O ENCONTRO DE SÃO RAIMUNDO NONATO COM GETÚLIO VARGAS NA FESTA DE AGOSTO
Dedico ao Major Joaquim Alves
Parte I:
No picadeiro do sonho,
No palco da ilusão,
Eu vislumbrei uma cena
Com bem formada emoção,
Que me fez pensar bastante
E fazer reflexão.
Um Encontro Mundial
De Oradores, havia:
Num palco improvisado,
De sutil alegoria,
Bem na frente do Cruzeiro
Isolado, que ousadia!
O cruzeiro é uma cruz
Fincada num pedestal,
Que no patamar da igreja
Tem o seu ponto normal,
Pois representa Jesus
No martírio crucial.
Todavia, em Várzea Alegre
Um contraste aconteceu:
Fincaram-no isolado,
Porém ninguém percebeu
As casas em construção
Cobrindo o seu apogeu.
Esse histórico local
Pelo meu sonho lembrado
Encontra-se a poucos metros
De um local muito afamado:
A Esquina de Zé Bitu
Um ponto já consagrado.
Se você andar um pouco
Nessa mesma direção
Encontrará a capela
De um santo que tem ação:
O famoso Santo Antônio
O defensor da paixão.
Tinha padres e políticos
Cantadores, repentistas,
Muitos santos milagreiros,
Escritores e artistas
Diretores importantes
De jornais e de revistas.
Enobrecendo o cenário
Vi uma imagem real:
Verifiquei São Raimundo
Com traje tradicional
Enxerguei Getúlio Vargas
Figurão nacional.
Da Índia, encontrei o Ghandi
Da Bahia, o Rui Barbosa
Da Argentina, a Evita
Figura muito famosa,
E daqui do Ceará
Quintino Cunha era a prosa.
Outros vultos importantes
Davam brilho à ocasião:
Padre Vieira e Bidinho
Numa outra posição,
Joaquim Alves e Otacílio
Aguardavam com atenção.
O palco foi planejado
Para servir ao evento.
Com dois metros de altura
Sem cobrir o monumento
No Cruzeiro avistávamos
Bela cruz vibrar ao vento.
As duas extremidades
Laterais da grande cruz
Ornamentadas com fitas
De cor rubra, que reluz,
Algumas verde-amarelas
E outras brancas, como a luz.
As fitas verde-amarelas
Vinham homenagear
O presidente Getúlio,
O estadista popular,
Porém, as rubras e brancas
São Raimundo, demonstrar.
O Santo e o Presidente
Sentiram-se comovidos
Vendo as fitas tremulando
Com os tons bem escolhidos
E fitando enorme festa
Ficaram envaidecidos.
O primeiro a discorrer
Foi o santo padroeiro
Da cidade dos contrastes
São Raimundo verdadeiro,
De oratória soberana
E discurso alvissareiro.
Narrou toda a sua história
Com sagaz erudição:
Que veio ao mundo por sorte,
Pela força da oração
Pois teve a sua mãe morta
No final da gestação;
Que pra não morrer no útero
Da sua mãe, tão pequeno,
Do ventre dilacerado
Retiraram-no, sereno,
Vindo ao mundo com a missão
De torná-lo mais ameno.
Falou com muita eloquência
Da fé e da piedade
Da sua missão na África
Em busca da liberdade
Dos cristãos que padeciam,
Que sofriam de verdade.
Relembrou o seu martírio
E a sua grande aflição
Quando calaram a sua voz
Tirando o seu vozeirão
Colocando um cadeado
Nos lábios por perversão.
Retornou pra à sua Espanha
Com distinta aclamação.
O papa Gregório IX
Cedeu-lhe honrosa moção
Transformando-o em cardeal
Com justíssima razão.
Ao chegar em Barcelona
Viu-se livre do tormento
E não querendo o conforto
Do palácio cem por cento
Buscou morar muito humilde
Nas celinhas do convento.
Em trinta e um de agosto,
De doença natural,
Parte do mundo dos vivos,
Deixa de ser um mortal
E o grande papa Alexandre
Torna-lhe santo, afinal.
Hoje é muito relembrado
Por seu exemplo de vida:
O trabalhador rural
Faz-lhe festa merecida
Daí ser muito exaltado
Tendo a glória garantida.
O Ghandi falou da paz
Pregou a não violência
Externou as suas ideias
Demonstrando coerência,
Da liberdade da Índia
Falou com muita eloquência.
Rui Barbosa fez valer
A fama internacional
Mostrando àquela plateia
Que em Haia fez bem legal
Convencendo todo o mundo
Ser intelectual.
Evita foi contundente
Defendendo o Peronismo,
Mostrou ser mulher bem forte
Demonstrando altruísmo,
Pois governou a Argentina
Sem ostentar egoísmo.
Quintino Cunha deu um show
Na sua apresentação
Fez piadas de improviso
Foi aquela animação
Enlouquecendo os jurados
Com tamanha gozação.
