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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

EMPRESÁRIO DE PENOSAS - Por Mundim do Vale

Quando ainda não tinha granja no Ceará. A capital e as cidades maiores compravam ovos e galinhas nas cidades pequenas e nos sítios. De olho nesse mercado, foi que Valdimiro de Zé de Toim resolveu entra no ramo de galinhas. Fez do quintal da sua casa um galinheiro gigante e montou uma equipe de cinco corretores, para comprarem galinhas nos sítios e repassar pra ele na cidade. um dos cinco corretores era Cravina. O negócio foi crescendo e Valdimiro começou a se comportar como um grande empresário. Colocou a esposa como coletora das galinhas e se danou a passear desfrutando dos rendimentos do negócio.
Certo dia Cravina chegou com uma dúzia de galinhas por volta do meio dia. Chamou a corretora para receber a mercadoria, mas ela disse que viesse em outra hora, porque aquele era o momento do seu repouso pós-refeição. Cravina já cansado, com fome, com sede e sujo de cocô de galinha, não gostou de ter que voltar outra hora. Foi então que ele deu a seguinte idéia:
- Vamos fazer assim, eu jogo a galinha no chiqueiro e a Senhora vai contando junto comigo pela pancada, tá bom assim?
Ela concordou e assim fizeram:
- Lá vai uma! Bufo, cocoricó.
- Uma.
- Lá vai duas! Bufo, cocoricó.
- Duas.
Contaram assim até a décima primeira, quando Cravina teve a sinistra idéia de aumentar o lucro. Para que ela não desconfiasse de nada ele gritou alto:
- Isbarre aí Dona, qui as penosa tão querendo se sortá. É já qui nóis torna a contar.
Pegou um barbante de seis metros, amarrou uma ponta na perna da galinha e a outra ponta amarrou na mão.
Depois gritou para a coletora:
- Pronto madame ramo cumeçar a contar de novo:
- Lá vai doze! Bufo, cocoricó.
- Doze.
- Lá vai treze! Bufo, cocoricó.
- Treze.
Ele jogava a galinha e puxava o barbante de volta. Como a trama deu certo, ele continuou chegando no mesmo horário e fazendo a mesma coisa durante dois meses, chegando as vezes a triplicar a quantidade.
Quando o negócio começou a dar pra trás, foi preciso Valdimiro assumir, mais foi tarde demais, a empresa já estava falida. Depois da falência Valdimiro passou a ser corretor e Cravina o empresário.
Dedicado ao meu amigo Zé Haroldo, que anda sumido do blog.

Um comentário:

  1. Prezado Mundim

    Puleiro e chiqueiro tem dado muito prejuizo a muita gente. Chico de Tetê começou a sentir falta das galinhas. Encheu a socadeira de chumbo e esperou a noite. No primeiro movimento pras bandas do puleiro meteu chumbo. No outro dia observou e não havia sangue e nada. Tres dias depois foi pegar o jumento pra pilar o arroz e o encontrou duro de perna pru ar. O jumento estava no lugar errado e na hora errada.

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