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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 17 de maio de 2011

Dr. Leandro Bezerra Monteiro, um brasileiro ilustre -- por Armando Lopes Rafael

Leandro Bezerra Monteiro nasceu na cidade de Crato, no dia 11 de junho de 1826, filho primogênito do Coronel José Geraldo Bezerra de Menezes e de Jerônima Bezerra de Menezes, sendo seu avô o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, de quem herdou o nome. Descendia de uma família que se transportou de Portugal para o Brasil, acompanhando o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, aí fixando residência. Tempos depois, membros dessa família, já nascidos no Brasil, migraram para o Ceará. Aqui, à custa de trabalho e honradez, atributos que sempre caracterizaram o clã, ganharam destaque na vida sócio-econômico-política da terra cearense.

Leandro Bezerra Monteiro começou seus estudos em Crato e, na sequência, frequentou escolas nas cidades de Jardim e Icó, sendo posteriormente aluno do Liceu, em Fortaleza, capital do Ceará. O curso de humanidades, concluiu-o no Colégio das Artes, em Olinda. Em 1847, com vinte anos de idade, iniciou o curso de Ciências Sociais e Jurídicas, na Academia de Direito de Pernambuco, onde recebeu o título de Bacharel, em 1851, com vinte e cinco anos de idade.

O ano 1852 vai encontrá-lo com residência em Sergipe. Aí, em 31 de janeiro, ocorreu o seu casamento com uma parenta, Emerenciana de Siqueira Maciel Bezerra, oriunda de um dos clãs mais importantes da então província de Sergipe del Rey. Durante seis anos, foi magistrado em Sergipe. Atraído pela política, foi eleito vereador e presidente da Câmara de Maruim, sendo eleito, também, deputado provincial (hoje deputado estadual). Em 1860, conseguiu o mandato de deputado geral (hoje deputado federal).

Em 1863, já com residência na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, seu mandato de deputado geral terminou com a dissolução da Câmara, como era prática no sistema parlamentarista, que vigorava, àquela época, no Brasil. Sem mandato, o Dr. Leandro mudou-se com a família para a cidade de Paraíba do Sul, na província do Rio de Janeiro, onde fundou a Casa de Caridade e o Asilo Nossa Senhora da Piedade, destinados ao tratamento de doentes e à educação gratuita de crianças pobres. Graças a esses serviços, foi vereador por doze anos, oito dos quais como presidente da Câmara Municipal de Paraíba do Sul.

Em 1872, foi novamente eleito deputado geral pela província de Sergipe. Foi nessa legislatura que o Dr. Leandro Bezerra Monteiro ganhou fama nacional, devido ao episódio que passou à história do Brasil, como a “Questão Religiosa”.

Os vários pronunciamentos feitos na Câmara pelo deputado Leandro Bezerra Monteiro, em defesa dos bispos Dom Vital e Dom Macedo Costa, constituiram-se em peças oratórias de grande coragem. Ninguém o excedeu, neste mister, naqueles momentos difíceis para a Igreja Católica no Brasil. Seus discursos tinham grande repercussão em todo o Brasil e até no exterior. Em Portugal, o Padre Senna Freitas, conhecido literato e polemista, publicou um livro, “Escritos Católicos de Ontem”, no qual, com grande entusiasmo, reproduziu e comentou um discurso proferido por Leandro Bezerra Monteiro, em defesa dos bispos.

Desgostoso com a indiferença do povo de Sergipe em relação à “Questão Religiosa”, Dr. Leandro Bezerra Monteiro apresentou-se, novamente em 1877, como candidato a novo mandato de deputado geral, mas agora pelo seu Estado natal, o Ceará. Eleito, voltou à Câmara de Deputados, mas seu mandato foi interrompido, em 1878, devido à ascensão do Partido Liberal. A partir daí, não mais conseguiu novos mandatos. Afastado da política, o golpe militar, que derrubou a monarquia e instaurou a forma de governo republicana, em 1889, veio encontrá-lo como advogado e empresário rural, em Paraíba do Sul. No entanto, manteve-se fiel ao seu ideal monárquico, ao tempo que via, decepcionado, antigos companheiros aderirem ao novo regime implantado pelo Marechal Deodoro.

Depois disso, mudou-se com a família para um subúrbio de Niterói – o Fonseca – onde viveu os últimos anos de vida ensinando catecismo às crianças que se preparavam para a primeira comunhão. Faleceu em 15 de novembro de 1911. Conforme escreveu o Barão de Studart, no livro “Dicionário Biobibliográfico Cearense”, Volume II, publicado em 1913: “O enterro do Dr. Leandro Bezerra Monteiro foi uma procissão, abalando uma multidão enorme e para mais de 200 crianças – meninos e meninas – que o amavam de coração”.

Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

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