Padre Vieira exultou
O humilhado jumento,
Defendendo os animais
Enalteceu o momento,
Tirou risos da platéia
Deu mais brilho ao movimento.
Bidinho e Otacílio
Com caras de gozação
Conversavam na platéia
Com muita descontração.
E apreciando o momento
Demonstravam atenção.
De pé, em outra calçada,
Via-se o papai Raimundo
Com o seu filho Joaquim
Sem perder um só segundo,
Pois festa desse quilate
Não existia no mundo.
Fim da 1ª Parte.
Parte I:
No picadeiro do sonho,
No palco da ilusão,
Eu vislumbrei uma cena
Com bem formada emoção,
Que me fez pensar bastante
E fazer reflexão.
Um Encontro Mundial
De Oradores, havia:
Num palco improvisado,
De sutil alegoria,
Bem na frente do Cruzeiro
Isolado, que ousadia!
O cruzeiro é uma cruz
Fincada num pedestal,
Que no patamar da igreja
Tem o seu ponto normal,
Pois representa Jesus
No martírio crucial.
Todavia, em Várzea Alegre
Um contraste aconteceu:
Fincaram-no isolado,
Porém ninguém percebeu
As casas em construção
Cobrindo o seu apogeu.
Esse histórico local
Pelo meu sonho lembrado
Encontra-se a poucos metros
De um local muito afamado:
A Esquina de Zé Bitu
Um ponto já consagrado.
Se você andar um pouco
Nessa mesma direção
Encontrará a capela
De um santo que tem ação:
O famoso Santo Antônio
O defensor da paixão.
Tinha padres e políticos
Cantadores, repentistas,
Muitos santos milagreiros,
Escritores e artistas
Diretores importantes
De jornais e de revistas.
Enobrecendo o cenário
Vi uma imagem real:
Verifiquei São Raimundo
Com traje tradicional
Enxerguei Getúlio Vargas
Figurão nacional.
Da Índia, encontrei o Ghandi
Da Bahia, o Rui Barbosa
Da Argentina, a Evita
Figura muito famosa,
E daqui do Ceará
Quintino Cunha era a prosa.
Outros vultos importantes
Davam brilho à ocasião:
Padre Vieira e Bidinho
Numa outra posição,
Joaquim Alves e Otacílio
Aguardavam com atenção.
O palco foi planejado
Para servir ao evento.
Com dois metros de altura
Sem cobrir o monumento
No Cruzeiro avistávamos
Bela cruz vibrar ao vento.
As duas extremidades
Laterais da grande cruz
Ornamentadas com fitas
De cor rubra, que reluz,
Algumas verde-amarelas
E outras brancas, como a luz.
As fitas verde-amarelas
Vinham homenagear
O presidente Getúlio,
O estadista popular,
Porém, as rubras e brancas
São Raimundo, demonstrar.
O Santo e o Presidente
Sentiram-se comovidos
Vendo as fitas tremulando
Com os tons bem escolhidos
E fitando enorme festa
Ficaram envaidecidos.
O primeiro a discorrer
Foi o santo padroeiro
Da cidade dos contrastes
São Raimundo verdadeiro,
De oratória soberana
E discurso alvissareiro.
Narrou toda a sua história
Com sagaz erudição:
Que veio ao mundo por sorte,
Pela força da oração
Pois teve a sua mãe morta
No final da gestação;
Que pra não morrer no útero
Da sua mãe, tão pequeno,
Do ventre dilacerado
Retiraram-no, sereno,
Vindo ao mundo com a missão
De torná-lo mais ameno.
Falou com muita eloquência
Da fé e da piedade
Da sua missão na África
Em busca da liberdade
Dos cristãos que padeciam,
Que sofriam de verdade.
Relembrou o seu martírio
E a sua grande aflição
Quando calaram a sua voz
Tirando o seu vozeirão
Colocando um cadeado
Nos lábios por perversão.
Retornou pra à sua Espanha
Com distinta aclamação.
O papa Gregório IX
Cedeu-lhe honrosa moção
Transformando-o em cardeal
Com justíssima razão.
Ao chegar em Barcelona
Viu-se livre do tormento
E não querendo o conforto
Do palácio cem por cento
Buscou morar muito humilde
Nas celinhas do convento.
Em trinta e um de agosto,
De doença natural,
Parte do mundo dos vivos,
Deixa de ser um mortal
E o grande papa Alexandre
Torna-lhe santo, afinal.
Hoje é muito relembrado
Por seu exemplo de vida:
O trabalhador rural
Faz-lhe festa merecida
Daí ser muito exaltado
Tendo a glória garantida.
O Ghandi falou da paz
Pregou a não violência
Externou as suas ideias
Demonstrando coerência,
Da liberdade da Índia
Falou com muita eloquência.
Rui Barbosa fez valer
A fama internacional
Mostrando àquela plateia
Que em Haia fez bem legal
Convencendo todo o mundo
Ser intelectual.
