Esse lado de cronista e contador de histórias descoberto pela sensibilidade do jornalista e diretor do JUANORTE Jota Alcides, em 2010, chegaram em minha vida numa boa hora.
Os relatos que tenho feito através da internet, aos poucos estão resgatando fatos pitorescos e personagens do folclore da minha Icó, do meu Ceará e da Paraíba que amo de paixão.
Estou começando a crer que muito breve intelectuais irão transformar minhas histórias em cultura popular.
O relógio do tempo já não me preocupa. Aprendi a esperar as coisas acontecerem naturalmente.
Quando a inversão de valores visivelmente tenta me tirar do sério, eu me coloco no lugar do meu ex-colega funcionário do Banco do Brasil, grande músico, compositor, tecladista, sanfoneiro e cantor nota 10, Flávio José, de Monteiro da Paraíba.
Esse caboclo assiste de camarote a poderosa mídia do “jabá” produzir e endeusar forrozeiros, que além de não conhecerem uma partitura musical não sabem tocar nem um simples triângulo. Alguns desses se autodenominam sucessores do Rei do Baião e vivem a explorar as memórias de Luiz Gonzaga como forma de complementar a falta de talento. Quem conviveu com Luiz Gonzaga e conhece a história sabe das dificuldades que ele enfrentou em vida.
Prá falar a verdade às vezes me falta paciência quando sou obrigado a ouvir da boca de algumas autoridades (Diretores de Rádios e TV, Secretários de Cultura, Representantes de Entidades de Classes etc.) uma exigência que me deixe envergonhado: João Dino faça um projeto piloto para nossa produção examinar... Qualquer coisa a gente lhe procura... Deixe aí os seus contatos...
Meus amigos, para um artista que faz em média 10 show’s por mês; que já cantou em mais de 1.100 cidades do Nordeste, em São Paulo e no DF; que é assistido por cerca de 6.000 pessoas todos os meses; que tem mais de 140 músicas gravadas; que tem 45 vídeos flutuando no YOU TUBE e no ORKUT, ter que se submeter a esse tipo de gente, é dose prá elefante.
Para essas criaturas eu informo os telefones do CE com o código da PB. Afinal de contas tempo é ouro... Não se deve perder tempo com gente despreparada, incompetente, apadrinhada e sem futuro. Vamos em frente.
Restaurei com muito carinho a foto que está sendo exposta nesta página. Vou apresentar, com muito orgulho, para o mundo inteiro, a seleção dos meus ídolos da bola: Manoel Inácio, Gonçalo, Costinha, Luiz de Nega, Zé Arnaud, Assis de Cizota, Zé Velho, Cícero de Nêga, Ronaldo, Marciano, Luiz Carlos e Nacaninha.
Esses atletas verdadeiros jogavam bola com os corações nos pés. Os ternos e as chuteiras (Que não eram usados nos treinamentos) eram adquiridos com recursos próprios do trabalho de cada um. Desportistas sim... Mas de segunda a sábado exerciam atividades de fogueteiros, pedreiros, padeiros, agricultores, serventes, borracheiros, mecânicos, vendedores ambulantes etc.
Uma realidade muito diferente dos jogadores da atualidade que ganham dólares e fazem fortunas em apenas um ano de sucesso.
O pagamento que esses craques recebiam para nos proporcionar tantas emoções, tantas alegrias, era o carinho e o respeito da torcida. Os campos de futebol não eram cercados nem murados. Não havia sequer cobrança de ingressos. Em vez de cartolas do futebol, um grupo de amigos se reunia para correr a “sacolinha”. Torcedores colaboravam voluntariamente.
Ano 1967. A torcida do nosso bairro chegava no campo ao meio dia para assistir a partida de futebol que começava às 15:00 h. Por muitas vezes cheguei a ver os próprios atletas, antes dos preparativos e aquecimentos, demarcando o estádio com linha e fazendo as divisões com cal.
Mas na hora de bater pênaltis, a torcida já gritava gol antes da bola ser tocada. Os nossos craques não faziam as marmotas que esses milionários de hoje fazem não. Perder quatro pênaltis numa única partida... Isso nunca aconteceu com a nossa seleção.
Dava pena ver o desespero dos jogadores dos times adversários que vinham de Iguatu, Orós, Jaguaribe, Lavras da Mangabeira, Cedro, Umari, Baixio, Ipaumirim etc. Ronaldo batia um tiro de meta e dava aquele balão. Costinha, na grande área adversária matava a bola no peito, e sem deixar cair no gramado (Barro vermelho) entregava de bandeja na cabeça de Marciano de Graziela. O miserável do goleiro corria desesperado para o lado direito da trave. Marciano cabeceava a bola para o esquerdo. Jogar contra a seleção São Geraldo de Icó era um verdadeiro calvário para os adversários.
As vezes, aproveitando um contra-ataque, os coitados vinham de lá prá cá a toda velocidade, em tempo de botar os bofes pela bola, naquela ânsia para tirar o dedo fazendo um golzinho, na grande área dava de cara com a nossa defesa, que mais parecia uma muralha de pedra. Manoel Inácio saía em disparada, chutava bola com jogador adversário e tudo que tinha pela frente, tranqüilizava a torcida.
Amedrontados os miseráveis desistiam de enfrentar nossa zaga e passavam a tentar fazer o gol de fora da grande área.
Nessas condições o chute chegava acanhado. Nosso goleiro Luiz de Nega pegava sem fazer esforço, levantava a bola até a orelha, balançava e dizia: Tá Xôxa... Luiz tinha mania de fazer isso para irritar os adversários.
Essa é a 1ª parte da história. Os senhores internautas sabem que a convivência com o sucesso muitas vezes mexe com a cabeça dos grandes astros. Com esses nossos ídolos não foi diferentes. Um deles seguiu o exemplo de Garrincha e enveredou pela boêmia e pelo álcool.
Mas a cachaça que se consumia no Icó na época, era de fabricação caseira, viciava muito rapidamente. Pior que isso, causava danos ao cérebro. Em pouco tempo o caboclo passava a ter alucinações.
Aguardem... Depois eu vou contar com detalhes o que essa cachaça fez com o nosso maior atleta.
João Dino.
ResponderExcluirUma bela historia. Concordo com voce em genero, numero e grau quanto a qualidade das musicas que hoje em dia dominam a midia radiofonica nacional. Quanto ao futebol parabens, voce resgata uma epoca importante da historia fotebolistica da região. Seleção de Icó de 1966 e de um pouco antes era muito boa. Conhecida em toda região como vencedora.
Fico aguardando as postagens seguintes.
Abraços.