, transposição do Rio São Francisco, dentre outras) que estão aí para atestar a incompetência dos governos petistas.  Estes quebraram megaempresas como a Petrobrás e a Eletrobras. O que foi bom para o PT, foi ruim para o Brasil. O esquema criminoso que floresceu durante o lulopetismo é sem dúvida um dos principais responsáveis pela débâcle do sistema político brasileiro. Deu no que deu. As principais lideranças das quatro administrações petistas foram presas, processadas e condenadas.

               Aparecerá, no futuro,  algum filho ou neto de líderes petistas para dar continuidade a algo criado pelo lulopetismo? Eis a pergunta que não quer calar.

Um comentário:

  1. Prezado Armando - O seu texto é de uma razoabilidade extraordinária. Desafio que há três décadas futuras exista uma só instituição digna e honrada criada por Lula e Dilma. Duvido também que um descendente deles tenha formação moral digna de ser admirado. Malandro gera malando, e, os caminhos dos filhos devem ser os mesmos dos pais. Prestar contas com a justiça.

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