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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia de Finados - Nascer para o alem.


Há quem morra todos os dias. Morre no orgulho, na ignorância, na fraqueza. Morre um dia, mas nasce outro. Morre a semente, mas nasce a flor. Morre o homem para o mundo, mas nasce para Deus.
Assim, em toda morte, deve haver uma nova vida. Esta é a esperança do ser humano que crê em Deus. Triste é ver gente morrendo por antecipação... De desgosto, de tristeza, de solidão. Pessoas fumando, bebendo, acabando com a vida. Essa gente empurrando a vida. Gritando, perdendo-se. Gente que vai morrendo um pouco, a cada dia que passa.
E a lembrança de nossos mortos, despertando, em nós, o desejo de abraçá-los outra vez. Essa vontade de rasgar o infinito para descobri-los. De retroceder no tempo e segurar a vida. Ausência: porque não há formas para se tocar. Presença: porque se pode sentir. Essa lágrima cristalizada, distante e intocável. Essa saudade machucando o coração. Esse infinito rolando sobre a nossa pequenez. Esse céu azul e misterioso. Ah! Aqueles que já partiram! Aqueles que viveram entre nós. Que encheram de sorrisos e de paz a nossa vida. Foram para o além deixando este vazio inconsolável. Que a gente, às vezes, disfarça para esquecer. Deles guardamos até os mais simples gestos. Sentimos, quando mergulhados em oração, o ruído de seus passos e o som de suas vozes. A lembrança dos dias alegres. Daquela mão nos amparando. Daquela lágrima que vimos correr. Da vontade de ficar quando era hora de partir. Essa vontade de rever novamente aquele rosto. Esse arrependimento de não ter dado maiores alegrias. Essa prece que diz tudo. Esse soluço que morre na garganta...
E... Há tanta gente morrendo a cada dia, sem partir. Esta saudade do tamanho do infinito caindo sobre nós. Esta lembrança dos que já foram para a eternidade. Meu Deus! Que ausência tão cheia de presença! Que morte tão cheia de esperança e de vida!
Padre Juca

2 comentários:

  1. No dia de finados, as lagrimas brilham em nossos olhos, mas onde vai uma lagrima, vão muitas flores. E onde vão flores e lagrimas vão acima de tudo a lembrança e a saudade.
    A. Morais

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  2. É...

    Para mim, dia de finados, não é exatamente um dia de tristeza, pois é o dia em que todos os que partiram são lembrados e recebem com mais intensidade, muitas orações e carinho dos que ainda estão a perambular pelo solo terreno.

    No coração do homem, Deus plantou duas certezas: a da do retorno á Pátria Celestial, em dia e hora desconhecidos, e a do reencontro de entes queridos na eternidade.

    Por isso mesmo, devemos sentir saudades, mas, lamentar nunca!

    Quando lamentamos, estamos sem querer, julgando a vontade de Deus Todo Poderoso e infinitamente Misericordioso. Quem já compreende a misericória Divina, nada mais teme.

    Todo aquele que é apegado aos bens materiais, teme a morte. Mas os que já estão ligados aos dons do espírito, pouco ou nada receiam.

    Simplesmente confiam, e confiam nos ensinamentos que Jesus Cristo nos legou.

    O amor transcende a vida corporal e se instala na vida espiritual. É um dom do espirito.

    Vicente Almeida

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