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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Saudade é o amor que fica. - Postagem do Antônio Morais.


Dr. Rogério Brandão, médico oncologista.

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional  posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional.

Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias.




Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano! Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. — Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores...

Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida! Indaguei: — E o que morte representa para você, minha querida?— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)— É isso mesmo.— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei "entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela. Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei: — E o que saudade significa para você, minha querida?— Saudade é o amor que fica!

116 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.



Os palitos do Crato.

O hábito de usar palito, acredito ter aparecido no correr do tempo pela necessidade do homem em se livrar de restos incômodos. Ainda hoje, quando nos encontramos no meio de um capinzal, vem-nos aquela  vontade compulsiva de pegar um talhinho e esgravatar os dentes.

Por volta dos anos quarenta do século passado,  meus ascendentes que moravam em sítios, usavam após as refeições quebrar uma vara  de marmeleiro, que facheando-se, fornecia-lhes  pequenos felpos aguçados  e fortes para limpar os dentes.

Num estágio mais avançado, lembro-me de ter conhecido cidadãos da sociedade cratense, que eram exímios  fabricantes de palitos e manufaturavam  este utensilio  em situação as mais diversas.  Dentre os mais habilidosos faço referencia  a Pedro Norões, Expedito Bezerra de Brito e Juvêncio Barreto.

O mais reservado deles era Juvêncio Barreto, porém foi quem conseguiu fazer chegar  parte de sua produção  a nossa Capital Federal e para um consumidor muito importante, o presidente da republica  General Ernesto Geisel.

O presidente provou a mercadoria  por intermédio de Humberto Barreto, filho do senhor Juvêncio e também considerado como filho do general. Depois que o pedacinho de madeira  foi aprovado, a demanda ficou constante.

115 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais.


O Crato sempre foi uma cidade muita rica de cultura, esporte e lazer. No futebol da bola pesada se destacou com grandes equipes e grandes craques.

VOTORAN - Campeão 1968.

Da esquerda para direita em pé - Walter Pinheiro Leite, o técnico, Miguel, Cisa, Tito, Zezé e Iranildo.
Na mesma ordem agachados - Reginaldo, Carlos Cruz, Erasmo e Marcos Damasceno.
Mascotes - Sérgio Cruz e Paulinho Barreto.

Só o amor não basta - Artur da Távola.


Aos que não casaram,
Aos que vão casar,
Aos que acabaram de casar,
Aos que pensam em se separar,
Aos que acabaram de se separar.
Aos que pensam em voltar...

Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O AMOR É ÚNICO, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.

A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, A SEDUÇÃO tem que ser ininterrupta...Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança, acabamos por sepultar uma relação que poderia SER ETERNA.

Casaram. Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes, nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, RESPEITO. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência... Amor só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura, para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver BOM HUMOR para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. Amar só é pouco.Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas para pagar.Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar.Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar.

Entre casais que se unem , visando à longevidade do matrimônio, tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um.Tem que haver confiança. Certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar "solamente", não basta.

Entre homens e mulheres que acham que O AMOR É SÓ POESIA, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande, mas não são dois. Tem que saber se aquele amor faz bem ou não, se não fizer bem, não é amor. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta. Um bom Amor aos que já têm! Um bom encontro aos que procuram! E felicidades a todos nós!

114 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais.



Belíssima  imagem localizada no antigo aeroporto na Chapada do Araripe em Crato. Construído em 1953,  tendo sido desativado na década de 1970.

Foi palco de grandes acontecimentos políticos e sociais, como, por exemplo, os desembarques do Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco e a apoteótica chegada de Wanda Lúcia Gomes de Matos Medeiros, Miss Crato, após ser eleita Miss Ceará, em Fortaleza, Foto.


Esse bairrismo entre Crato e Juazeiro vem de longe. Por ocasião da criação do Aeroporto Regional do Cariri, Crato e Barbalho se uniram em defesa da construção do Aeroporto na faixa de terra denominada Santa Rosa, situada, precisamente, na divisa dos municípios.

Em decorrência da impossibilidade da instalação do Aeroporto no local pretendido por essas comunidades, surgiu a alternativa de se fazer na Serra do Araripe ou em qualquer outro lugar, menos em Juazeiro.

Diante do impasse, o Ministério da Aeronáutica designou uma comissão chefiada por um militar graduado, para verificar "in loco", a melhor situação geográfica. Chegando a Serra do Araripe, a comissão optou por Juazeiro.

Antes do retorno da comitiva, o Brigadeiro, chefe da Comissão, sentindo necessidade de urinar, afastou-se um pouco, e adentrou a mata. Nessa ocasião, Jenário Oliveira, juazeirense de fibra, convenientemente, aproximou-se do Brigadeiro para colocar mais uma inconveniência na preferência dos cratenses, advertindo-lhe: Brigadeiro, o Senhor não se afaste muito, não! Por aqui, está cheio de onças!

Não foram as onças que levaram o Aeroporto para Juazeiro, foi a falta de poder político das lideranças do Crato que se apequenam a cada dia que passa. 

113 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Em pé, Leonel, Tiago e Flamínio, sentados Donita, o casal Dr. Josio Araripe e Dona Eneida e Zinia.  Essa relíquia  foi colhida no  último encontro  da  família, em 2003. 

Um empresário do Crato, muito bem sucedido, que não revelo o nome nem sob tortura, resolveu  entrar para a atividade politica.
À época existiam dois partidos políticos, o PDS com três legendas para atender aos aliados  do puder e o PMDB  de oposição.
O empresário procurou Dr. Josio,  presidente do PMDB  e depois  daquela preleção inicial  propôs e fez sua filiação.
Tempos mais tarde,  o empresário procurou  Dr. Josio para  comunicar  a sua decisão de se desfiliar  do partido. 
Alegações - "Fulano é um pai para mim, beltrano é um pai para mim,  sicrano é um pai  para mim", então  eu não posso ser filiado a um partido que faz  oposição a eles.

