Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 13 de março de 2024

178 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Eu tive o privilégio de ter o melhor professor de português do Crato em todos os tempos, Manuel Batista Vieira, o saudoso Vieirinha.

Você deve se perguntar, e, porque comete tantos crimes de lesa literatura quando se mete a escrever? É fácil explicar.

O meu convívio com uma dúzia de moradores na Fazenda Cacimbinha. Foi mais fácil eu assimilar o populacho da verve deles do que eles aprenderem o erudito do professor Vieira. 

Na década de 80 do século passado eu cheguei na fazenda, num dia de sábado, e, o Pedro Abel, um moreno abarracado, conversador, metido onde não lhe cabia me procurou  para informar que Sá Zefa, a sua esposa estava com um problema sério de saúde.

Eu solicitei que ele preparasse a mulher que nós íamos a Casa de Saúde Nossa Senhora das Dores em  Assaré. Saímos da fazenda, eu  dirigindo o carro, Pedro Abel na carroceria, Dona Zefa e sua filha Imaculada na cabine. 

Chegando na casa de Saúde deixei a paciente sob os cuidados de Dr. Laércio Freitas. Fui visitar o meu parente e amigo Padre Manuel Feitosa, vigário local.

Quando entraram no consultório, a mulher a coisa mais encabulada do mundo, não respondia nada que o Dr. Laércio perguntava. Depois de varias perguntas sem respostas ela disse para o Doutor : Quem sabe minha doença é Pedro. 

Então, Pedro Abel falou : Essa mulher está sofrendo muito, passa a noite toda chorando com uma dor impertinente lá nas partes dela. O negócio está feio, está esbugalhado.
A muito custo  o doutor  conseguiu examinar a paciente e deu uma pomada  para  passar no local da enfermidade.

Quando voltei da casa do padre já haviam sido atendidos e estavam  me esperando. Voltamos para fazendo.  Sá Zefa e Imaculada foram para cozinha conversar com a mulher do caseiro, e, eu e o Pedro ficamos na alpendrada da casa. Perguntei : Como foi a consulta? Pedro respondeu, o Doutor falou que é uma tal de "morroida". 

Mas, eu nunca vi Doutor tão bom, não cobrou a consulta e ainda deu a pomada de passar, hesitou um pouco e lascou : No... no... no... e, gritou de onde estava : Ei Imaculada como foi o apelido que o Doutor botou no "fundo" de tua mãe?

2 comentários:

  1. Para o almoço foi servido um espinhaço de carneiro, buchada e sarapatel com alguns pingos de molho de pimenta malagueta. Sá Zefa comeu até encher a pança. Ficou boa com a fé no Doutor.

    ResponderExcluir
  2. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk eita lasqueira. Mas esta matutada ensina muito. Só quem conhece, sabe como é gostosa esta convivência....

    ResponderExcluir