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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 30 de outubro de 2010


Renascer duas vezes...
(no mesmo dia)
- Claude Bloc -

Dia 28 foi dia de grande aventura. Peguei o avião em Fortaleza, já com atraso de mais de 1 hora, e por duas vezes, cheguei a sobrevoar Juazeiro, mas devido a "uma falha técnica" o avião teve que retornar a Fortaleza.

Imaginem o ânimo das pessoas dentro daquela nave, em meio às nuvens, naquelas alturas sendo supreendidas com o retorno. O voo prosseguia e, de repente, eram vistas de novo as formações montanhosas da região de Caririaçu e o aviso encabulado do comandante sobre um problema nos "flats" que não permitiam pouso na pista curta de Juazeiro.

A agitação teve início, mas sem pânico. Pessoas começaram a circular pela nave em busca de informações mais precisas. Uma menininha loura corria de lá pra cá... Gente(s) com compromissos inadiáveis começaram a "chiar"... e finalmente visualizamos  Fortaleza e , nessa hora, as orações se apertaram para que o pouso acontecesse sem complicações... Deu certo!

Esperamos no aeroporto para uma definição e posicionamento por parte da empresa. Alguns desistiram de um novo embarque na exata hora em que pisaram o solo. A grande maioria esperou pra ver.

Às 19 horas, fomos chamados para um reembarque. A empresa afirmando tudo estar garantido em termos de segurança. Começou a nova viagem. Agora já no escuro. Lá de cima  as luzes das cidades iam aparecendo e sumindo e, de novo, aconteceu a frenagem no ar indicando que íamos descer. Novamente lá estava Juazeiro e suas casas, e suas ruas. Mas, novamente, fomos informados de mais um retorno frustrante e sombrio. Feições tensas apareciam em cada pessoa... 

Novo pouso. A cada chegada telefonemas mil avisando a quem esperava no aeroporto de Juazeiro pelos passageiros que "tudo estava bem". 

A empresa então providenciou (e só desta vez) um recambiamento dos passageiros para o voo da Gol de 23:45h e ofereceu o jantar para quem aceitasse prosseguir a viagem. Novo check-in na nova empresa. Saída pontual... Chegada ao destino, FINALMENTE, com as graças de Deus!!!

Vejam os ESCRITOS DE BORDO:

Asas
Tenho asas
Prontas para voar
Asas beta-gama-delta
livres
e
soltas

Eis que embarco
Sobre as nuvens
Sobre o tempo
Sobre as horas
Horas de ninar
Dias de sorrir
Asas minhas sobre o Cariri.


O Voo

Estou a caminho
as nuvens não as vejo
lá embaixo
apenas as luzes das muitas cidades.
O dia escureceu
e todos nós renascemos.

O pouso

Não sei porque me lembrei de Caldas Aulete. Talvez porque estou a mil metros do chão e me faltam palavras. Aqui não tenho dicionário nem banco de dados. Apenas adrenalina correndo célere pelo corpo.

O medo de alguma forma arrefeceu-se. Pus-me em oração e uma confortável paz se fez. Mente aberta à vida e às alegrias dos (re)encontros fazem-me sorrir sem respostas... Não era a hora!!! Então fora de hora agradeço a ventura de pousar mais uma vez no Cariri e lá também pousar meus sonhos.



O Desembarque

Desço da nave, mãe dos meus medos. Respiro profundamente o ar fresco da minha terra. Bebo a doçura do encontro. Encontro a segurança do solo.

Piso devagar para senti-lo e sinto-o meu. Descubro em solo, o solo da noite e o silêncio embriagante da Chapada no chegar das horas ( no Cariri).

Claude Bloc

4 comentários:

  1. Prezada Claude.

    Ufa. Que susto amiga. Mas vou te contar a historia do Varzealegrense Otacilio Correia.

    Pegou o avião em Fortaleza com destino a Manaus. Uma historia parecida com a sua. Passaram por Belem, Manaus, Belem novamente, e quando estavam com um atrazo muito grande o comandante da aeronave comunicou que tinham que retornar para Fortaleza por absoluta falta de condições de pouso. Todo mundo ficou apavorado. O visinho do Otacilio pegou caneta e papel e começou a fazer uma carta. De tão nervoso tremia tanto que não conseguia escrever. Otacilio vendo o desespero do passageiro perguntou: vai deixar com quem?

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  2. Morais,

    Bolei de rir com sua história, sobretudo porque quando escrevi no avião pensei: "se o avião cair pode ser que alguém encontre meus escritos espalhados pelo mato"...

    Abraço,

    Claude

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  3. Claude,

    Um senhor amigo nosso, Cearense, costumava dizer que jamais andaria de avião. Ao ser indagado o porque daquele imenso medo do dirigível ele respondeu:

    - Sei lá, se um bicho desse cai e eu quebro uma perna!


    Parabéns por voares tão bem para a vida num chão de brigadeiro.

    Um abraço.

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  4. Viva! Você viva! E muitos anos. Gostaria de tê-la como amiga no meu orkut, venho tentando isto desde o começo, mas exige seu E-mail, eu não tenho do meu primo Moraes, acredita?
    Um abraço vivo e gracioso para a mulher fantástica que não para.
    Míris ´ris ereira

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