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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 2 de abril de 2013

Fazenda Serra Verde - Por Antonio Morais


Fazenda Serra Verde ou Fazenda Boris como era conhecida pras nossas bandas era uma grande área de terra encravada nos municípios de Crato, Juazeiro, Caririaçu, Grangeiro, Farias Brito e Várzea-Alegre. Pertencia a família Boris, oriunda da França. A parte localizada em Várzea-Alegre era fiscalizada por Raimundo Juca de Brito, o conhecido Mundoca Jucá. Seu Mundoca era austero, severo, abusado, com ele não tinha moleza, escreveu não leu o pau comeu, a volta era crua.

Um casal morador da fazenda escolheu o primogênito para afilhado de seu Mundoca. O menino estava com uns dez anos sem nunca ter cortado o cabelo por promessa da mãe com São Francisco do Canindé. A família aguardava o momento certo para ir ao Canindé levar os cachos de cabelos do filho.

Um belo dia, seu Mundoca saiu por aquelas bandas e de passagem pela casa dos compadres o afilhado lhe foi apresentado: A bença padim? Bença o que rapaz, isso é cabelo de homem, venha cá. O menino se aproximou, seu Mundoca tirou uma peixeira da cintura, cortou os cabelos do afilhado pelo tronco e jogou no monturo.

O pai e a mãe do menino vendo aquele sacrilégio disseram: compadre Mundoca tem umas fiotezas engraçadas. O que o medo não é capaz, no outro dia a mulher juntou os “terém” e o casal arribou da Serra Verde.

7 comentários:

  1. Prezada Claude.

    Diferentemente da "otoridade do Mundoca, vemos a sua formação humilde, singela e leal as origens de uma familia cujos principios se basearam em Hubert Bloc e Janine, figuras impares que exemplaram todos que tiveram a honra de serem seus amigos. Eu fui um deles, graças a Deus.

    Te admiro muito. Voce é uma iluminada. Deus sabe o que faz. Voce merece ter essa legião de amigos. Parabens. O Blog do Sanharol, agradece pela virtude de lhe ter sempre presente. Muito obrigado.

    A. Morais

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  2. Morais,

    Gostei muito de dar este passeio pelo passado. Essa história que você conta aqui é fato. E também é fato que Chico Jucá fez o mesmo serviço com a mulher e com a filha Lindalva (minha afilhada) depois de tomar umas cachaças.

    Os Jucás podiam ser mansos na vida do dia a dia, mas que ninguém ousasse tocar em nenhum deles que os outros corriam em cima. Pena mesmo foi a vida deles ter sido marcada por tragédias.

    Como você diz, papai conseguiu conviver bem com essa gente valente com exemplos de honradez e simplicidade, pois ele (meu pai) nunca se achou melhor que ninguém pelo fato de ter vindo do exterior. A Guerra também ensina a humildade.

    Agradeço a você pelas palavras de amizade e pela oportunidade que me proporciona através do Sanharol de ampliar os laços afetivos com essa gente boa que colabora com o BLOG.

    Também eu admiro você e sua habilidade em saber lidar com todos, mantendo no Sanharol a harmonia necessária para a boa convivência...

    Estar aqui presente e agora mais que nunca, é uma alegria e um prazer. Eu que tenho que agradecer.

    Abraço,

    Claude

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  3. Excelente história lembrando as proezas do lendário Mundoca Jucá na Serra Boris...
    Abraçoss

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  4. Morais,

    Sempre encontro historias interessantes como esta de Mundoca Jucá, aqui no Sanharol.
    Vi tudo isso de perto e sei do mêdo que se instalava na Serra Verde se existia algum assunto que precisasse da intervenção de Mundoca. Figura ligeira no seu cavalo arisco, um par de botas surradas das andanças pelas matas, verdadeiro guardião dos direitos do lugar. Alto, sempre vestindo Cake, camisas de mangas arregaçadas,esporas e chicote a postos para atiçar seu cavalo. Tinha olhos pequenos de águia e não jogava conversa fora. Era respeitado diante da sua pessoa honesta e da sua valentia. Que ninguem o quissese ver botando fogo pelas ventas.
    Imagine que meu irmão Ricardo teve a coragem de namorar sua filha e quase foi genro de Mundoca, mais os estudos o levou pras bandas do Recife. Escapou de ter também os cabelos cotados com punho de faca.
    KKKKKKKK......
    A prosa ta boa mais vou ficando por aqui, já ocupei demais o espaço.
    Desculpe a invasão, mas é que historias da Serra Verde sempre me despertam lembranças.

    Abraço a todos do Sanharol

    Feliz Ano Novo !

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  5. A muitos anos,sei lá quando, meu pai foi tentar receber um empréstimo do BB no Juazeiro. O dinheiro não saiu e ele sem dinheiro prá voltar, resolveu vir por dentro, como diz o dito popular. Chegou na casa de Seu Mundoca !a tardenha, contou a história ao mesmo e como era inteligente, disse a Seu Mundoca que era primo de André Costa, pois sabia que os dois eram muito amigos. O mesmo ordenou que um dos seus auxiliares acompanhasse meu pai ao Riacho Fundo e se meu pai estivesse mentindo o levasse de volta. Mas chegando na casa de André Costa, ele foi muito bem recebido, ganhou até roupa, poes tinha levado chuva, pois a grande za dequele povo, a consideração era tanta, que só Deus pode pagar a André e S. Santinha, filhos e filhas.Só contei também, S. Claude, por ser um caso passado, verídico e do conhecimento de todos. Abraços.

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  6. Cluade, Dr. Flavio Cavalcante, Geovane.

    Obrigado pelos comentarios.

    Pezada Edilma.

    Obrigado pela visita e pelo comentario.

    O Ricardo era corajoso, tinha coragem de mamar numa onça. hahaha

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  7. Sou um adimirador das prosas referentes a seu Mundoca.Hoje moro na serra dos cavalos,também chamada de Boris.Seu Mundoca era o gerente.

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