Dr. Josio pensou um pouco  e  encerrou a conversa dizendo : "Você é um homem de muita sorte, tem muita gente por aí procurando um pai e não encontra, você encontrou logo três".   

112 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Sinceramente eu gostaria que o meu amigo, parente e camarada  Heitor Brito desse uma olhada  nesta postagem e avaliasse a criatividade  "Os Britos"  para alcançarem a fama  mundial.

Raríssima foto "The Beatles" no sitio "Boqueirão", distrito de Dom Quintino, Crato na época em que a banda ainda se chamava "Os Britos". 
Era formada por João de Heleno (Jonh Lennon), Paulo Macário (Paul McCartney), Jorge de Hérilson (George Harrison) e Ringo Está, assim chamado porque, em todo fim de tarde os amigos iam na casa dele convidá-lo para uma pelada no campinho do "Juá" e gritavam: Ringo está?  Como nunca estava, essa pergunta virou apelido. 

As músicas dos "Britos" eram estranhas, esquisitas, cheias de requififes, ninguém entendia bem, por isso eles precisaram se mudar do Crato para a Inglaterra e a partir de lá conquistaram o mundo.
Esse burrinho desocupado era do Antônio Correia Lima, jornalista, historiador e memorialista da Ponta da Serra, guia turístico do grupo à época.

Blog Humor - Advogado morrendo.

O advogado, no leito da morte, pede uma Bíblia e começa a lê-la avidamente. Todos se surpreendem com a conversão daquele homem ateu, e uma pessoa pergunta o motivo. O advogado doente responde:
Estou procurando alguma brecha na lei.


111 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.



Dr. Jósio de Alencar Araripe,   era um homem muito digno, inteligente,  culto, um intelectual completo na expressão da palavra.

Foi vereador no Crato por diversas legislaturas. Elegante, distinto, educado, mas sempre muito, muito sincero e positivo. 
Um dia, estava na tribuna defendendo um projeto de sua autoria, quando um vereador pediu um aparte. 
Aparte concedido o vereador falou: eu "disconcordo"  do seu projeto!
Dr. Josio  respondeu de forma  pausada e quase teatral : E, eu  discordo do seu "disconcordo".

Outra vez, um  vereador estava na tribuna, destilando  seu veneno contra a administração municipal e Dr. Josio pediu um aparte. Não dou, respondeu o vereador.  
Repetindo  por mais  duas ou três vezes. Na quinta vez Dr. Josio pediu novamente  o aparte e o vereador respondeu zangado : "Num dou, eu num já disse que num dou".
Dr. Josio prendeu os lábios para não ri e completou - "Pois me venda".

Foto Dr. Jósio de Alencar Araripe,  a esposa Eneida Figueiredo Araripe, Cauby Pequeno de Figueiredo, jornalista e escritor José Alves de Figueiredo Filho, Zuleika Pequeno de Figueiredo. O bebê é Tiago Figueiredo de Alencar Araripe.

As potocas do Melito Sampaio. - Por Antonio Morais.

Trapalhadas do Melito Sampaio.

Certa época, a Delegacia da Fazenda, em Crato, promoveu uma verdadeira caça aos sonegadores de imposto. Não dava moleza, saia um fiscal entrava outro. Melito se valeu do Deputado Ossian Araripe e a coisa melhorou por alguns dias. Quando o aperto recomeçou veio em doze dupla. Melito falou novamente com o Dr. Ossian Araripe que o aconselhou a se organizar junto a repartição.

Então, Melito juntou blocos de notas fiscais, livros de anotações fiscais, toda documentação relacionada ao fisco, colocou tudo numa caixa, levou para o sitio a fez uma bela coivara, transformando tudo em cinzas.

No outro dia cedinho foi a Coletoria com a maior moral do mundo. Chegando lá perguntou para o coletor: como é, vão me deixar trabalhar ou vão continuar nessa piega? Eu quero dar uma solução neste problema! Educadamente o Coletor perguntou: onde está a documentação do Senhor. Melito respondeu entreguei aqui. Entregou a quem? Melito observou o ambiente e Aluisio Rolim estava concentrado numa maquina de datilografar alheio a tudo. O Melito lascou: entreguei aquele lá. O coletor se aproximou do Aluisio e disse: cadê os documentos do Melito que o senhor recebeu? Aluisio respondeu: Vou procurar. Por conta da displicência de Aluisio lhe coube uma suspensão de 30 dias.

Quando Ossian encontrou Melito lhe perguntou: como foi? Melito respondeu: fiz o que você mandou, me organizei! E Aluisio? Perguntou Ossian. Suspenso, pra aprender a trabalhar, respondeu Melito as gargalhadas.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Seja o que Deus lhe criou para ser - Por Antônio Morais.

No mundo em que você pode ser o que quiser ser, seja quem Deus te criou para ser.

Nunca dependa de ninguém, só de Deus. 

Porque até a tua sombra te abandona quando você está na escuridão.

Francisco Gentil de Lima - Por Antonio Morais.

Recebi o livro "Francisco Gentil de Lima, um exemplo de vida a ser modelado", da autoria de Leonilda Lima.

Um livro sobre ascendência e descendência familiar. Escrito com a caneta da saudade, com palavras sensatas e sinceras saídas do que coração está cheio.

Recomendo a leitura às gerações atuais, como exemplos de honradez, decência, bons costumes e caráter elevado para as gerações futuras. 

