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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 6 de agosto de 2011

EU E RAIMUNDO BOCÃO - Por Mundim do Vale

Dedicado aos poetas Souza Sobrinho e Luís Lisboa.

Lá na Caimba Sargada
Lugá qui Deus disprezô,
Num chuvia quage nada
Nem um ôi dágua ficou.
Num sei se era castigo,
Mais eu tem aqui cumigo
Qui era coisa do cão.
Coisa qui o demo faz,
Mode butá nóis pra traz
Eu e Raimundo Bocão.

Só eu sei o qui passei
Naquele lugá nogento,
Inté parma eu cortei
Pra tirá água de dento.
Nóis viremo inté ladrão,
Se chegasse um caminhão
Nóis já robava o motô.
Alí mermo nóis partia,
E adispois nóis bibia
Água do carburadô.

Era tanto a nossa mágoa
Daquele castigo eterno,
Qui pensemo im buscá água
Nem qui fosse no no inferno.
Peguei minha socadêra,
A cangáia e a estêra
E as cabaça qui eu tinha.
Chamei Raimundo Bocão,
Ele trouve um carderão
E as panela da cozinha.

Eu me ajuntei cum Raimundo
Mode a água ir precurá,
Mais era no fim do mundo
Num tá de sítio Juá.
Nóis ajuntemo os terém,
Ligêro cum mais de cem
Pruque tinha precisão.
Saímo no sufrimento,
Iscanchado num jumento
Eu e Raimundo Bocão.

No camim me deu veneta
De atirá num tetéu
E o jumento véi zambeta
Fez o maior aranzel.
Raimundo quando caiu,
Ficô dizendo: - Psiu
Mode o jegue se acarmá.
Quanto mais ele falava,
Mais o jegue se ispritava
Num parava de sartá.

O jumento se assustô
Mais num foi cum a isprosão,
Foi quando ele arreparô
Qui viu a arrumação.
Raimundo muito assombrado,
Cum o zói arregalado
Preguntando: - O qui foi isso?
Se quebrouse uma cabaça,
Inda hoje eu acho graça
Cum aquele ribuliço.

Pra terminá a istora
Raimundo Bocão correu,
O jumento foi simbora
Nunca mais apariceu.
Um vaqueiro ainda viu,
Mais o jegue se sumiu
Lá pras banda da Cruzeta.
Todo mundo precurô,
Mais nunca ninguém achou
Aquele jegue zanbeta.

3 comentários:

  1. CONHECENDO AS HISTORAS DO MUNDIM; DESSA HISTORIA AINDA TEM MUITO O QUE SE CONTAR. O JEGUE ASSUSTOU-SE COM QUE?
    ENCONTRARAM A AGUA? COMO FOI QUE VOLTARAM?

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  2. Respondendo ao Cláudio:

    O jegue assustou-se com o tiro da minha socadeira.

    Não encontramos a água porque o jegue espritou-se e nãotinha como trazer.

    Voltamos a pé porque ojegue sumiu.

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  3. E ai primo vei vai tá em V-Alegre dia 28 de Agosto o abraço é de quebrar ccustela.
    Para você.

    Uma certa madrugada
    Com a carguinha no jegue
    Deixei minha Vaje-Alegre
    Terra por mim tão amada
    Ao longe na triste estrada
    Pra tras comecei oiá
    Ainda pude avistá
    A minha boa terrinha
    O teiado da casinha
    E a copa do trapiá.

    Mundim ,morais,Cládio Sousa e vicente Almeida,
    isto é para vocês,é coisa do BIDIM.

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