Evita foi contundente
Defendendo o Peronismo,
Mostrou ser mulher bem forte
Demonstrando altruísmo,
Pois governou a Argentina
Sem ostentar egoísmo.
Quintino Cunha deu um show
Na sua apresentação
Fez piadas de improviso
Foi aquela animação
Enlouquecendo os jurados
Com tamanha gozação.
Padre Vieira exultou
O humilhado jumento,
Defendendo os animais
Enalteceu o momento,
Tirou risos da platéia
Deu mais brilho ao movimento.
Bidinho e Otacílio
Com caras de gozação
Conversavam na platéia
Com muita descontração.
E apreciando o momento
Demonstravam atenção.
De pé, em outra calçada,
Via-se o papai Raimundo
Com o seu filho Joaquim
Sem perder um só segundo,
Pois festa desse quilate
Não existia no mundo.
Fim da 1ª Parte.
PREFACIO
ResponderExcluirO Encontro de São Raimundo Nonato com Getúlio Vargas na Festa de Agosto, materializado em versos pelo médico-poeta ou poeta-médico Sávio Pinheiro traz no contexto de suas estrofes, um tema polêmico, atual e interessante: a controvérsia sobre a mudança do nome de ruas, praças e avenidas públicas.
Com efeito, essas variações autorizadas ultimamente por parlamentares das três esferas de governo vêm provocando discussões acaloradas no seio da sociedade e por conta disso não poderiam, jamais, passar desapercebidas na mente prodigiosa e irreverente do inquieto Zé Poivinha.
Por ventura existiria momento mais adequado para se discutir esse tema, senão, a festa de agosto? Claro que não!
Assim, Sávio Pinheiro, em plena efervescência do novenário, arma no picadeiro dos sonhos, um grande palco surrealista, cheio de mistérios, onde os vivos parecem defuntos e os defuntos parecem vivos, trazendo para participar da festa do querido padroeiro, personalidades históricas e entes queridos que já se foram como o próprio São Raimundo, Getúlio Vargas, Rui Barbosa, Quintino Cunha, Padre Vieira, Bidinho, Joaquim Alves, Otacílio Correia, Luiz Diniz, Chico de Louso, dentre outros.
Com efeito, Sávio Pinheiro se antecipa ao Projeto de Lei 608/03 que tramita pela Comissão de Educação e Cultura do Congresso Nacional proibindo a alteração dos nomes de ruas, avenidas e monumentos públicos em uso há pelo menos 15 anos. A mudança, pelo texto, só poderia ser feita por vontade popular plebiscitária.
Mário Leal
Advogado, escritor, jornalista, professor universitário e detentor da medalha do mérito intelectual Padre Antônio Vieira
Morais,
ResponderExcluirEste trabalho possui 163 estrofes, que serão divididas em quatro partes; portanto, nas quatro sextas-feiras do mês de março de 2011.
Um abraço.
Este prefacio do Dr. Mario Leal merece todo louvor. Os legisladores municipais, os senhores vereadores se transformam em urubus em busca da familia quando morre um chefe de familia. Eles não respeitam a memoria do mrto, eles veem os votos dos vivo. Tanto é que com a mesma facilidade que homenageia trocamo homenageado.
ResponderExcluirDr. Savio.
Traga-nos por completo o confronto/dialogo de São Raimundo com o Getulio.
MUITO BOA A POESIA TALVEZ MELHOR QUE O TEMA. RELEMBRAR BIDINHO DE PERNA CRUZADA CONVERSANDO COM OTACÍLIO CORREIA.. MUITO BOA MESMO. E MAIS QUE OPORTUNA A CHAMADA DE ATENÇÃO PARA TANTA MUDANÇA DE NOMES DE LOGRADOUROS PÚBLICOS.ACHO QUE ALGUMAS HOMENAGENS NAO DEVERIA TEREM SIDO FEITAS. MAS JÁ AAS MESMAS PASSAM A FAZER PARTE DA HISTÓRIA. PODERIA SE PENSAR EM TRATAR COM MAIOR DEDICAÇÃO ESSES TEMAS.
ResponderExcluirZé Sávio, que mente brilhante !!!
ResponderExcluirVocê surpreende a cada "escrita" e nos presenteia sempre com bons textos. Trata em verso e prosa temas polêmicos com uma boa pitada de humor que lhe é peculiar.
Beijos e bom carnaval!!
Dr. Sávio Pinheiro
ResponderExcluirConfesso que esse seu "Sexta de Textos" foi um dos mais difíceis de comentar dado a qualidade do trabalho de cordel o brilhantismo do prefacio e demais comentários. O cordel foi uma aula de conhecimento dos vultos nacionais, internacionais e locais. falou de tudo sem fazer uma salada russa. Já aguardo ansioso pelos próximos capítulos.
A cada dia que abro o blog do sanharol aprendo uma coisa nova. Recomendo esse blog para aqueles que desejarem ocupar suas mentes.
E quem estiver com a mente ocupada, desocupe aqui.