Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

DENTES DESBOTADOS - Por Mundim do Vale

Zé de Freitas e Geraldo Gago, filhos de Raimundo de Freitas, uma vez se combinaram para roubar cajaranas na casa de Caetano de Zezim Matias. Sérgio o irmão mais novo seguiu os dois até a Vazante. Os mais velhos subiram pela ponta de uma galha, mais Sérgio não conseguiu. Revoltado com a covardia dos irmãos, o caçula foi denunciar:
- Seu Caitano. Meus irmãos tão robando cajarana.
- Eu sei. Eu vi quando eles subiram. E você não está lá também, porque não alcançou a galha. Mas eu vou botar aquele caixão e você sobe também. Colocado o caixão, o garoto subiu e ficou junto com os outros malinos. Só se ouvia era a cantiga de Sérgio:
- Eita! Qui eu já chupei tanta cajarana qui já disbotei inté meus dente.
Depois de mais de duas horas de folia, Caetano escondeu o caixão.
Quando resolveram acabar a farra, os dois maiores pularam e deixaram o irmão lá em cima. Começou a ficar escuro,o garoto se aperreou e se danou a gritar:
- Seu caitano! Traga o caixão prumode eu siadescer.
- Dá certo não Sérgio. O caixão Luís meu irmão levou para o Mameluco e só vai trazer amanhã.
Os outros dois chegaram em casa e o pai perguntou pelo caçula, eles contaram a presepada e o pai foi buscar o filho já com um cinturão enrolado na mão.
Chegando lá ele falou:
- Desça, Sérgio!
- Num posso não, pai.
- Desça, que eu lhe seguro.
- Pois isbarre aí pai. Deixe eu tirar uma penca pra levar pra mãe.
- Desça logo cabra safado.
Sérgio foi descendo amparado pelo pai, mas quando botou os pés no chão, levou logo uma lapada. Em seguida levou mais umas quatro .
Caetano resolveu interferir falando:
- Tá bom Raimundo. O menino já foi castigado, com o medo que ele teve de passar a noite lá em cima. Porque o Senhor não castigou os outro dois que são maiores?
- Eu ainda vou castigar, eu deixei os dois amarrados naquele pé de mandacaru que tem no oitão lá de casa, enquanto vinha buscar esse. Mas eu garanto que os três nunca mais vão querer desbotar os dentes.

3 comentários:

  1. EU ACHO QUE ESSE PESSOAL NEM DOCE DA FRUTA QUISERAM MAIS. IMAGINE DEBOTAR OS DENTES .. VALEU POETA. E QUANDO É QUE O POETA APARECE PRA OUTRA PESCARIA DE MEL DE ABELHA???

    ResponderExcluir
  2. Olá, tudo bem?!

    Gostaria de Divulgar seu blog no Cariri Blog para atrair mais visitas para o seu blog? Criamos o serviço de Divulgação para Blogs da Região do Cariri.

    Saiba como Divulgar seu Site ou Blog clicando aqui

    ResponderExcluir
  3. Mundim.

    A Cajarana do Garrote não tinha dono, não tinha de quem se ter medo. Um dia eu cheguei bem folgado, subir na galha mais alta, e de lá me lasquei no chão. Resultado, quebrei um braço. Pense numa pisa e numa dor. Felizmente nada que com umas tabinhas e a reza de Santana de Sansão não ficasse bom. Um grande abraço.

    ResponderExcluir