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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 1 de julho de 2011

FALÊNCIA COLETIVA - Por Mundim do Vale.

No tempo da corrida do ouro da Fortuna. Em Várzea Alegre, foram criadas algumas micro-empresas por conta do entusiasmo dos empreendedores.
Pedro Severino alugou uma casa na Betânia e comprou todos os chifres da matança para fabricação de *tabaqueiros. Colocou o nome da empresa de: Chama Viva.
Alexandre Cabeleira alugou um prédio no mercado velho e contratou dois funcionários para o trabalho de moer sal que na época só existia em pedra. Colocou o nome de: Salpilado do Alex.
Manoel Balbino alugou uma casa na rua do puxado para a fabricação de aluá de cascas de abacaxi, estocou quarenta potes do produto e pôs o nome da empresa de: Aluá do Balbino.
Vicente David se estabeleceu na rua do juazeiro. Picava fumo de rolo enrolava em papelim ou palha de milho e vendia já fechados. Pôs o nome da empresa de: Cheiro de Tabaco.
Inácio do Doce comprou toda a produção de coco catolé da Serra dos Cavalos e montou no alto da prefeitura uma fábrica de rosários de cocos. Colocou o nome da firma de: Rosário Bento. E dizia ainda que a fábrica tinha sido benta por Frei Damião.
Com a frustração do ouro da Fortuna e a chegada de alguns produtos novos na cidade, as micro-empresas sofreram uma crise financeira, por falta de mercado para seus produtos.
De início chegaram os revolucionários isqueiros sete lapadas e a empresa Chama Viva ficou com o estoque de *tabaqueiros todos encalhados, o que causou falência total.
Ao mesmo tempo chegou na cidade o sal pilado em pacotes de quilos, O que fez com que a empresa Salpilado do Alex entrasse em falência.
Em seguida chegaram os refrigerantes Crush e Grapete, que invadiram o mercado fazendo com que todo o estoque de aluá ficasse estragado, causando assim a falência também da: Aluá do Balbino.
Depois foi a vez da chegada dos cigarros BB e Globo para invadir o mercado do Cheiro de Tabaco.
Só quem resistiu a crise foi a Rosário Bento, que trocou a atividade de rosário de coco para quebra queixo.

* Tabaqueiro, na linguagem popular é a mesma coisa de artifício. Que funciona como isqueiro.


Para aqueles que chegaram por último no Sanharol.

5 comentários:

  1. É...

    Mundim do Vale do Machado:

    Cada conto seu, representa uma realidade de Várzea Alegre dos tempos de outrora.

    Parabéns pela excelente memória e pelos gloriosos resgates.

    O bom é que em Várzea Alegre, não se resgata somente atos e fatos daqueles que fizeram história através da mídia.

    O resgate maior vem daquelas pessoas simples que viveram no anonimato, e se não fosse o Blog do Sanharol, continuaríamos sem conhecer sua história.

    Parabéns Mundim, por tudo que você tem nos proporcionado.

    Abraços do

    Vicente Almeida

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  2. Mundim: fui cliente em algumas destas estabelicimentos, rsrsrs; pricipalmente no sal pilado do Alex; e do rosario bento, que logo virou quebra queixo: bom resgate mundim.Abraço carinhoso, Farima.

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  3. Mundim.

    Quem não acompanha o progresso fica pra traz. Muito bom. Conheci todos os empresarios citados na historia. Fui cliente do Inacio na epoca do quebra queixo. Eita bicho bom.

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  4. Como sou do seu tempo... as suas histórias tomam forma em minha memória...

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  5. Eu também fui cliente do seu Inácio, morava na mesma rua. lembro muito bem do quebra-queixo.

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