Parabéns aos familiares, em especial ao meu amigo, meu colega de trabalho nos tempos do Bicbanco José Nuestil de Lima, pessoa por quem tenho grande estima e elevada admiração. 

O nosso aplauso legítimo a autora Leonilda Lima.

Oposição promete derrubar veto de Lula a cadastro de pedófilos - Por Diário do Poder.

Com o veto do petista, o sigilo dos processos judiciais dos pedófilos será mantido.

Os senadores Damares Alves (Rep-DF), e Magno Malta (PL-ES), criticaram o veto do presidente Lula (PT) ao trecho da lei que cria o Cadastro Nacional de Pedófilos e Predadores Sexuais.

O texto foi sancionado na última quinta-feira (28), com a decisão publicada no Diário Oficial da União (DOU).

O cadastro permite a consulta pública dos nomes completos e CPF de indivíduos condenados por crimes contra a dignidade sexual. Contudo, com o veto presidencial, o sigilo dos processos judiciais será mantido.

Os parlamentares prometeram empenho para a derrubada do veto no Congresso Nacional.

“Trabalhamos anos para conseguir aprovar este projeto, e o Senado deu um grande passo. Vetar essa parte é transformar o cadastro em algo inócuo. Já estamos trabalhando para derrubar esse veto e queremos toda a sociedade conosco”, afirmou Damares.

Para Magno Malta, a decisão de vetar o trecho tem caráter eleitoreiro.

“Os pedófilos saem da cadeia e continuam abusando, são compulsivos. Ele veta agora, isso é meramente eleitoral. Todo pedófilo, abusador compulsivo, torna-se um bom e eterno eleitor”, destacou o parlamentar.

O veto de Lula.

O petista vetou o trecho que previa a disponibilização pública das informações constantes no cadastro pelo prazo de dez anos após o cumprimento integral da pena.

O Palácio do Planalto justificou o veto, alegando que a medida poderia violar princípios constitucionais, como a proporcionalidade e o devido processo legal.

O que diz a lei.

As novas regras não terão aplicação retroativa. O sistema incluirá dados como a pena ou outras medidas de segurança impostas ao réu condenado, que também poderá ser monitorado por dispositivo eletrônico.

A lei se aplica a crimes como:

• Estupro;

• Registro não autorizado da intimidade sexual.

• Estupro de vulnerável.

• Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de crianças, adolescentes ou pessoas vulneráveis.

• Mediação para servir à lascívia de outra pessoa.

• Favorecimento da prostituição ou exploração sexual.

• Manutenção de casa de prostituição.

• Rufianismo (obtenção de vantagens financeiras da prostituição de outra pessoa).

O veto de Lula ainda será analisado em sessão conjunta do Congresso Nacional, composta por deputados e senadores, que poderá derrubá-lo.

110 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Madre Feitosa jovem

Maria Carmelina Feitosa, ou Madre Feitosa como é conhecida,  nasceu em Tauá, em 13 de setembro de 1921. Estudou o ensino secundário em Crato, no Colégio Santa Teresa de Jesus, decidindo, aos 16 anos, ser religiosa na Congregação do mesmo nome.  Lá iniciou sua longa vida de educadora. Com o passar do tempo tornou-se diretora daquele renomado colégio cratense, acumulando este ofício com a função de Secretária Geral da Congregação, Vice Supervisora Geral da Ordem, em três mandatos consecutivos, num total de dezoito anos. Assumiu a direção da Casa de Caridade de Crato em 1961. Obteve graduação em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Crato e, em 1969, fundou o Colégio Pequeno Príncipe, educandário que dirige até hoje.

Madre Feitosa na maturidade

Uma mulher vocacionada
Ano passado, quando era bispo diocesano de Crato, Dom Fernando Panico mandou uma mensagem para Madre Feitosa, na data em que ela completou 75 anos como religiosa, na Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus. Abaixo um trecho da mensagem:

 “Embora ausente da cidade de Crato (por compromissos inadiáveis, anteriormente assumidos), neste dia em que a senhora comemora as Bodas de Brilhante da sua profissão religiosa, gostaria de manifestar minha presença – nesta solenidade –, por meio desta mensagem. 75 anos não representam somente uma existência, mas uma longa existência! E o que dizer de uma vida que caminha para os 95 anos de idade, neles contidos os 75 anos vividos da sua vocação religiosa como uma autêntica filha de Santa Teresa de Jesus? Vocação é, antes de qualquer coisa, ter o coração cheio de amor a Deus e aos irmãos. E é isso que tem caracterizado a sua benéfica existência entre nós...

“Na distante data de 23 de janeiro de 1940, a Senhora proferiu seus votos religiosos, ainda no verdor primaveril dos vinte anos de idade. Foi quando a senhora sentiu que sua opção de vida não seria igual à opção sonhada pela maioria das moças daquela época, ou seja, encontrar um “príncipe encantado”, contrair um matrimônio e formar um lar. Naquela data, a Senhora fez outra escolha, mais difícil, sem atrativos materiais. A Senhora deixou de alimentar os sonhos das riquezas materiais, da mundana convivência com a sociedade daquele tempo e não buscou reconhecimento nem honras. Optou pelo ideal da pureza, da humildade, da obediência e dos verdadeiros valores que são os eternos. Abraçou uma vida para amar a Deus e servir ao próximo... “Foi isso que a Senhora fez durante sua longa e abençoada existência!

