Empurrada goela abaixo da população, a imposição da forma de governo republicana no Brasil ocorreu por meio de um golpe militar. O primeiro, aliás, de uma série que os brasileiros vivenciariam nas décadas seguintes...
Mas, enfim, hoje ocorre mais um aniversário da “proclamação” da República. E, como sempre, a maioria do povo não sabe, sequer, o motivo deste feriado. Um fato sintomático: neste 15 de novembro haverá -- em várias capitais de estados – mais uma rodada das marchas contra a corrupção que tomou conta do país.
Na verdade, o Brasil nasceu sob a monarquia. E sob a monarquia viveu 389 anos de sua história, de 1500 a 1889. Libertado do domínio português – em 7 de setembro de 1822 – o Brasil continuou como monarquia. O império consolidou o Brasil como uma grande nação, enquanto a América espanhola era fatiada em muitas republiquetas, algumas delas – ainda hoje – dominadas por caudilhos.
Como monarquia, o Brasil, teve sua mais longa Constituição, a que vigorou entre 1824 e 1889 e nunca foi violada. Possuía uma moeda estável e forte (o mil réis), tinha a segunda Marinha de Guerra do Mundo, teve os primeiros Correios e Telégrafos da América, foi uma das primeiras Nações a instalar linhas telefônicas e o segundo país do globo a ter selo postal. Na política era administrado pelo civilizado regime parlamentarista. E o Parlamento do Império ombreava com o da Inglaterra. A diplomacia brasileira era uma das primeiras do mundo, tendo o Imperador Pedro II sido árbitro em disputas ocorridas entre a França, Alemanha e Itália. Aliás, o imperador Pedro II era a segunda autoridade moral do mundo de então, logo depois do Papa.
E o que tem sido a República nestes 122 anos desde que foi instaurada sem consulta popular? Um ex-governador de São Paulo, Franco Montoro, gostava de lembrar que República vem de “res-publica” (coisa pública) e não de “Cosa Nostra”, o que ela virou nos últimos anos... Em recente artigo, o historiador Marcos Antônio Villa definiu bem os dias atuais da república brasileira:
“Constituições, códigos, leis, decretos, um emaranhado legal caótico. Mas nada consegue regular o bom funcionamento da democracia brasileira. Ética, moralidade, competência, eficiência, compromisso público simplesmente desapareceram. Temos um amontoado de políticos vorazes, saqueadores do erário. A impunidade acabou transformando alguns deles em referências morais, por mais estranho que pareça.
“Vivemos uma época do vale-tudo. Desapareceram os homens públicos. Foram substituídos pelos políticos profissionais. Todos querem enriquecer a qualquer preço. E rapidamente. Não importam os meios. Garantidos pela impunidade, sabem que se forem apanhados têm sempre uma banca de advogados, regiamente pagos, para livrá-los de alguma condenação.
“São anos marcados pela hipocrisia. Não há mais ideologia. Longe disso. A disputa política é pelo poder, que tudo pode e no qual nada é proibido. Pois os poderosos exercem o controle do Estado - controle no sentido mais amplo e autocrático possível. Feio não é violar a lei, mas perder uma eleição, estar distante do governo.
“Neste universo sombrio, somente os áulicos - e são tantos - é que podem estar satisfeitos”.
Precisa dizer mais?
Prezado Armando.
ResponderExcluirUm dos piores problemas da Republica atual é a desmoralização da justiça. Nomeado pelo poder o togado fica a dever favor.
Amanhã postarei um texto da Ministra Eliana Calmon intitulado "Bandidos de Toga". Veja, é da autoria de uma componente de um Tribunal Federal.
No impedimento do Fernando Collor, Barbosa Lima Sobrinho entregou o processo, enquanto os estudantes entregaram um ramalhete de flores ao Presidente do Supremo Sidnei Sanches. Pergunto: No Supremo de hoje tem ministro com a postura do Ministro Sidney: Para abrir o processou que culminou com a cassação do Presidente? Certamente não!
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