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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 17 de abril de 2018

Lembrando o Visconde de Ouro Preto, o último Primeiro Ministro da honrada monarquia brasileira – por Armando Lopes Rafael


“O Parlamento no Império era uma escola de estadistas, 
na República virou uma praça de negócios". Ruy Barbosa

   Amargas e atuais palavras, essas palavras de Ruy Barbosa. Lembrei-me delas ao recordar a figura do político Afonso Celso de Assis Figueiredo – o Visconde de Ouro Preto. Nascido em Ouro Preto (MG) em 2 de fevereiro de 1836, ele faleceu no Rio de Janeiro em 21 de fevereiro de 1912. O Visconde de Ouro Preto foi o último Presidente do Conselho de Ministros do Império do Brasil, cargo que hoje chamaríamos de Primeiro Ministro. Naquela época o Brasil era uma democracia parlamentarista. E todas as decisões políticas eram feitas por parlamentares (senadores e deputados gerais) sob a vigilância do Poder Moderador, exercido pelos Imperadores brasileiros.

É de autoria do Visconde de Ouro Preto o texto abaixo, que transcrevo para o conhecimento das novas gerações. A conferir.

    "O Império não foi a ruína. Foi a conservação e o progresso. Durante meio século, manteve íntegro, tranquilo e unido território colossal. O império converteu um país atrasado e pouco populoso em grande e forte nacionalidade, primeira potência sul-americana, considerada e respeitada em todo o mundo civilizado. 

     Aos esforços do Império, principalmente, devem três povos vizinhos o desaparecimento do despotismo mais cruel e aviltante. O Império aboliu de fato a pena de morte, extinguiu a escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz interna, ordem, segurança e, mas que tudo, liberdade individual como não houve jamais em país algum. 
      
       Quais as faltas ou crimes de Dom Pedro II, que em quase cinquenta anos de reinado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais os erros praticados que o tornou merecedor da deposição e exílio quando, velho e enfermo, mais devia contar com o respeito e a veneração de seus concidadãos? A república brasileira, como foi proclamada, é uma obra de iniquidade. A república se levantou sobre os broquéis da soldadesca amotinada, vem de uma origem criminosa, realizou-se por meio de um atentado sem precedentes na história e terá uma existência efêmera!"
Visconde de Ouro Preto

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