 “Querida Madre Feitosa: A Vida Religiosa é um dom de Deus para a Igreja e para o mundo. Aos olhos dos homens, parece ser loucura. No entanto, podemos compreender o sentido da Vida Religiosa na gratuidade, no serviço e na doação pela causa do Reino de Deus, que se traduz na paixão por Cristo e pela humanidade. Na exortação Alegria do Evangelho, o Papa Francisco nos diz: “onde estão os religiosos existe alegria”. Somos chamados, na Vida Consagrada Religiosa, a experimentar e mostrar que Deus é capaz de preencher o nosso coração e fazer-nos felizes sem necessidade de procurar, noutro lugar, a nossa felicidade, que é a autêntica fraternidade vivida nas comunidades cristãs e na vivência cotidiana do Mistério Eucarístico que nos alimenta”.


Madre Feitosa na ancianidade

Por Armando Rafael.

109 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.

 


Edifício Caixeiral - Crato, CE. 

Vicente Alves Bezerra, filho de José Raimundo do Sanharol - Várzea-Alegre se casou com Isabel Pereira de Brito, filha do Major Eufrasio Alves de Brito  do Sitio Malhada  em Crato. 

Do casal nasceram dois filhos, José Bezerra de Brito, professor Zuza Bezerra e Antonio Bezerra de Brito que desde jovem  foi  para Fortaleza e não mais voltou para o Crato.

Em Fortaleza,  Antonio, Toinho Bezerra foi presidente da Associação  dos  Empregados no Camercio. Enviou os estatutos para  o irmão Zuza Bezerra em Crato que juntamente com  o Perofessor Pedro Felício Cavalcante  criaram a Associação  dos Empregados  no Comércio do Crato.

Sede da Escola Técnica de Comercio, no cruzamento das ruas Dr. João Pessoa com Coronel Luiz Teixeira, centro  da cidade.

O suntuoso prédio escola pertence  a  "Associação   do Comercio de Crato"  idealizada pelo professor José Bezerra de Brito, Zuza Bizerra e  edificada  pelo  empreendedorismo do professor Pedro Felício Cavalcante.

Desejo, espero e confio que não o levem  ao chão como fizeram  e fazem com  tantos outros.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

O MONUMENTAL BOTAFOGO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Uma expulsão assim que bola rolou pareceu prenúncio de uma catástrofe para o Botafogo.
Tomado por luminosa reação diante do "já perdeu", o time da estrela solitária agiu como se nada tivesse acontecido.
Claro que atuar com um jogador a menos doeu fundo no torcedor alvinegro.
Na equipe em campo, de forma nenhuma.
Dopado de alma, brio, caráter e sem mexer na formação, o "fogão" enfiou dois gols no Atlético Mineiro na primeira etapa.
O galo tremeu em cima das chuteiras. Não era pra menos, diante daquele placar absurdo.
Só que o absurdo faz parte da essência do futebol.
Mal começou o segundo tempo, um novo contratempo: O Atlético marcou um gol em segundos. 
A situação ficou mais difícil. Aí, bateu a resiliência botafoguense.
Não teve jeito. O épico do Botafogo se consolidou com o terceiro gol, assinalado por Júnior Santos.
Os torcedores do Monumental de Nunez e os alvinegros de todo Brasil riram e choraram nos ombros uns dos outros.
O Botafogo é o dono da America.

O amor que muitos falam e poucos fazem - Por Antônio Morais.

 

A mesma água fervente que amolece a batata também torna o ovo duro.

Não são as circunstâncias que mudam as pessoas, mas sim o que tem dentro delas : Indole, personalidade e caráter.

O amor não é essa coisa toda que muitos falam. É essa coisa que poucos fazem.

0S MALES DA REELEIÇÃO - POR ANTONIO MORAIS



Lula e Fernando Henrique, rindo da cara dos brasileiros. Não há outra razão ou motivo.

Sou terminantemente contra o processo  da reeleição. Está provado que são quatro anos perdidos. Além de ser um processo criminoso iniciado no governo Fernando Henrique Cardoso com emenda contaminada pela compra de votos,  da qual o PT era terminantemente contra. 

Entre os exemplos de compra de votos citamos o deputado Ronivom Santiago PP do Acre, acusado pela justiça de receber 200.000,00 para votar a favor da emenda. 

Estou nomeando este caso porque é bastante emblemático: Quando o PT chegou ao poder fez uso da emenda da reeleição e, mais, declarou ter pago 900.000.00 a um advogado para fazer a defesa do Ronivom Santiago na justiça. A reeleição nasceu de um crime e permanece cometendo crimes, pelas mãos de quem era contra na sua origem.

523 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - POR ANTONIO MORAIS



Animal Sagrado.

Os do Sanharol dizem que o causo se deu no Roçado Dentro. Já os do Roçado Dentro asseguram que foi no Sanharol. Eu não digo nada, me abstenho, as localidades são muito semelhantes na geografia e praticamente iguais na historia. 

A ocorrência versa sobre um animalzinho sagrado para os habitantes do lugarejo. Batelão, o jumentinho de dona Belizária, uma vendedora de agua de porta em porta, caiu em depressão. Não balançava o rabo, não abanava as orelhas, dos olhos escorria agua, fucinho ressecada, barriga igual a zabumba, e já há mais de um mês sem cagar.

Mas, como foi acontecer uma coisas dessas? Só podia ter sido agoro, feitiço, mal olhado, para o bichinho ficar com a espinhela caída. Ofereceram-lhe todo tipo de mezinha e nem um sinal de melhora. Cada vez se definhava mais. 

Por fim apelaram para ultima alternativa que restava: se há gente com poder de fazer o mal, há de ter alguém com o mesmo poder para pratica do bem. Assim o povo todo foi convocado para salvar o animalzinho da morte.

