À Sophia Fernandes - Ser Nordestino - Por Renata Bitu.

Não posso dizer que estive e estou indignada com certas coisas escritas a nós nordestinos porque na realidade não estou, deve-se ouvir e refletir sobre coisas que sejam escritas para nosso crescimento de alma, merda(com licença da palavra) soou muita bem da sua boca, pois se mostra realmente quem és. O nordestino é valente, as mesquinharias brasileiras não os abalam mais, porque sabemos quem somos.E escrever sobre o que não se conhece é coisa de pouca ou nenhuma graça, por isso Sofia, você não deve ter recebido nenhuma carta de desconhecidos assim como a Sofia de Justein Gaarden, mas deve ter tido algumas respostas coerentes e sábias como o povo do meu nordeste.

É uma pena você não fazer jus ao nome que tens, “sabedoria” é algo que deu pra perceber não carregas em si.

Querida, tenho quase certeza que não sabes que o nordeste possui nove estados unidos, distintos culturalmente, cultura essa, diversificada e abrangente, que enriquece o cenário nacional. Mas nós a entendemos, você precisava aparecer de alguma forma e como ninguém atira pedra em laranja podre, você escolheu a classe mais feliz do meu Brasil, é isso que quem tem apenas um rostinho bonitinho anda fazendo pra ser percebido nas redes sociais, escrever MERDA pra aparecer isso todo mundo faz, cangalha todo mundo é capaz de usar, se seu objetivo era esse, parabéns você conseguiu, é uma pena que agora você irá ter que conhecer o que é nordeste, através das palavras daqueles que o fazem.

Tenho a desconfiança de não lera as obras de José de Alencar, ele é nordestino, assim como João Cabral de Melo Neto. Saiba que na sua idade Rachel de Queiroz escrevia o quinze, uma de suas maiores obras literárias, escrita a luz de um lampião na seca de 1915, imagine ela na era da internet, talvez ganhasse de você.

Espero que nunca tenhas dado uma só risada no filme O alto da compadecida, pois quem escreveu o mesmo foi um pernambucano.

Você conhece o significado da palavra xenofobia, não, não procure-o no melhor dicionário do país, pois Aurélio Buarque de Holanda, aquele que o fez é nordestino, e isso seria uma desonra pra você.

Não dance axé, frevo, nem arraste o pé nos vários tipos de forró, são danças do nordeste.

Não sei se sabes, mas foi através do território nordestino que o Brasil nasceu, e você certamente nasceu de uma ilusória superioridade herdada dos brancos europeus, que ainda parecem não ter aprendido que preconceito nasce de comentários maldosos e  piadas sem graça, seja religioso, econômico, político, qualquer tipo de preconceito é visão destorcida de gente desinformada.

Prosperidade é um modo de viver e pensar, e não apenas de dinheiro ou coisa.

Não continuarei falando sobre o nordeste, nem que somos bons,sabemos das nossas riquezas absurdas, que o brasileiro ainda não se  permitiu aceitar, não falarei mais do nordeste porque pouco seria a caneta e o papel, e talvez você o conhecendo de verdade queira torna-se nordestina, e nordestinos não se tornam, nordestinos nascem.

Somos cabras da peste, mulheres machas sim senhora, não usamos sempre sandália e chapéus de couro, mas nos orgulhamos de quem usa, não andamos mais de jumento e nem comemos só rapadura, mas rimos até quando a vida é dura.

Mudaram-se muitas coisas, mas seremos sempre peregrino, retirantes, caiçaras, sertanejos e nordestinos, seremos sempre o lado melhor e mais verdadeiro do meu, digo do nosso, país.

Se por um acaso a essa altura do campeonato tiveres arrependida pela MERDA que você deixou que despejasse do vaso sanitário que você chama de cabeça, não clame ao meu padim padre Cicero, ele era nordestino.

Pra terminar, não escrevo pra você, pois como disse suas poucas e burras palavras não me abalaram, escrevo para o povo brasileiro que sabe que Brasil não seria Brasil, sem o Tcher do Gaúcho, o uai do mineiro, o chiado do carioca, o ô meu do paulista, entre outros, e muito menos sem o oxente, que como diria Ariano Suassuna, não trocamos pelo ok de ninguém.

Termino citando-lhes as sábias palavras de Luiz Fernando Veríssimo: “ Sonho é comer um churrasco preparado por gaúchos, numa praia do nordeste, com mulheres e homens mineiro, organizado por paulistas e animado por cariocas.

Nordestina de coração...Renata Bitu