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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 9 de outubro de 2010

Até tu Brutus – por Antônio Mourão Cavalcante (*)


Shakespeare conheceu profundamente a alma humana. Calcado na História ele construiu a extraordinária tragédia chamada Julius Caesar, um grande conquistador e herói de muitas batalhas. Ampliou enormemente as fronteiras do poderio romano. Mas a inveja dos poderosos haveria de condená-lo à morte. Espalharam que ele desejava ser uma espécie de tirano, destruindo a República. Para comandar o levante e a morte, o complô foi, dentre outros, coordenado por alguém que Júlio César sempre ajudou ao longo da vida. Uma espécie de filho querido. Brutus. Na escadaria do Senado, com sangue jorrando das artérias dilaceradas, Júlio César ainda teve tempo de constatar, dentre os que lhe apunhalavam, o filho querido. Daí a famosa frase: “Até tu, Brutus, filho meu!”

Desde domingo, quando surgiram os primeiros resultados da apuração para o Senado, configurando a trágica derrota de Tasso Jereissati, me veio à lembrança a história de Júlio César. Tasso jamais pensou que os seus “filhos políticos” – Ciro e Cid – fossem capazes de trai-lo. Mas aconteceu. Falou mais alto a voz do poder, a sedução do poder. Funcionou a aliança mais oportuna no aqui e agora. A fidelidade estava voltada ao poder atual e eles não mais poderiam continuar fiéis ao velho galego. Os Ferreira Gomes, como Brutus, prestaram-se como instrumentos para a eliminação do próprio criador. A nova aliança, com Lula & Cia, mostrou-se mais atraente e alvissareira. Gratidão mandou lembranças, revelando uma fragilidade intrínseca aos que têm pouca força de caráter.

A comparação enseja, igualmente, a oportunidade para que possamos constatar a precariedade das convicções humanas. Não é a política que é suja ou frágil, mas as convicções de alguns que tentam praticá-la. Com isso eu queria também assinalar que gratidão não se espera. Ela só pode brotar do coração de quem cultiva valores ao longo da existência.
(*) Antonio Mourão Cavalcante - Médico, antropólogo e professor universitário
a_mourao@hotmail.com


5 comentários:

  1. SAIU NO "DIÁRIO DO NORDESTE" DESTE SÁBADO:

    Partido Republiano–PR está fora da aliança no Ceará

    Depois que o Presidente Lula e a candidata do PT, Dilma Rousseff, ficaram ausentes da campanha de Lúcio Alcântara (PSB) pelo Governo do Ceará, os governistas adotaram, agora, nova estratégia que deverá afastar a cúpula do PR no Estado da campanha de Dilma no segundo turno: incluíram o deputado federal Ciro Gomes (PSB) na coordenação das atividades. Ontem, durante entrevista ao Diário do Nordeste, o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR), que coordenou a campanha de Lúcio Alcântara, revelou que a tendência de sua sigla é ficar de fora da base de Dilma.

    "O nome de Ciro Gomes na coordenação (da campanha de Dilma Rousseff) quase inviabiliza a nossa participação", adiantou Roberto Pessoa depois de fazer críticas ao irmão do governador. Ciro e Pessoa protagonizaram uma discussão dias antes das eleições e trocaram, inclusive, insultos após um debate entre candidatos.

    Atenção

    Ressentidos com a atenção que ganharam dos Ferreira Gomes em detrimento do acordo com o PR, que esteve na base de apoio do Presidente Lula, nos últimos anos, parte dos republicanos espera que a sigla não marche junto aos petistas neste segundo turno. "As nossas bases já estão se posicionando para não aceitar essa aliança", declarou o prefeito Roberto Pessoa. O presidente do diretório municipal do PR, em Fortaleza, o vereador Adelmo Martins, declarou que se depender dele, sua legenda vai apoiar a eleição do candidato tucano, José Serra. O parlamentar também reclamou a falta de apoio para o candidato Lúcio Alcântara, durante o pleito e questionou a presença de Ciro Gomes na coordenação da campanha de Dilma Rousseff no Nordeste.

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  2. Prezado Armando.

    Não conheço nenhum politico que o seu dia não chegue. O Tasso foi um grande mestre em distruir aliados, agora chegou a vez dele. Como um dia chegará a vez dos Ferreira Gomes é só esperar.

    Abraços.

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  3. A maior bobagem que fiz em termos de voto foi votar em Lula em 1998 e 2002;

    Já minha segunda maior bobagem foi ter votado em Cid Gomes em 2006;

    Mas apredi a lição: não basta dizer não ao PT, é preciso também rejeitar seus aliados. Afinal, diga-me com quem andas, que te direis quem é...

    Já no caso de Tasso, a maior bobagem política de sua vida foi ter rompido com Lúcio em favor de Cid.

    Sobre os irmãos Gomes, acredito que, em termos de oportunismo e falsidade, ninguém os supera.

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  4. Pois é, minha gente, eu vi esse texto ontem na internet, e é excelente.

    A coisa toda parece estar se desmoronando...

    O clima no PT é de Dia de Finados, porque eles pensaram que iam levar no primeiro turno. Ontem o Presidente do PT deu uma entrevista capionga.

    E com esse embolamento aí porque o PT caiu na besteira de colocar umas questões de aborto no conteúdo num documento há muito tempo e agora tá ruim de retirar, vai ficar complicado.

    E ainda mais com a forte pressão da Igreja, e os 20 milhões de eleitores que vão se decidir ainda.

    Talvez, muita água vai rolar ainda debaixo da ponte, e quem sabe, se até o Serra seja capaz de vencer ? Seria uma coisa histórica.

    Abraços,

    DM

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  5. André, cadê você rapaz ?
    Eu já te passei a dica pra postar o teu vídeo lá no Blog do crato, mas nao consegui mais contato contigo.

    Um abração também,

    DM

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