Introduziram no fundo do jumentinho um canudo e cada cidadão ou cidadã soprava para expulsar o mal que se abatia sobre Batelão. Quando todos já haviam soprados, sem nenhuma melhora aparente, o prefeito Pantaleão Trambicando Neto se ofereceu para dar o sopro oficial. 

 Acionado o cerimonial, foguetão riscando os céus, a banda de musica executando o hino: Saudades dos bons costumes, aproxima-se a comitiva. A frente a primeira Dama Mandalina das Ordens e o seu chefe de gabinete Belarmino Subserviente Sobrinho.

De microfone em punho é feito o anuncio: o representante do povo, ali estava para num ato de humanidade, tentar salvar o Burrico de dona Belizaria. Antes porém, vamos inverter a posição do canudo, todos hão de convir que o senhor prefeito não pode colocar a boca onde todos já botaram!

Trocada a posição do canudo, vejam onde o prefeito foi soprar, talvez seja por essa razão que por lá dizem que: assim como o lixo atrai as moscas o poder atrai os bajuladores. 

Não houve remédio, Batelão bateu a biela e o prefeito construi um monumento para sua homenagem na entrada da cidade.

É ISSO... - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Como pode ir tudo bem com o excesso de pobreza e as benesses para os que já têm privilégios?

Não me animo a retrospecto, quando o que existe é retrocesso.

Inacreditável achar que para salvar o Mundo é preciso matar.

É difícil distinguir o que não é uma impostura.

A melhor forma de combater uma ideia é conhecê-la.

Há momentos em que nem esticando os braços é possível parar esse Estevão.

Para os idiotas, as palavras ética e democracia só servem para enfeitar.

O homem não é grande pintor só porque dono de uma loja de tintas.

Quase tudo está precário, torto e caro.

108 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.

Em 13 de Abril de 2022 foi comemorado o centenário de nascimento de José do Vale Arraes Feitosa.

O professor José do Vale era um homem bem humorado e brincalhão. Peço permissão para contar umas historinhas que ouvir dele numa viagem que fizemos a sua terra natal Aiuaba. 

A história não tem testemunhas, mas as pessoas envolvidas na brincadeira são vivas e podem confirmar : Informe-se com o professores João Gomes de Borba Maranhão e Jorge Nei Pinheiro Leite, Diretor do Colégio Agrícola à época do fato.

Lá pelas décadas de 40 e 50 do século passado a professora Tereza Pinheiro Teles teve uma queda de asa, um sentimento por um jovem rapaz que foi embora do Crato, e, ninguém mais soube o seu destino, seu paradeiro. Nunca mais se ouviu falar dele. 


Estimada e querida professora de biologia Tereza Pinheiro Teles, ao centro de óculos escuro,  minha turma do Colégio Estadual  1969/1971. 

Um dia, José do Vale disse para Tereza : Você lembra aquele rapaz, assim, assado, ela sem respirar: lembro, era muito distinto, elegante, educado e simpático. 

Então, José do Vale completou - Está na França, se naturalizou, mudou o nome para "Pierre Petit" e esta em Crato. Vai dar uma palestra hoje a noite na Faculdade de Filosofia.

Nesse dia José do Vale foi mais cedo para faculdade, ficou esperando a reação da professora que em pouco tempo surgiu toda produzida, andando do auditório ás salas e secretarias a procura do francês. 

Quando viu José do Vale se acabando de ri disse furiosa : Foi você né, com suas brincadeiras bestas. Não tinha coisa melhor para fazer não?

RISO - Por Antônio Morais

01 - O condenado à morte esperava a hora da execução, quando chegou o padre: Meu filho, vim trazer apalavra de Deus para você.- Perda de tempo, seu padre. Daqui a pouco vou falar com Ele, pessoalmente. Algum recado?

02 - Às vezes você chora e ninguém vê as suas lágrimas. Às vezes você se entristece e ninguém percebe o seu abatimento. Às vezes você sorri e ninguém repara na beleza do seu sorriso. Agora...PEIDA, pra ver....

107 - Dona Fideralina, Negros e Cabras - Por Antônio Morais


O Tatu, sítio de sua propriedade e sob o seu comando, apesar de apresentar uma paisagem peculiar, era semelhante a tantas outras da região, regularmente organizadas, com a casa-grande, a capela, o engenho, o açude e os casebres dos moradores, formando a central administrativa da atividade corriqueira do meio: a agropecuária. 

Entretanto, a referida capela, construção muito mais rara a época, nos sítios daquela zona, assim como a presença do negro, bem mais acentuada que nas demais propriedades, emprestavam ao Tatu um aspecto especial, configurando um latifúndio.

Em geral, nas conversações sobre Dona Fideralina, se lhe faz referência ao gosto ou costume de ter sempre muitos negros no Tatu. Esta particularidade da sua vida está comprovada, através so folclore poético da região. Velhas quadras populares, como estas:

Fazenda Tatu.

O Tatu pra criar negro,

Sobradim pra criação,

São Francisco pra fuxico,

Calabaço pra algodão,

Caraíba é prata fina,

Suçuarana, ouro em pó,

Xiquexique, mala veia

E o Tatu é negro só.

Cercado de negros e cabras as suas ordens, numa propriedade de ares latifundiários, detendo o poder supremo no seu município e influindo na política do Ceará, Dona Fideralina, descendente e ascendente de líderes políticos de reconhecido prestígio, transformou-se em símbolo do mandonismo sertanejo, numa das figuras de prol da história do coronelismo nordestino. 

Essencialmente vocacionada para o mister político, dotada de superior capacidade de liderança e dominação, forte, autoritária e brava, não seria de estranhar que sua influência extrapolasse, como de fato extrapolou, as fronteiras do seu reduto e se fizesse exercer sobre a região e o Estado.

