Lamentavelmente, devido ao estilo de vida e à mentalidade consumista,
diria mesmo, materialista e quase pagã, dominante na atual sociedade, as
novas gerações pouco sabem desse tradicional culto aos patronos ou
padroeiros, que vêm dos nossos antepassados.
Em Crato
Vitral existente na Capela do Santíssimo, da Catedral de Crato
À
esquerda, a Mãe do Belo Amor, primeira imagem de Nossa Senhora venerada
nesta cidade. À direita, São Fidelis de Sigmaringa, a quem a primeira
capelinha (construida por Frei Carlos de Ferrara) também foi dedicada.
Por isso, em 24 de abril de 2013, São Fidelis foi oficializado
Co-Padroeiro da cidade de Crato, através de decreto de Dom Fernando
Panico.
Que Nossa Senhora da Penha é a Padroeira de Crato, desde o início da
Missão do Miranda muita gente sabe. Entretanto, o que poucos sabem é que
Crato também possui um co-padroeiro. Ou seja, um co-protetor desta
cidade, no caso, São Fidelis de Sigmaringa, cuja festa é celebrada
anualmente a 24 de abril.
Por que São Fidelis é Co-Padroeiro de Crato?
Em janeiro de 1745, conforme pesquisa do historiador Antônio Bezerra,
foi colocada numa das paredes da então rústica e humilde capelinha de
Nossa Senhora da Penha uma pedra com uma inscrição em latim. Tratava-se
do registro da consagração e dedicação do pequeno e humilde templo,
início da atual catedral de Crato. A inscrição foi feita por Frei Carlos
Maria de Ferrara, e nela constava que a capelinha fora consagrada a
Deus Uno e Trino e, de modo especial, a Nossa Senhora da Penha e a São
Fidelis de Sigmaringa, este último oficializado em 2013 como co-padroeiro de Crato.
Quem é São Fidelis?
São Fidélis, chamado no batismo Marco Rey, nasceu em Sigmaringa, na
Alemanha, em 1577. Estudou Direito em Friburgo e exerceu advocacia com
tal amor à justiça que foi chamado o “advogado dos pobres”. Era um
cristão reto e piedoso, tornando-se advogado justo e cheio de caridade.
Assumiu sempre gratuitamente a defesa dos necessitados. Aos 35 anos,
para evitar os perigos morais que comportava a sua carreira, deixou as
leis e decidiu seguir outra vocação.
Disse
alguém que ele teria deixado sua profissão de advogado pelo medo que
tinha de vir a cair em alguma daquelas injustiças que parecem
inevitáveis nesta profissão. Fez-se capuchinho em Friburgo onde tinha
frequentado os estudos de Direito. Impôs-se a si mesmo viver em
obediência, pobreza, humildade, com espírito de penitência, de
austeridade e de sacrificada renúncia. Foi ordenado presbítero em 1612,
tornando-se grande pregador da Palavra de Deus.
Eleito Guardião do Convento de Weltkirchen, na Suíça, entregou-se
fervorosa- mente ao apostolado num momento particularmente difícil da
vida da Igreja. No cantão suíço dos Grijões, verificou-se, naquela
altura, a dolorosa separação que dividiu católicos e calvinistas, tendo
degenerado em sangrenta guerra política entre os Valões e o Imperador da
Áustria. São Fidélis alimentou sempre no seu coração o desejo de
derramar o seu sangue pelo Senhor e foi ouvido por Deus. Enviado para a
Suíça pela Congregação da Propaganda da Fé com o fim de orientar uma
missão entre os hereges sucedeu que as numerosas conversões ali
verificadas lhe atraíram a ira e o ódio das autoridades que acabaram por
interrompê-lo com disparos de espingarda numa das suas pregações em
Seewis.
A seguir, foi agredido
fora da igreja em que pregara e depois ferido de morte. Seu corpo acabou
por ser barbaramente esquartejado. Era o dia 24 de abril de 1622. Tinha
45 anos. Sua morte impressionou até os seus mais acirrados inimigos e
teve como fruto imediato à pacificação entre eles. Os acontecimentos que
se seguiram imediatamente mostraram bem que o sacrifício de São Fidélis
não tinha sido em vão. É o protomártir da Sagrada Congregação da
Propaganda da Fé. Foi canonizado por Bento XIV aos 29 de junho de 1746.
(Texto e postagem de Armando Lopes Rafael)
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