Renascer duas vezes...
(no mesmo dia)
- Claude Bloc -
Dia 28 foi dia de grande aventura. Peguei o avião em Fortaleza, já com atraso de mais de 1 hora, e por duas vezes, cheguei a sobrevoar Juazeiro, mas devido a "uma falha técnica" o avião teve que retornar a Fortaleza.
Imaginem o ânimo das pessoas dentro daquela nave, em meio às nuvens, naquelas alturas sendo supreendidas com o retorno. O voo prosseguia e, de repente, eram vistas de novo as formações montanhosas da região de Caririaçu e o aviso encabulado do comandante sobre um problema nos "flats" que não permitiam pouso na pista curta de Juazeiro.
A agitação teve início, mas sem pânico. Pessoas começaram a circular pela nave em busca de informações mais precisas. Uma menininha loura corria de lá pra cá... Gente(s) com compromissos inadiáveis começaram a "chiar"... e finalmente visualizamos Fortaleza e , nessa hora, as orações se apertaram para que o pouso acontecesse sem complicações... Deu certo!
Esperamos no aeroporto para uma definição e posicionamento por parte da empresa. Alguns desistiram de um novo embarque na exata hora em que pisaram o solo. A grande maioria esperou pra ver.
Às 19 horas, fomos chamados para um reembarque. A empresa afirmando tudo estar garantido em termos de segurança. Começou a nova viagem. Agora já no escuro. Lá de cima as luzes das cidades iam aparecendo e sumindo e, de novo, aconteceu a frenagem no ar indicando que íamos descer. Novamente lá estava Juazeiro e suas casas, e suas ruas. Mas, novamente, fomos informados de mais um retorno frustrante e sombrio. Feições tensas apareciam em cada pessoa...
Novo pouso. A cada chegada telefonemas mil avisando a quem esperava no aeroporto de Juazeiro pelos passageiros que "tudo estava bem".
A empresa então providenciou (e só desta vez) um recambiamento dos passageiros para o voo da Gol de 23:45h e ofereceu o jantar para quem aceitasse prosseguir a viagem. Novo check-in na nova empresa. Saída pontual... Chegada ao destino, FINALMENTE, com as graças de Deus!!!
Vejam os ESCRITOS DE BORDO:
Asas
Tenho asas
Prontas para voar
Asas beta-gama-delta
livres
e
soltas
Eis que embarco
Sobre as nuvens
Sobre o tempo
Sobre as horas
Horas de ninar
Dias de sorrir
Asas minhas sobre o Cariri.
O Voo
Estou a caminho
as nuvens não as vejo
lá embaixo
apenas as luzes das muitas cidades.
O dia escureceu
e todos nós renascemos.
O pouso
Não sei porque me lembrei de Caldas Aulete. Talvez porque estou a mil metros do chão e me faltam palavras. Aqui não tenho dicionário nem banco de dados. Apenas adrenalina correndo célere pelo corpo.
O medo de alguma forma arrefeceu-se. Pus-me em oração e uma confortável paz se fez. Mente aberta à vida e às alegrias dos (re)encontros fazem-me sorrir sem respostas... Não era a hora!!! Então fora de hora agradeço a ventura de pousar mais uma vez no Cariri e lá também pousar meus sonhos.
O Desembarque
Desço da nave, mãe dos meus medos. Respiro profundamente o ar fresco da minha terra. Bebo a doçura do encontro. Encontro a segurança do solo.
Piso devagar para senti-lo e sinto-o meu. Descubro em solo, o solo da noite e o silêncio embriagante da Chapada no chegar das horas ( no Cariri).
Claude Bloc
Prezada Claude.
ResponderExcluirUfa. Que susto amiga. Mas vou te contar a historia do Varzealegrense Otacilio Correia.
Pegou o avião em Fortaleza com destino a Manaus. Uma historia parecida com a sua. Passaram por Belem, Manaus, Belem novamente, e quando estavam com um atrazo muito grande o comandante da aeronave comunicou que tinham que retornar para Fortaleza por absoluta falta de condições de pouso. Todo mundo ficou apavorado. O visinho do Otacilio pegou caneta e papel e começou a fazer uma carta. De tão nervoso tremia tanto que não conseguia escrever. Otacilio vendo o desespero do passageiro perguntou: vai deixar com quem?
Morais,
ResponderExcluirBolei de rir com sua história, sobretudo porque quando escrevi no avião pensei: "se o avião cair pode ser que alguém encontre meus escritos espalhados pelo mato"...
Abraço,
Claude
Claude,
ResponderExcluirUm senhor amigo nosso, Cearense, costumava dizer que jamais andaria de avião. Ao ser indagado o porque daquele imenso medo do dirigível ele respondeu:
- Sei lá, se um bicho desse cai e eu quebro uma perna!
Parabéns por voares tão bem para a vida num chão de brigadeiro.
Um abraço.
Viva! Você viva! E muitos anos. Gostaria de tê-la como amiga no meu orkut, venho tentando isto desde o começo, mas exige seu E-mail, eu não tenho do meu primo Moraes, acredita?
ResponderExcluirUm abraço vivo e gracioso para a mulher fantástica que não para.
Míris ´ris ereira