Essa abrangente ascendência de mandona de Lavras da Mangabeira não poderia deixar de ser evidenciada, como seus negros e cabras, pela inspiração dos bardos sertanejos, intérpretes fiéis do pensamento do povo, como no caso desta sextilha, atribuída ao repentista Zé Pinto – José Pinto de Sá Barreto:

O Belém manda no Crato,

Padre Ciço no Juazeiro,

em Missão Velha Antônio Rosa,

Barbalha é Neco Ribeiro,

Das Lavras Fideralina

Quer mandar no mundo inteiro.

Extraído do livro – Ensaios e Perfis – Joaryvar Macedo.

106 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.



Foto - Da direita para esquerda: prefeito do Crato, Pedro Felício, prefeito de Juazeiro José Teófilo Machado, Presidente Castelo Branco, demais autoridades.

O primeiro Presidente da Republica do regime militar, da revolução de 1964, da ditadura, Humberto de Alencar Castelo Branco visitou o Crato durante seu mandato.

O Prefeito municipal Pedro Felício Cavalcante, escalou o nobre professor José do Vale Arraes Feitosa para saudar o presidente da republica. José do Vale recusou o convite em solidariedade ao Dr. Miguel Arraes, de quem era amigo, governador de Pernambuco, cassado e exilado pelo regime de então.

Atitude altaneira, corajosa e desassombrada de um homem de índole boa, caráter refinado, decência e honradez esmeradas, qualidades nascidas do berço. Qual dos beija mãos de hoje seria capaz de uma atitude nobre dessas?

105 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


No inicio da década de 60 do século passado, nasceu um menino na casa de um jovem casal da cidade de Barbalha, terra dos canaviais do cariri cearense.

A mãe bateu o pé : Os padrinhos serão John Kennedy e Jaqueline. Nada mais justo, o homem era o presidente dos Estados Unidos da América.

A família do casal, somando-se um lado e o outro, tinha pra mais de 50 votos. Logo apareceu um vereador, o prefeito e por fim um deputado para atender o desejo da família. 

A embaixada americana foi acionada em Brasília. Em pouco tempo chegou a Barbalha uma procuração dos padrinhos e o batizado se deu na matriz de Santo Antônio.

Os compadres receberam felicitações, parabéns e aplausos. Anos depois a tragédia, John Kennedy é assassinado barbaramente, fato que chocou o mundo e Barbalha também.

Quando o casal ouviu a noticia pela "Rádio Salamanca de Barbalha", a mulher correu rua a cima e rua a baixo gritando  desesperada : "Meu Deus do céu, como tará comadre Jaqueline uma hora dessa"!

104 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.

A pobreza do primeiro Bispo de Crato.

Quem via Dom Quintino vestido com sua indumentária de bispo – batina preta com faixa roxa à cintura, casas dos botões na mesma cor; cruz peitoral e anel, ambos de ouro – não podia imaginar que por dentro daquela imponência habitava uma pessoa pobre e de hábitos simples. Ele assim se vestia para cumprir as orientações da Igreja, àquela época. Na verdade, Dom Quintino nunca aspirou a ser bispo (chegou a rejeitar a nomeação para a Diocese de Teresina), mas levava a sério a altíssima dignidade desse cargo. Além do mais, sabia separar a função episcopal da sua pessoa. Tinha ciência de que a cruz peitoral e o anel episcopal não eram dele, enquanto pessoal, individual, e sim representavam símbolos da sacralidade da hierarquia, na Igreja Católica, da qual ele era um lídimo representante.

Sabemos que Dom Quintino era muito devoto de Santa Teresa de Jesus e se identificava com a espiritualidade carmelitana. Aí incluída a pobreza apostólica. No que consiste esta? Na imitação da pobreza de Cristo. Jesus foi pobre, desde o momento de sua concepção no seio da Virgem Maria. Depois, quis Ele nascer em Belém, na mais completa desnudez. E durante sua vida pública – conforme lemos nos Evangelhos – não tinha onde reclinar a cabeça, contentando-se, muitas vezes, com o dormir ao relento.

Todos os que escreveram sobre o primeiro bispo de Crato são unânimes em reconhecer em Dom Quintino uma pessoa desapegada dos bens materiais. Durante os quatorze anos, nos quais foi bispo, residiu numa casa alugada – pagava trinta mil réis mensais – a um rico proprietário de Crato, José Rodrigues Monteiro.
Padre Azarias Sobreira, no seu livro “O primeiro Bispo de Crato”, escreveu: “A muitos que só o conheceram superficialmente parecerá um paradoxo. Mas é fora de dúvida que Dom Quintino viveu pobre e morreu paupérrimo. Tirante os móveis de casa e as insígnias episcopais, o seu único legado foram os livros e um cavalo de estimação, que o vigário de Saboeiro, Padre José Francisco, lhe havia oferecido.

“Dinheiro? Nem quanto bastasse para as custas do seu enterro. Propriedades? Nem sequer uma casa de palha. No entanto, S.Exa. passou quinze anos regendo a melhor paróquia do Estado (à época, Crato e Juazeiro reunidos), e outros tantos anos no governo de uma diocese brasileira.

“Quando vigário de Crato, segundo teve ocasião de me dizer, mandou, diversas vezes, à casa do milionário José Rodrigues Monteiro, tomar de empréstimo o dinheiro necessário para a feira da semana (...) Vendo-o entrar na velhice sem ter feito a mais pequenina reserva pecuniária, tomei, um dia, a liberdade de aconselhá-lo a fazer seguro de vida. Deu-me a seguinte resposta o homem de Deus: “– Eu ainda não ouvi contar que um padre de boa vida morresse de fome. “E continuou a só pensar na sua querida diocese e nos alunos do seminário diocesano, esquecido de si mesmo e dos seus pelo sangue”.

