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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 17 de abril de 2024

218 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


O grandioso Engenho Tupinambá  - FONTE: IPHAN. 

Como a cidade de Barbalha preserva os seus monumentos históricos. 

Barbalha é guardiã de um dos patrimônios arquitetônicos mais importantes do Ceará, dentre os imóveis que compõe esse acervo, um dos mais destacados é o Engenho Tupinambá. Situado próximo ao Rio Salamanca, o imóvel possui uma arquitetura incomum para a cultura canavieira do Cariri, que comunga Casa Grande e Engenho, quando o tradicional seria ambos separados, mas ainda assim próximos.

Tantas particularidades fazem do Tupinambá o senhor dos engenhos do Cariri, ao ponto de J. de Figueiredo Filho dedicar um capítulo inteiro de sua obra “Engenhos de Rapadura do Cariri” exclusivamente ao supracitado, tendo chegado a rivalizar com o Lagoa Encantada em adiantamento tecnológico, possuindo capacidade produtiva sempre considerável. No final das contas, até os mais modernos engenhos sucumbiram ao advento da indústria sucroalcooleira.

A história do Tupinambá começa em 1844, quando o comerciante Antônio Manoel de Sampaio compra uma propriedade no Sitio Barreiras, de propriedade da família Filgueiras, que após envolvimento nas convulsões políticas da região, amargava finanças ruins. Nesta propriedade existia um pequeno engenho com casa de caldeira e moenda, e mais seis tarefas de cana, todavia, os planos de Sampaio eram maiores, e assim ele passou a adquirir propriedades vizinhas, que juntas a herança recebida pela sua esposa, Antônia Porcina do Amor Divino, formaram uma enorme propriedade, que o mesmo denominou Tupinambá, e ali edificou o engenho colossal, vide registros de 1855.

O Tupinambá foi dos primeiros engenhos dotados de máquinas a vapor no Cariri. A fortuna de Antônio Manoel de Sampaio se explica pelas suas aplicações comerciais na Casa Sampaio, e na diversificação promovida com os investimentos na cultura canavieira, possuindo nome nas praças da capital e do Recife. Ao falecer em outubro de 1870 deixou uma fortuna de 212 contos de réis, que para um homem de 56 anos era uma bagatela impressionante, talvez a maior fortuna da região no período. Também era de sua propriedade o casarão onde hoje está localizada a Secretária de Cultura de Barbalha, que infelizmente não conserva o esplendor de outrora, sendo este um tópico a parte que irei tratar em outro artigo.

Somente em 1891, com a falecimento da viúva, é que o espólio foi repartido integralmente, e é a partir deste momento que se inicia a maior presença de Antônio de Sá Barreto Sampaio, sobrinho e genro do fundador do Tupinambá. Com o passar dos anos o mesmo foi adquirindo as participações do cunhados e cunhadas nos antigos negócios do tio, até se tornar majoritário e em alguns casos, como no do Tupinambá, único dono. É sob o comando de Antônio de Sá Barreto Sampaio que surge a figura de José Pereira Pinto Callou, apelidado de Zé Major, parente seu que iria administrar o engenho por longos anos, a partir de 1899-1900, se estendendo até 1945, e seria marcante na história mais recente do empreendimento.

Continua na próxima postagem.

Um comentário:

  1. Serão três postagem ricas de informações da história canavieira da região. Acompanhe. A recuperação e preservação do patrimônio histórico faz de Barbalha a diferença.

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