Somente
após a investigação será possível descobrir quais as causas do incêndio
e ter noção do prejuízo causado à fauna e à flora do Parque Estadual do
Sítio Fundão, unidade de conservação (UC) do Município
O
que sobrou no Sítio Fundão, localizado na zona urbana do Crato, após o
incêndio do último sábado, cujas causas ainda estão sendo investigadas
Foto: Antonio Rodrigues
Construído
em 1904 com engrenagem feita de madeira e tratamento artesanal, o
"engenho de pau" localizado no Parque Estadual do Sítio Fundão era
movido por tração animal. O equipamento funcionou até 1944, quando houve
o declínio da produção de rapadura no Crato. Exemplar único na região
do Cariri e tombado em 2013 pela Secretaria de Cultura do Estado, a
estrutura se viu consumida pelas chamas do incêndio que queimou
aproximadamente 10 hectares da Unidade de Conservação na tarde do último
sábado (3).
Numa
ação rápida do Corpo de Bombeiros e voluntários da ONG, Aquasis, da APA
Chapada do Araripe e da União Protetora dos Animais e Meio Ambiente
(UPAMA), cerca de 30 homens combateram o fogo que começou por volta das
13h30 e foi controlado às 20h. No entanto, a perda foi visível. Do Rio
Batateira até o engenho, um rastro de destruição ainda incalculável. Por
pouco, não foi pior, já que as chamas ficaram a poucos metros da Casa
de Visitantes, local também tombado pela Secretaria de Cultura do
Estado.
Segundo
a diretora do Parque Estadual Sítio Fundão, Rose Feitosa, a perícia
ambiental será acionada para descobrir as causas do incêndio e ter noção
do prejuízo causado na fauna e flora. "Vamos ver o que é possível fazer
para a recuperação e aproveitar o período chuvoso", garante. Por
enquanto, a trilha que dá acesso ao engenho e ao Rio Batateira, maior da
unidade, está interditada, pois muitas árvores pegaram fogo e correm
risco de cair. "A ideia não é afastar a população. A gente vai tentar
reaproximar e saber a importância daquele lugar".
No
caso do engenho, o fogo consumiu quase toda sua estrutura que era
predominantemente de madeira. Restou parte do piso e tração em ferro
fundido. Há alguns anos, o telhado já tinha cedido. Recentemente, a
direção da Unidade procurou apoio da Universidade Regional do Cariri
(Urca) para fazer um levantamento histórico da área para criar um
projeto de contenção. O estudo já tinha sido enviado para o Departamento
de Arquitetura e Engenharia (DAE).
"Revolta
e tristeza profunda", classifica o radialista Ed Alencar, neto de
Jeferson Franca de Alencar, responsável por preservar o Sítio Fundão até
sua morte, em 1986. Depois de saber do incêndio, Ed foi ver de perto a
destruição do local onde viveu ainda criança, quando foi criado por seus
avós. "Conhecia essas belezas de perto".
Caatinga e Cerrado
No
Parque Estadual do Sítio Fundão, a flora nativa representa os biomas
Caatinga e Cerrado, além de conter uma diversidade de animais
silvestres. Alguns são mais comuns como saguis, cobras e pássaros, mas
raramente alguns veados, tatus e até tamanduás foram vistos por lá.
O homem teima e destruir a natureza. Será que destruindo a natureza está acabando com a própria vida?
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