Quando ocorreu a morte de Dom Quintino, a Cúria Diocesana não dispunha de dinheiro suficiente para seu sepultamento. Um cidadão cratense, José Gonçalves, abriu uma subscrição e saiu a percorrer residências e estabelecimentos comerciais angariando doações para o funeral do grande bispo. Graças a essa iniciativa, foram realizadas as exéquias daquele que, nos últimos quatorze anos, fora o homem mais importante do Cariri...

(*) Armando Lopes Rafael é historiador

103 - O Crato de Antigamente.

A foto resgata o maior evento religioso da Diocese do Crato desde sua  criação. 

Visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, Peregrina Mundial, a sede da Diocese do Crato e às demais paróquias, ocorrida em 13 de Novembro de 1953, no ano do Jubileu de Ouro Sacerdotal de Dom Francisco de Assis Pires, segundo bispo diocesano do Crato, e, do centenário de elevação do Crato à categoria de cidade.

O primeiro da esquerda para direita Mons. Rubens Lóssio, seguido por  Mons. Dermival da paróquia de Brejo Santo, o de batina preta não identificado, padre Demontiê, de óculos escuro que acompanhava a imagem na peregrinação, Audizio Brizeno, de terno  branco, o último a direita, sócio proprietário do Posto Crato,  a quem pertencia  o automóvel  que  conduzia a Imagem Peregrina.

Sustenta a história que  a imagem já estava na Sé Catedral e ainda  tinha carros e gente a pé  nas Guaribas.

domingo, 1 de dezembro de 2024

102 - O Crato de Antigamente - Por Antonio Morais.

Foi o Cardeal Dom Sebastião Leme, à época, Arcebispo do Rio de Janeiro, quem atribuiu a Dom Francisco de Assis Pires – segundo Bispo de Crato – a designação de A violeta do episcopado brasileiro. Desde a Idade Média, a flor violeta simboliza fidelidade, castidade e humildade. Merecidamente, Dom Francisco ficou conhecido como “A violeta do episcopado brasileiro”.

Outros títulos foram-lhe atribuídos. Monsenhor Francisco Holanda Montenegro – no livro “Os quatro Luzeiros da Diocese” – refere-se a Dom Francisco como O Bom Samaritano. Já Monsenhor Raimundo Augusto – no opúsculo “Histórico da Diocese de Crato” – escreveu que o segundo bispo de Crato “era a caridade em pessoa. Desprendido dos bens terrenos, bondoso e manso, veio para servir aos seus diocesanos sem nada receber em troca”. Tudo em consonância com o lema episcopal escolhido por Dom Francisco: Não vim para ser servido, mas para servir. Monsenhor Raimundo Augusto justificou a sua opinião: “A longa e diuturna convivência com Dom Francisco, na prestação de serviços à Cúria Diocesana, autoriza-me a expressar-me assim. Vi de perto a riqueza de virtudes que ornavam sua alma Angélica, seu coração de ouro”.

Nascido no seio de uma rica família da capital baiana, Dom Francisco era, no dizer dos seus biógrafos, um verdadeiro aristocrata. Monsenhor Montenegro é taxativo: “Um rico que se fez pobre a serviço dos mais pobres”. É voz unânime que o segundo bispo de Crato tinha, realmente, predileção pelos mais pobres e mais sofredores. Por conta disso, possuía centenas de afilhados de batismo ou crisma. Dotado de uma delicadeza impressionante, tratava a todos – de qualquer condição social – com educação esmerada.

Entre os afilhados de Dom Francisco, um merece ser citado. No final dos anos 40 veio residir em Crato um casal francês, que sofrera as agruras da Segunda Guerra Mundial: Hubert Bloc Boris e sua esposa Janine. Hubert, em pouco tempo, tornou-se figura estimada na sociedade cratense, mercê seu temperamento extrovertido, facilidade de fazer amizades, além do destaque social adquirido por ser administrador do maior imóvel rural do Sul do Ceará – a Fazenda Serra Verde, localizada em Caririaçu – participar do Rotary Clube de Crato, dentre outros atributos de que era possuidor.

Hubert era judeu de nascimento, o primeiro, talvez, a integrar o rebanho das ovelhas pastoreadas por Dom Francisco. Este, aproximou-se do casal francês e, depois de longas e demoradas conversas, conseguiu a aquiescência de Hubert para batizá-lo na Igreja Católica. Bom lembrar que Janine tinha procedência católica o que facilitou, certamente, a conversão ao catolicismo do saudoso e sempre lembrado “Cidadão Cratense” (título concedido pela Câmara de Vereadores), Hubert Bloc Boris.

Dentre as muitas realizações materiais de Dom Francisco destacamos três: a construção do primeiro hospital do Cariri – o São Francisco de Assis – onde havia lugar destinado à indigência, ou seja, aos doentes pobres; o Liceu de Artes e Ofício (hoje extinto) destinado à profissionalização da juventude masculina de baixa renda; o Patronato Padre Ibiapina, também extinto, (cujo prédio é ocupado hoje pela reitoria da Universidade Regional do Cariri) destinado à educação de moças pobres.

Numa edição especial do jornal “Folha da Semana”, comemorativa ao centenário da cidade de Crato, com data de 17 de outubro de 1953, foi inserido um artigo da lavra do Padre Neri Feitosa, com o título “A venerável figura de Dom Francisco Pires”. Dali retiramos os seguintes tópicos:
“(...) Ele é eminentemente “Homem de Deus”, com um porte que fala de modo impressionante à piedade. Êmulo e imitador do pobrezinho de Assis, seu onomástico. Dom Francisco de Assis Pires é uma figura muito venerável de asceta contemplativo e cheio de bondade cristã.

