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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 16 de maio de 2022

VISÃO SOCRÁTICA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Sócrates, pai da filosofia ocidental, pensava o seguinte: "Entre os mais felizes, estão os que carecem de menos coisas".

Eu sempre fui socrático e não sabia.

Sinceramente, certas pessoas deveriam ter vergonha de ostentar o absurdo de patrimônio que possuem, quando muitos não têm onde cair vivos.

Internalizei que essa desigualdade é que traz tanta miséria ao Mundo.

Socraticamente, sempre achei, e acho, que o ideal é ter, de preferência, um emprego, pegar, ao final de cada mês, um dinheirinho que pague as contas e os nossos pequenos prazeres.

Quando constituí família, sempre, carreguei na carteira uma listinha de compromissos mensais, cumpridos rigorosamente.

Iniciativa para  empreendedorismo nunca fez parte da minha agenda

Ainda aguentei (não sei como) ser dono de uma equipe esportiva de rádio.

A preocupação com a responsabilidade de pagar salários, a pesada carga de impostos, as obrigações sociais, todo final de mês, e o vai e vem da publicidade, me fizeram entender que a empreitada de ser patrão não era negócio para mim.

O bar, que mantive durante um ano, foi uma iniciativa que visou apenas reunir amigos.

Dei um basta nessas iniciativas, em nome de mais sossego na vida.

O pequeno patrimônio material adquirido já distribuí entre os filhos.

Pensei: um lugar para não dormir na chuva, um carro usado para circular e o dinheirinho para a ração é tudo que preciso para viver.

Adicionando-se a isso manter a família por perto.

Mais socrático, impossível.

3 comentários:

  1. Decisão sensata, distribuir entre os filhos em vida. Parabéns.

    Diferentemente um fazendeiro abastado do Crato, senhor de engenho muito rico tinha dois filhos já na idade adulta. O velho permitia que os filhos fizessem parte da administração de seus negócios, mas, nada de abrir mão de seu patrimônio. Um compadre o visitou e lhe falou : Você já está com idade avançada, já não dá conta de administrar seus bens. Porque não transfere para os seus filhos, já que a eles pertencem?

    O velho respondeu : De jeito nenhum. É deles, não tenho duvidas, mas só tomarão posse depois de minha morte.

    Porque razão? O que lhe leva a ter essa decisão um tanto quanto egoísta?

    O velho respondeu : Quando eu era garoto peguei dois bruguelos de "Cabeça vermelho" e coloquei numa gaiola. Os velhos, pai e mãe, vinha trazer água e comida diariamente.

    Quando os bruguelos estavam na idade adulta eu troquei, prendi os velhos e soltei os filhotes. Os novos foram embora e os velhos morreram de sede e fome.



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  2. excelente reação, amigo.

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  3. Julgo que o desinteresse por vaidade é bom, mas considero que o empreendedorismo, a criação de tecnologia e a poupança interna são essenciais para o crescimento de um país, tanto economicamente como do ponto de vista sócio-cultural.

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