Na minha infância, na rua em que residia, poucos tinham o aparelho à válvulas, chamado de “rabo quente”.
Era ligado na corrente elétrica e precisava de um tempo para “esquentar”.
Época das emissoras em ondas médias, curtas, tropicais e frequência modulada.
Na casa, para utilização de todos da família possuíamos um possante Telefunken, de dial colorido e bonito.
Por ele, viajávamos nas programações das rádios Bandeirantes, Globo, Tupi, Mayrink Veiga, Mauá e tantas outras.
Com a chegada do aparelho transistor, o rádio teve um tremendo impulso, principalmente nos estádios de futebol.
Compramos um, da marca ABC, com menor incidência de ruídos.
Mas, foi logo depois de acompanhar a Copa do Mundo de 1958, conquistada pelo Brasil, que a nossa ligação com o rádio foi além da condição de ouvinte.
Ingressamos na profissão de radialista, onde depois de exercer várias funções, terminamos como comentarista esportivo.
Costumo dizer que o rádio me salvou. Nunca mais abri mão de sua companhia, mesmo fora das atividades profissionais.
Carrego um radinho de pilha como fiel companheiro de todas as horas.
Tenho certeza de que muita gente no mundo faz a mesma coisa.
Fui levado a escrever esta croniqueta ao ler o depoimento do jornalista esportivo Ricardo Porto, em seus devaneios:
“Recluso, radinho de pilha colado ao ouvido, busco nas quase extintas sintonias do AM um sopro de esperança. Não ver o jogo me consola, me atiça a memória. Ouvir de alguma forma estimula a imaginação, que corre solta entre as vinhetas e bordões de narradores, entre os chiados constantes quando se avizinham as nuvens carregadas de chuva, que transformam a transmissão radiofônica em guerra eletromagnética”.
Bravo !
Lembranças do meu tempo. Ouvindo Fiori Gigliote na Bandeirantes narrando os gols de Pelé/Coutinho. Eram tantos Gols que o som fugia e ao retornar o gol já era outro.
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