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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

MUNDO COMPLEXO - Por Antônio Gonçalo de Souza


Antonio Gonçalo de Souza é escritor historiador e analista de crédito do BNB em Fortaleza.

O mundo é muito complexo e nunca ideal para o bicho homem. Gosto muito de história e isso me ajuda a tentar compreender a complexidade da terra.  Chego a pensar que o melhor seria se o homem não tivesse alcançado o nível de desenvolvimento que atingiu. Antes, o homem vivia numa sociedade mais igual, sobrevivendo basicamente da caça, da pesca, colheita e mel silvestre. Nesse período tudo era compartilhado.

Com o desenvolvimento,  lentamente o homem começou a criar uma pirâmide social, de princípio, ainda arcaica, mas nunca mais parou. Veio a revolução industrial e, com ela, o abandono lento e gradual da vida rural. Foi a partir daí que teve início o consumismo. Já li muitos artigos de personalidades importantes que são contra o consumo desenfreado de nossa sociedade contemporânea. Particularmente, gostaria que pudéssemos viver sem degradar os recursos naturais do planeta. Mas, infelizmente, esse parece ser um caminho sem volta.

Com o desenvolvimento da medicina preventiva, a expectativa de vida do homem aumentou consideravelmente. E,  com ela, veio o incremento crescente da população no mundo. Daí, vem a perspectiva da impossibilidade de redução do consumismo, pois, hoje somos impelidos a comprar mais e mais para que sejam criados empregos em todos os tipos de atividades. Temos que consumir  para gerar impostos, os quais manterão, bem ou mal, os países.

Entramos na famosa “roda viva”, e essa engrenagem não pode mais parar. Daí, os resultados são previstos: esgotamento de diversos recursos naturais, desequilíbrio atmosférico e, em algum ponto do futuro, o colapso virá com o que alguns religiosos chamam de “o fim do mundo”.

O impressionante de tudo isso é que os autores da bíblia já previam o fenômeno na época em que ela foi escrita. Poderá haver um colapso bem parecido com a previsão dos profetas, uma vez que dispomos agora de artefatos atômicos e capacidade de produzi-los em quantidade suficiente para acabar com a terra, literalmente, com fogo.

Fala-se muito no problema do esgotamento do petróleo como fator de desequilíbrio na convivência entre as nações. Temos também o gravíssimo problema da falta de água, tanto a potável como a destinada à indústria e a produção de alimentos. Mas, se analisarmos melhor os fatos,  veremos que o problema  do sistema político-econômico do mundo será bem menor do que esses que aí falamos, pois, no futuro, mesmo que todos cheguemos a possuir as mesmas condições econômico-financeiras, não adiantará muito, já que, primeiramente, teremos que ter a capacidade de suprir as necessidades básicas das pessoas.

Basta imaginarmos que há 45 anos o Brasil possuía 90 milhões de pessoas e hoje somos 200 milhões de habitantes. Nesse curto período já quase triplicamos nossa população. Mesmo com a taxa de natalidade atual, a perspectiva é que dobraremos novamente a população nos próximos 40 anos. Aí fica difícil acreditar que tudo será mais fácil. A nossa produção agropecuária terá que dobrar, aliás, se pensarmos bem, praticamente tudo terá que ser produzido em dobro.

Diante dos fatos, já é possível antevermos o caos, pois fazendo uma comparação de como eram as cidades do nosso interior nordestino na década de 1970, veremos hoje no que se tornaram aqueles pequenos centros urbanos. Claro que nossas gerações não alcançarão em 100% isso que se prevê agora, mas ainda veremos muitas mudanças. E nossos filhos e netos certamente verão o que muitos nem imaginam. O assunto é polêmico e, diante desse mundo complexo, só nos resta procurar a cada dia ter uma forma de vida menos agressiva em se tratando de consumo. É difícil, sabemos todos. Que Deus nos abençoe.

4 comentários:

  1. O texto acima foi construído com o auxílio de mensagens remetidas por Sebastião Moisés do Nascimento, amigo e ex-colega do antigo Colégio Agrícola de Crato, atual Escola Agrotécnica Federal, concludente da turma de 1977.

    Antonio Gonçalo de Sousa é escritor, historiador e analista de credito do BNB Fortaleza- Ceará.

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  2. Meu pai é top...me orgulho demais.

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  3. Parabéns pela análise tão bem formulada e analisada de nossa sociedade de princípios e prioridades tantas vezes futeis. Cleber Fujii Gonçalo Araripe.

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  4. Parabéns pela iniciativa, temas como este é que deveriam predominar nas redes sociais, para estimular uma corrente de consumo mínimo, de preferência com as crianças...

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