“É de ver como se perturba, como se angustia, como sofre o coração do Bispo de Crato, quando se declaram sintomas (dos fenômenos periódicos) da Seca. Indaga sobre o sofrimento do povo, sobre as possibilidades dos poderes (públicos), sobre os migrantes, sobre a produção nas diversas zonas da Diocese. Com a mão trêmula pelos anos e pela aflição, traça as feições abatidas de seus filhos diocesanos, em telegramas a quem possa prestar socorro.

“Aquela face carrancuda não expressa nada aquela bondade compassiva e providente que lhe enche o grande coração de Bom Pastor.

“Por estas e por outras razões, Crato guardará, nos arquivos da justiça e da melhor gratidão, a lembrança perene desta venerável figura que constitui Dom Francisco de Assis Pires”.

Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

101 - O Crato de Antigamente - Postagem do Armando Rafael.


Texto do Manuel Patrício de Aquino.
Há alguns anos (não muitos) viveu em Crato um mendigo chamado Pedro Cabeção. Jamais se soube o seu completo nome de batismo. Ou jamais se quis sabê-lo...

Mas Pedro era popularíssimo. Mormente entre a criançada, a quem sempre fazia rir (em especial quando metia o dedo polegar na boca, ou o fura-bolo, comprimindo-o para, em seguida, puxa-lo de repente a fim de conseguir sons engraçados (estampidos) com que agradecia as esmolas recebidas, ou simplesmente cumprimentar as pessoas.

Pedro andava sempre só, apoiado num velho cajado de “frei–Jorge”. Caxingando. Gemendo... Mas passava a maior parte do tempo “estacionado” numa calçada qualquer do centro da cidade, de preferência perto das esquinas ou nas proximidades da casa de Seu Mário Limaverde. Forrava o local com velhos e rotos panos e com pedaços de papelão. Tinha um banquinho de madeira, de um palmo de altura, onde, às vezes, se sentava ou expunha a desbotada lata de manteiga: seu caça-níquéis.

Apresentava, além da macrocefalia, outras bem visíveis deformações anatômicas, as quais, no entanto, não despertava a mínima curiosidade de ninguém, pois o importante mesmo era a sua enorme cabeça, que lhe valera a alcunha.

Pois bem, meu caro leitor. O Ceará de hoje, mais do que nunca, lembra-me o miserável Pedro Cabeção. Estado pobre. Paupérrimo. Com sua enorme e disforme cabeça (Fortaleza e a Região Metropolitana) e aleijões pelo resto do sofrido corpo. Mendigando pela televisão. E o seu homem do campo caxingando, gemendo, chorando... morrendo.

Desde a promessa do último brilhante da coroa do Imperador Dom Pedro II, que seria vendido, se preciso, para que ninguém aqui passasse fome, pouca – muito pouca coisa –mudou.

Quanto ao Cariri, que ninguém se engane: inobstante algumas aparências e apesar da propaganda enganosa, está perdendo, e feio a corrida do progresso. Ah! velho Pedro Cabeção, faz pena! E dá vergonha!!!

(*) Manoel Patrício de Aquino, advogado, é Presidente do Instituto Cultural do Cariri

100 - O Crato de Antigamente - Por Antonio Morais

No inicio da década de 60 do século passado, eu com os meus 9 anos,quanto tempo faz e quanta diferença de costumes, quanta inocência tínhamos nós naquela época distante.

Chegou a Várzea-Alegre um sacerdote recém ordenado de alma pura por dentro e sublime por fora. Trazia com ele um projetor, coisa nunca vista práquelas bandas.

No patamar da igreja de São Raimundo, às noitinhas, passava para os adolescentes filmes religiosos. Fui seduzido, e, ele se tornou meu maior ídolo. Voz pausada, semblante sereno e confiante, tratava a todos com a mesma distinção, lhaneza e cordialidade.

Terminadas as missões Padre Argemiro deixou nossa cidade e, a partir daí, foi vigário em diversas paróquias de nossas Dioceses, inclusive Parambu onde também foi o seu primeiro prefeito municipal.

Vinte e cinco anos depois eu estava gerente do Bicbanco, agência do Crato. Ele entrou na agência, com a mesma brandura impar e serena, batina surrada, semblante abatido, aparência triste e desanimada, barriga um pouco alta, o mesmo riso e a mesma brandura..

Se achegou a mim, nem imaginava o quanto eu era seu fã e falou: "Meu filho, eu estou precisando de uma quantia em dinheiro para ir a São Paulo fazer um tratamento de saúde, e, aqui estou para saber se você pode me adiantar um empréstimo. "Eu tenho a promessa de um padre da paróquia de Nuremburg na Alemanha, ele vai fazer uma campanha com os fiéis para arrecadar fundos com este fim", mas, eu não estou pudendo esperar.

Procurei saber o valor, e, revelada a importância era um montante razoável. Ele não tinha avalista. Autorizei o setor de cadastro liberar sem aval, era apenas um procedimento protocolar, a responsabilidade é minha, disse ao meu colega.

50 dias depois, já na volta de São Paulo, Padre Argemiro Rolim entrou pela mesma porta, com a mesma humildade, batina surrada, o mesmo semblante triste, puro e sublime que tanto admirava, e, por fim a mesma bolsa, desta feita,  com volumosa doação dos alemães.

Resgatou o empréstimo e agradecido se retirou da agência.

Um ano mais tarde, 1986, recebi a noticia do falecimento do Padre Argemiro, o padre que tinha "um coração para amar a Deus".

Salve Padre Argemiro Rolim.