- Fragmentos -
Claude Bloc
Foto nas proximidades de Ponta Serra - CE |
O silêncio se impõe certas horas. Silêncio-essência, onde todos os sons se apagam. Sinto-o quando me calo. Quando os sentimentos em mim são apenas essa melodia que se coreografa na pauta silenciosa dos meus dias. É lá onde encontro o refúgio necessário, onde sou esse ser em exílio, bebendo dessa ausência, na entressafra da alegria.
Sinto-o quando me calo. Quando preciso curar a saudade... Quando mergulho nesse pedaço de mim, silente e morno, num exercício mental que me isola dos sons, numa concha hermética de insulamento terapêutico.
Então, no silêncio fujo do dia estressante, do martelar da artilharia das obras e das ruas, das buzinas, daquilo que me machuca. Nesse instante, sinto-o como se, subitamente, o mundo emudecesse em areais que se perdem da vista, nos campos verdejantes do meu sertão, com a unção do sol e do céu.
E lá me deixo ficar - onde não haja vestígios de vida humana. Onde nem sequer se faça notar o vento ou o distante borbulhar das águas. Onde os meus passos silenciosos apurem meu tato com o segredo de todos os encantos.
É só então regresso à casa de onde parti, para começar outra vez a escrever a nova melodia. Ainda que mais adiante se faça sentir novamente o apelo do silêncio, branqueando os sonhos perfumados de alegria.
Silêncio que faz a peregrinação pelo meu degredo. Refúgio onde se detém a chave da felicidade e onde seus fragmentos hão de depurar todo o meu pensamento. Silêncio musical que acompanha a vida como uma profilaxia. A ávida sede, a eterna busca, a infinita sinfonia – silêncio!
Sinto-o quando me calo. Quando preciso curar a saudade... Quando mergulho nesse pedaço de mim, silente e morno, num exercício mental que me isola dos sons, numa concha hermética de insulamento terapêutico.
Então, no silêncio fujo do dia estressante, do martelar da artilharia das obras e das ruas, das buzinas, daquilo que me machuca. Nesse instante, sinto-o como se, subitamente, o mundo emudecesse em areais que se perdem da vista, nos campos verdejantes do meu sertão, com a unção do sol e do céu.
E lá me deixo ficar - onde não haja vestígios de vida humana. Onde nem sequer se faça notar o vento ou o distante borbulhar das águas. Onde os meus passos silenciosos apurem meu tato com o segredo de todos os encantos.
É só então regresso à casa de onde parti, para começar outra vez a escrever a nova melodia. Ainda que mais adiante se faça sentir novamente o apelo do silêncio, branqueando os sonhos perfumados de alegria.
Silêncio que faz a peregrinação pelo meu degredo. Refúgio onde se detém a chave da felicidade e onde seus fragmentos hão de depurar todo o meu pensamento. Silêncio musical que acompanha a vida como uma profilaxia. A ávida sede, a eterna busca, a infinita sinfonia – silêncio!
Claude Bloc
Nem sempre a gente fala a lingua dos anjos...
ResponderExcluirClaude,
ResponderExcluirO silêncio da leitura me fez martelar o cérebro, em busca de uma paz, que procuro na minha barulhenta vida.
Um abraço.