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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 11 de julho de 2017

Coisas da República

1 - O Brasil voltará a sorrir
Fonte: ISTOÉ
Imagem de felicidade que sempre esteve associada ao brasileiro contrasta com a apatia e desencanto do momento atual, em que o País se sente órfão de lideranças. Como essa inevitável travessia pode construir uma nação melhor. Houve um tempo, não muito distante, em que o brasileiro era conhecido pela alegria e pelo otimismo, apesar das adversidades. O Carnaval, o futebol, as belezas naturais, ainda que formassem um clichê até certo ponto irreal do País, eram motivos suficientes para manter a autoestima nacional nas alturas. A imagem de um povo feliz e irreverente, no entanto, ficou para trás.

Se em 2002 84% dos brasileiros afirmavam sentir mais orgulho do que vergonha do país, hoje os ufanistas são apenas 50% da população. Uma pesquisa recente do Instituto Datafolha revela que 47%, quase a metade dos brasileiros, têm mais vergonha do que orgulho do Brasil. A escalada da corrupção, da violência e a crise política e econômica deixam a “luz no fim do túnel” cada vez mais fora do campo de visão. Pouco mais de um ano antes das eleições presidenciais de 2018, os brasileiros se sentem órfãos de lideranças — um sintoma de que ainda estamos longe de recuperar a confiança de tempos atrás. Se há uma boa notícia nesse cenário sombrio, é que ele tem tudo para ser passageiro. Seu desfecho inevitável será uma nação mais justa e menos corrupta — e certamente mais feliz, como nos velhos tempos.

A onda de descrença nos políticos avança desde 2005, com a revelação do escândalo do Mensalão, e se acentuou em 2014, com o início da operação Lava Jato. O esquema de corrupção, lavagem e desvio de dinheiro para campanhas eleitorais envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos pode chegar ao valor estratosférico de R$ 42 bilhões, ao mesmo tempo em que a oferta de serviços públicos, como segurança, saúde e educação, que constitucionalmente cabem ao Estado, beira o caos. Fora de controle, a violência no Brasil mata mais que a guerra na Síria.

No ranking global da felicidade, divulgado pelas Nações Unidas em março, o Brasil caiu cinco posições e passou para o 22º lugar. A queda foi a segunda consecutiva: no período de 2013 a 2015, o País passou de 16º para 17º. Até o Carnaval do Rio de Janeiro, símbolo máximo da alegria nacional no exterior, esteve ameaçado: a liga das escolas de samba suspendeu os desfiles de 2018 assim que o prefeito Marcelo Crivella reduzir pela metade a verba para a entidade. Depois de muita discussão, as escolas irão para a avenida, dessa vez sem a costumeira euforia.
Os cortes nos orçamentos de municípios, estados e governo federal são resultado direto da queda na arrecadação, após mais de três anos de recessão na economia. Essa é a face da crise que mais impacta na falta de perspectiva da população brasileira.

2 - Não dá para levar Renan Calheiros a sério... mesmo quando ele tem razão  (por Simon Widman)

Com relação à entrevista com Renan Calheiros, quem acompanha a política com um mínimo de isenção e senso crítico sabe que ele age sempre de acordo com seus interesses pessoais. Se recebesse do governo Temer verbas e cargos, defenderia a sua legitimidade com a mesma veemência com que hoje se apresenta como seu crítico mais corrosivo. Não dá para levar a sério suas afirmações, mesmo quando são corretas.

(Publicado em Folha de S.Paulo, 11-07-2017)


2 comentários:

  1. Não dá para levar a imprensa a sério. Hoje trabalha para derrubar Temer, mesmo sabendo que o seu substituto eventual Rodrigo Maia cometeu os mesmos crimes e será o próximo a ser trabalhado para ser derrubado também.

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  2. Parece até que programaram o caos para nosso País.
    Em um exercício poderemos ter 3 (três) presidentes da república. Nem a Bolívia chegou a este estágio.
    Pobre Brasil.

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