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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 15 de julho de 2011

SEXTA DE TEXTOS - Sávio Pinheiro

A TELEVISÃO

Personagens:

1. Educador
2. Político
3. Intelectual
4. Empresário
5. Religioso
6. Cidadão Comum

Educador:

Estamos apresentando
Uma peça teatral
Pra demonstrar a vocês
De maneira natural
Como é que se comporta
A tevê nacional.

Olhando-se a importância
De uma boa informação
E temendo acreditar
Na má comunicação
Desejamos demonstrar
Como é a televisão.

Peço ao nobre deputado,
Que aproveite este momento
Para dizer as pessoas,
Abrilhantando o evento,
Pois agindo desta forma
Trará mais contentamento.

Político:

Eu me chamo Adamastor,
Deputado estadual,
E afirmo que a nossa mídia
Tem o modelo ideal,
Pois para educar o povo
Ela tem de ser global.

Para falar à nação
Temos grande competência,
Pra mostrar o nosso trabalho
Precisamos de audiência,
Daí precisarmos sempre
Comprar esta consciência.

Intelectual:

Não concordo com você
Em pensar desta maneira.
O deputado não deve,
De maneira interesseira,
Mudar a mente do povo
De forma tão traiçoeira.

Eu, um intelectual,
Não posso assim me calar.
Deixar a mídia crescer
E a todos manipular
É ferir os nossos direitos
De forma não salutar.

Empresário:

Eu, como grande empresário,
Desta gigante nação
Vislumbro sempre a ideia,
Que deve a televisão
Oferecer para o público
Uma picante lição.

Se o povo estiver ligado
E o comercial perfeito,
O consumo será grande
E o pedido será feito,
O operário gastará
Sem o menor preconceito.

Religioso:

Eu, como pastor de almas,
Fico impressionado
Com tantas cenas nocivas,
Que a tevê tem mostrado,
Só vendo sexo, luxúria
E um povo violentado.

Não quero ver na tevê
Os podres da burguesia
E assistir ao desperdício
De tempo, que tirania!
Quero ver todos os homens
Na mais completa harmonia.

Cidadão Comum:

Eu não entendo vocês
Com tamanha discussão,
Sendo um cidadão comum
Vejo com bom coração
As novelas e os programas,
Que traz a televisão.

Sei que o rádio e a tevê
A nossa história, acrescenta.
Porém, não desejo crer,
Que o diretor sempre aumenta,
Que manipula as pessoas
Com atitude violenta.

Educador:

Você está equivocado,
Meu distinto companheiro.
A informação é montada,
Por completo e por inteiro,
Servindo aos interesses
Do ricaço brasileiro.

Empresário:

Você acusa o empresário
Porque não quer ter patrão.
Para o bom entendedor
Isto é discriminação,
Mas pra vender o meu produto
Busco a televisão.

Intelectual:

Uso a literatura
Para educar nossa gente,
Fazer crescer o país,
Torná-lo mais consciente,
Todavia o que eu assisto
Na tevê não é decente.

Religioso:

São programas sem cultura,
Sem um enredo concreto.
Não se vê mais sinfonia
Nem seu ballet predileto
E se a trama tem bom gosto
É em horário discreto.

Político:

Sei que temos de mudar
A má comunicação.
Porém, a minha bancada,
Pensando na eleição,
Está longe de alterar
Nossa constituição.

Cidadão Comum:

Minha mente está confusa,
Não consigo acreditar;
Se no padre, no prefeito
Ou no escritor do lugar;
A televisão só mostra
O que ela quer mostrar.

Educador:

Precisamos convencer
O povo, neste momento;
Deputados, senadores,
Reunir quem tem talento;
Ter na comunicação
Uma mudança, a contento.

Empresário:

Não vejo necessidade
De tal preocupação.
Você, nobre educador,
Não compreende a razão;
Deixe o povo acreditar
Que a tevê é diversão.

Intelectual:

Eu estudo pra saber,
Aprendo para ensinar,
Escrevo pra resolver
E o povo, valorizar;
A tevê é necessária
Para, o país, educar.

Religioso:

O escritor tem razão
Expondo o seu sentimento...
Na minha igreja, eu defendo
Este bravo pensamento,
Pois a informação correta
No Brasil, se esvai no vento.

Político:

Vamos pensar num acordo
Que represente a nação,
Educar o nosso povo
Dando-lhe educação,
Pois com a mente preparada
Será outra a opção.

Cidadão Comum:

Eu represento este povo
Humilde da minha terra,
Levanto a minha bandeira,
Onde o meu punho se encerra
Para elevar a cultura
Da nação, eu faço guerra.

Todos:

Somos todos brasileiros
Tão carentes do “querer”;
Juntemos, então, as forças
Pra o futuro acontecer,
Pois com tanto monopólio
O domínio irá crescer.

Fim.

7 comentários:

  1. Parabens Dr. Savio.

    Vivemos, na verdade, momentos nunca visto na historia. O poder politico alugou os segmentos pensantes da nação com direito até de a propria imprensa divulgar criticas que lhe são atribuidas e não reagir, ficar calada. Mesmo se sabendo que temos um governo podre a ponto de vez por outra cair um pedaço.

    Que falta nos faz um Carlos Lacerda.

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  2. Dr Sávio:
    EU aqui como o Cidadão Comum fico imaginando,hoje se comemora o Dia do Homem,por ser Julho,mês emque o Homem foi à Lua,imagino quantos problemas temos aqui, para festeijar esse Dia ,ou seja todos os dias do ano podemos comemorar o Dia do Homem.

    Sávio:um belo texto na sexta.
    Um abraço.

    Luiz Lisboa.

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  3. Dr. Sávio Pinheiro

    Muito bom o texto em verso sobre a imprensa no Brasil. O povo comum também teve vez em sua história o que não ocorre na realidade, pois mesmo com o avanço da informação, nosso pais ainda está aquém do esperado.
    Mas, a grande imprensa terá que conviver com outros formadores de opinião, hoje está mais difícil dela manipular o povo. Há informações para todos os gostos, isso é democracia, o governo manipula a informação, isso é ditadura!

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  4. Muito bom o seu texto, Dr. Sávio.
    Costumo perguntar aos meus alunos se eles acham que os donos das TVs
    sentam-se para apreciar seus programas...

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  5. Artemisia

    Não sei se foi consciente, mas o Dr Sávio deu uma bela aula sobre como funciona a imprensa.

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  6. Francisco, com certeza há muito de consciência sobre a imprensa brasileira na cabecinha do Dr. Sávio.

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  7. Excelente Poivinha!
    Não estou ainda sufragando, mas eu posso adiantar que o seu texto é um forte candidato para a postagem do mês.
    Você fez na imprensa menor, o que a maior despresa.
    Um grande abraço e o pedido de perdão pelo atraso do comentário.

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