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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 15 de março de 2013

ENVIADO POR AMIGOS DE DEUS


Quando a Rainha Vitória, da Inglaterra, era já de idade avançada, achava grande prazer em andar incógnita pelas ruas da cidade de Londres. Ela era amada por todos os moradores do Reino Unido por sua bondade.

Uma tarde, sozinha, passava por um bairro pobre, habitado por operários, quando caiu uma chuva torrencial . Aproximou-se de uma casa de operário e pediu um guarda-chuva emprestado. A mulher, dona de casa, abriu a porta e atendeu, meio desconfiada, olhando a rainha, mas sem saber quem era, sem saber com quem estava falando. Depois de responder com pouca vontade, voltou ao interior da casa (deixando a velhinha ensopada à porta de sua casa), dizendo consigo mesma: "Tenho dois guarda-chuvas, um velho e muito feio, e o novo que uso aos domingos e em passeios. Vou emprestar-lhe o velho, porque certamente não voltará." E, dizendo estas palavras, pegou o guarda-chuva velho que estava num canto do quarto e voltou, pedindo desculpas nestes termos: "A senhora me desculpe, tenho este guarda-chuva um pouco usado, mas é o que lhe posso arranjar". A rainha recebeu o guarda-chuva velho e furado. Abriu-o e disse que estava muito bom. Agradeceu e prometeu que no dia seguinte, sem falta, mandaria um portador trazê-lo de volta. Despediu-se com mil agradecimentos e um grande sorriso. (Não se esqueceu de tomar nota do nome da rua e do número da casa.)

A mulher fechou a janela, resmungando entre os lábios: "Ah, eu sei que aquele não volta mais... Vá lá.... faze o bem, não olhe a quem..." No dia seguinte notou-se um movimento extraordinário no bairro pobre dos operários. Todos chegavam às janelas para ver e saber o que acontecia. A carruagem do palácio real aproximava-se vagarosamente da porta do operário onde, na véspera, a rainha Vitória pedira o guarda-chuva. Da carruagem saltou um mensageiro corretamente vestido, que bateu à porta. Quando a dona da casa abriu a janela, ficou assustada e perguntou o que era, de que se tratava.

O mensageiro, mui gentilmente, perguntou se fora ela que, no dia anterior, emprestara um guarda-chuva. A mulher respondeu que sim. Indagando quem era aquela senhora que pedira o guarda-chuva emprestado, o mensageiro, descobrindo-se, respondeu: Minha senhora, quem esteve ontem aqui, à sua porta, foi seu majestade a rainha Vitória da Inglaterra. A senhora teve o privilégio de receber em sua casa a mulher mais amada deste reino.". E, entregando-lhe o guarda-chuva (velho e furado que havia sido emprestado), o mensageiro passou também às mãos da pobre mulher um envelope, dizendo: "Senhora, aqui esta o guarda-chuva que V.S. emprestou à rainha. Ela mandou agradecer-lhe e me mandou entregar-lhe este presente que tenho a honra de passar as suas mãos"

E, inclinando-se, saudou a pobre mulher e entrou na carruagem que rodou de volta ao palácio real. A mulher abriu o envelope e viu que a rainha lhe mandara em dinheiro, um presente que valia mais de cem guarda-chuvas novos. No mesmo momento as vizinhas cercavam-na e ela exclamava, cheia de emoção: "Ah! Ah! minha rainha, Ah! minha rainha! Se eu soubesse que era ela, teria dado o guarda-chuva novo. Se eu soubesse, teria dado o melhor..." Aquela mulher nem convidou a Rainha para entrar em sua casa. Suas lamentações foram, porém, em vão., Nunca mais teve oportunidade de ver a rainha, de prestar-lhe pessoalmente um favor. Ela perdera a única oportunidade de sua vida.

Conclusão

Quantas vezes estamos perdendo a oportunidade de receber Deus em nossa casa e em nossa vida quando negamos ajuda a quem necessita. Quando não compartilhamos. Quando não repartimos.

O egoísmo, a vaidade, a usura e o desamor tem sido constante em muitos corações ávidos pelo TER e não pelo SER.

Como aconteceu com aquela senhora, assim acontece com muita gente que nega ao Rei dos Reis, ao Senhor dos Senhores, o melhor de seus dons.

Jesus nos visita, e nos pede alguma coisa, mas, muitas vezes fechamos a porta ou, quando muito, lhe emprestamos um guarda-chuva velho, isto é: o pior que temos, a sobra, o que está sobejando, o que não já presta mais, o que é inútil... O que já não tem valor em nossa vida.

O grande rei Davi, ao conversar com Araúna, em II Samuel 24.24, disse:  "Não, porem por certo preço to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada."

O que estamos oferecendo ao Senhor? Muitas vezes Deus se apresenta diante de nós como um menino ou uma menina abandonada ou como um mendigo faminto e maltrapilho.

"Tudo o que você fizer a um destes meus pequeninos, a mim você está fazendo, disse Jesus." (Evangelho de Mateus 25.40)

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