Os do Sanharol dizem que o causo se deu no Roçado Dentro. Já os do Roçado Dentro asseguram que foi no Sanharol. Eu não digo nada, me abstenho, as localidades são muito semelhantes na geografia e praticamente iguais na historia.
A ocorrência versa sobre um animalzinho sagrado para os habitantes do lugarejo. Batelão, o jumentinho de dona Belizária, uma vendedora de agua de porta em porta, caiu em depressão. Não balançava o rabo, não abanava as orelhas, dos olhos escorria agua, fucinho ressecada, barriga igual a zabumba, e já há mais de um mês sem cagar.
Mas, como foi acontecer uma coisas dessas? Só podia ter sido agoro, feitiço, mal olhado, para o bichinho ficar com a espinhela caída. Ofereceram-lhe todo tipo de mezinha e nem um sinal de melhora. Cada vez se definhava mais.
Por fim apelaram para ultima alternativa que restava: se há gente com poder de fazer o mal, há de ter alguém com o mesmo poder para pratica do bem. Assim o povo todo foi convocado para salvar o animalzinho da morte.
Introduziram no fundo do jumentinho um canudo e cada cidadão ou cidadã soprava para expulsar o mal que se abatia sobre Batelão. Quando todos já haviam soprados, sem nenhuma melhora aparente, o prefeito Pantaleão Trambicando Neto se ofereceu para dar o sopro oficial.
Acionado o cerimonial, foguetão riscando os céus, a banda de musica executando o hino: Saudades dos bons costumes, aproxima-se a comitiva. A frente a primeira Dama Mandalina das Ordens e o seu chefe de gabinete Belarmino Subserviente Sobrinho.
De microfone em punho é feito o anuncio: o representante do povo, ali estava para num ato de humanidade, tentar salvar o Burrico de dona Belizaria. Antes porém, vamos inverter a posição do canudo, todos hão de convir que o senhor prefeito não pode colocar a boca onde todos já botaram!
Trocada a posição do canudo, vejam onde o prefeito foi soprar, talvez seja por essa razão que por lá dizem que: assim como o lixo atrai as moscas o poder atrai os bajuladores.
Não houve remédio, Batelão bateu a biela e o prefeito construi um monumento para sua homenagem na entrada da cidade.
Antonio Morais,
ResponderExcluirTenho acompanhado silenciosamente seu Blog. Inclusive quero lhe elogiar pela efervescência e bom humor dos temas, pela sensível escolha das músicas e sobretudo dos seus bons comentários sobre elas...
Ando com um horário apertado na universidade e isto me priva muitas vezes de ir até onde quero e dispor de tempo para fazer comentários, mas quero reafirmar que todos os artigos postados são de muito bom gosto refletindo a alma alegre e virtuosa do Antonio Morais...
Abraço,
Tenha-me como fã e seguidora inconteste.
Claude
Claude.
ResponderExcluirMuito obrigado pela comentario, pelos elogios exagerados. O que me despertou mais em o Animal Sagrado foi exatamente o cuidado do Chefe de Gabinete para trocar a posição do canudo na hora do Prefeito soprar. A encomenda foi pior do que a receita.
Abraços.
Na entrada de V.A. vindo do Sanharol tem uma homenagem a todos os jumentos e ao nosso grande conterrâneo Padre Veira defensor incontestável deste animal que tanto trabalha, que tanto sofre e tão que é tão pouco reconhecido! Justa Homenagem ao Jumento e a Padre Vieria!
ResponderExcluirRodrigo.
ResponderExcluirSou testemunha do trabalho do Padre Vieira na defesa do Jumento. Eu era presidente do Lions Clube do Crato e numa reunião em nossa resudencia fui surpreendido com a presença do Padre Vieira. Vinha pedir o empenho do Clube na divulgação de sua luta na defesa do animal.