A cabocla, se zangou!
Tirá-me a honra? Eu num sô
De se abrir qui nem cancela!
Me arrespeite, seu canaia!
Tô vrige cuma nasci,
Entre as perna, a honra, eu vi
No ispei, pro baxo da saia!
Mas, espere, a sua honra
Acha-se entre as suas pernas?
Deus me dê penas eternas
Se o que propus é desonra!
Olhe, a honra da mulher
É aquilo que lhe dá fama:
Um beijo, em cima da cama,
Toda vez que o homem quer.
Se nascer filhos, criatura,
Ela é a mãe, e ele é o pai;
Crescei e multiplicai!
Manda a Sagrada Escritura.
Honra é amor, beijo, carinho,
Disse o filosofo Khan...
Deite-se nesse divã
E abra as pernas, meu benzinho!
O quê? Vancê continua
A me fazer tá preposta?
Teã vregõia, seu bosta,
Pricure mué-da-rua!
Nem carim, nem bêjo, dô-te!
Tu num me vê descuberta,
Deitada, de perna aberta!
Tô doida, não, credo! Voite!
E in cunvelsa de filosa
Essa mué cá num vai!
Bem qui acunseiava, pai:
Fia, coidado, co'us Prosa.
Inverno! A safra dobrou!
Há honra em toda tapera!
"É o sertão das muié séra,
Dos home trabaiador".
Do Livro Doce de Pimenta - Dr, Mozart Cardoso de Alencar.
Dr Mozart Cardoso de Alencar foi uma das maiores culturas do cariri. Um dos grandes poetas. Doce de Pimenta, uma de suas principais obras, o nome já diz: é um misto de humor e alegria muito bem apimentada.
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