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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mostrou o pau e não matou a cobra - Por Mundim do Vale

Certa vez Maria de Lourdes Sobreira ia para o Sanharol, quando chegou na cabeça a ladeira de Pedro Beca, avistou uma rodia de cobra cascavel pronta para o ataque. Muito assustada Maria desceu a ladeira mais ligeiro do que noticia de separação de casal. Quando chegou no pé da ladeira, encontrou Zé Terto com um landuá na mão. Muito cansada Maria pediu: Zé Terto, meu fi, me faça um favor! Qualo? Vá lá no aceiro daquela cerca e mate uma cobra que tem lá. É pra já. Terto pegou uma vara da cerca e foi até o local, mas não teve coragem de encarar a cobra.

A cascavel jogou um bote, ele soltou o pau e correu muito mais rápido do que Maria tinha corrido. Maria não gostou da covardia do seu salvador e começou logo a fazer ofensas: Deixa de ser mole nego frouxo. Tu queria era sentar na cobra? Parece que não é ome? "Êpa! Num venha me insculhambar não. Eu sou preto mas sou ome. Quer saber se eu num sou ome? Arrepare aqui"! Dizendo aquilo, ele arreou o calção e balançou os pissuidos.

Foi nessa hora que ela viu a coisa preta. Depois daquela cena Maria saiu indignada e foi fazer queixa a Antônio Costa, que era o Delegado Civil de Várzea-Alegre. O delegado mandou que um soldado fosse buscar o sujeito para ser interrogado. Quando Zé Terto chegou o delegado fez a inquirição: Zé Terto eu tenho uma denuncia muito grave contra sua pessoa. Foi verdade que você mostrou o "dito cujo" a Maria de Loudes? Foi divera seu Toim! Mas foi pruque ela me insculhambou, me chamou de nego frouxo e dixe qui eu num era ome, ai eu amostrei, que era prumode provar qui sou ome". Pois eu vou lhe dar cinco dias de xadrez!

Depois da prisão, Borboleta que era amigo do preso, saiu correndo e foi até a ANCAR para contar a Nicacia, que era irmã adotiva de Zé Terto. Nicacia saiu a procura de António Costa e quando o encontrou perguntou: Seu Toim! O que foi que Zé Terto fez para o Senhor botar ele na cadeia? Ele mostrou o pau e não matou a cobra! Respondeu o delegado.

Dedico esse causo. Ao Dr. Flávio Cavalcante. Neto do personagem principal.

2 comentários:

  1. Reprise de uma das postagens mais engraçadas do Mundim do Vale. Quem conheceu os personagens atesta o testemunho do causo.

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  2. Mundin...
    Muito boa história. Obrigado por me dedicar a história. Eu fui delegado, mas infelizmente não herdei a sabedoria do meu querido avô....
    Grande abraço...

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