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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O DITO PELO NÃO DITO - Por Mundim do Vale


No sítio Lagoa dos Órfãos, no município de Várzea Alegre Expedito Xavier ( Ditoso ) tinha uma propriedade que extremava com um terreno do Sr. Nonato Rolim, que era administrado por Expedito Cupira, pessoa da extrema confiança do proprietário. Os dois Expeditos viviam em constantes conflitos, em virtude da invasão de animais de uma propriedade para outra.
Certa vez os dois quase se mataram, não tendo acontecido o pior, graças a rápida intervenção do Sr. Jocel Batista. Depois daquele acontecido o promotor mandou chamar os dois no cartório para tentar uma conciliação. No dia marcado Expedito & Expedito, compareceram. O promotor mandou que os dois entrassem, eles entraram, tiraram os chapéus e deram bom dia tudo ao mesmo tempo, como se fosse uma peça de teatro bem ensaiada.
O promotor perguntou :- Quem é o Sr. Expedito? Os dois responderam igual: É eu seu doutor! A autoridade ignorando a coincidência falou: Meus senhores nós não estamos aqui para brincadeiras. O assunto é sério. Mais é divera doutor eu sou Expedito Xavier e essa coisa qui vei mais eu, é Expedito Cupira primo carnal do cão.
O conciliador fez sinal para que Ditoso se acalmasse e pediu que cada um falasse, sem que o outro interrompesse. Terminada a história de cada um, o promotor falou que só havia um meio de resolver a questão. Era fazer uma cerca na extrema dos terrenos e dividir as despesas para os dois. Os dois responderam ao mesmo tempo: Mais nós num pode fazer a ceica doutor: Então tem uma solução mas é meio complicada: E qualo é? – Vocês pastoram os animais de dia e de noite, porém se houver a invasão e o animal for abatido ninguém será responsabilizado perante a lei tá certo assim? – Tá doutor. Responderam os dois.
Tudo ia muito bem até o dia que Expedito Cupira amarrou uma das suas cabritas num tronco de angico e ficou escondido. Quando a cabrita começou a berrar, correu um bode do terreno de Ditoso e cobriu a cabrita. Cupira chegou com um cacete de jucá deu uma cacetada que o bode caiu sem nem berrar.
Ditoso soube da ocorrência contada pelo seu pastorador foi direto dizer ao promotor que Cupira tinha matado o bode da sua filha caçula. O promotor mandou chamar Cupira e foi logo perguntando: Seu Cupira porque o senhor atraiu o bode da filha do Senhor Ditoso para a propriedade do seu patrão e o matou? – Foi assim seu Doutor: Eu cheguei lá no terreno do patrão e ele tava inriba da cabrita da minha afiada fazendo escandelo, eu mandei ele disapiar e ele num quis. Aí eu dei só um cocorote nele. Ele num salevantou mais aí eu tirei o couro e levei a carne pra casa. Qui era prumode num ajuntar arubu no terreno do patrão. O promotor fez que acreditou e dispensou Cupira. Quando Ditoso soube de que nada tinha acontecido com Cupira, foi tratando de desenvolver uma vingança. Foi na bodega de Zé Augusto, comprou uma corda de vinte metros e levou pra casa.
No dia seguinte foi até a divisa do terreno fez um laço na ponta da corda e ficou na espreita. De repente passava um novía de porca no terreno do patrão de Cupira, ele laçou, arrastou para o seu terreno e deu logo um golpe de machado na cabeça.
Cupira quando soube foi correndo dizer ao promotor:- Doutor. O condenado do Ditoso qui divia de ser Tinhoso, matou a porca de mãe. – Talvez tenha sido para vingar o bode da filha dele: É mais num pode ficar assim não. O Doutor ía achar bom se um cabra matasse a porca da sua mãe?
Para tentar evitar mais questão o conciliador mandou chamar Ditoso e perguntou: Seu Ditoso. Porque o senhor abateu a porca da mãe do Sr. Cupira? Foi assim doutor. Eu tava no aceiro do meu terreno trenando cum minha corda nova de laçar, de repente a porca passou e botou a cabeça no laço. Aí Cuma eu num quiria perder minha corda. Eu arrastei e ela vei dento. Ai eu dei um cascudo nela cum o machado. Mais ou bicha frouxa da gota serena só era aquela porca da mãe de Cupira. E tem mais uma. A bicha era tão miúda que quem comeu foi meus minino. Eu só comi o rabo dela.
ENTÃO FICA O DITO PELO NÃO DITO.


Mundim do Vale

5 comentários:

  1. Mundim.
    Quanta confusão por conta dos Expeditos.

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  2. Morais. Obrigado por ter corrigido
    a linhagem desse causo, eu digito bem direitinho em outro progama, mas quando chega no blog muda e eu não sei como corrigir.
    Abraço.
    Mundim.

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  3. Mundim.

    No local da postagem tem o alinhamento. Aparece em cima. Alinhar a direita, centro e esquerda. Da proxima vez tente. Não se preoculpe. Quando for em Janeiro no aniversario de ano do Blog voce vem ao Crato comer um bode e passaremos umas lições. O importante voce sabe fazer: Criar as proezas, os causos, as cruezas. Parabens primo.

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  4. Morais. Eu aceito o convite pra comer o bode desde que não seja o da filha de Ditoso.
    Abraço.
    Mundim.

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  5. Morais. Eu aceito o convite pra comer o bode desde que não seja o da filha de Ditoso.
    Abraço.
    Mundim.

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