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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DOUTOR JOÃO DE BARRO - por Mundim do Vale

Construção é um ofício
Que requer habilidade,
Não se faz um edifício
Sem a responsabilidade.
O técnico tem que saber,
Seu verdadeiro dever
De engenheiro civil.
Se assim não se comportar,
É mais um para somar
Os erros desse Brasil.

Toda obra tem que ter
O seu habites legal,
Construir sem requerer
É coisa de marginal.
É tráfico de influência,
Um ato de imprudência
Crime contra o cidadão.
É falta de honestidade,
Coberta com a impunidade
Que infesta essa nação.

Tem um pássaro no sertão
Que não faz maracutáia,
Constrói edificação
Melhor do que Sérgio Náya.
É um construtor sensato,
Que não precisa mandato
Nem faz falsificação.
Só usa o material,
Do torrão nacional
Não precisa importação.

Ele faz todo o projeto
E o cálculo da estrutura,
Do alicerce ao teto
Ninguém vê uma rachadura.
Não usa na construção,
Nada de segunda mão
Esse fiel construtor.
Para a obra executar,
Não tem que falsificar
Ordem de governador.

Nunca que se ouviu falar
Na sua obra cair
Nem a justiça mandar
Uma empresa implodir.
Cumpre bem o seu dever,
Sem precisar recorrer
A nenhuma imunidade.
Assim é o mestre João,
Engenheiro do sertão
Construtor sem vaidade.

Engenheiro sem bravatas
Nem anel de formaturas,
Não pronuncia bravatas
Nem pensa em candidaturas.
Se o Náya quiser um dia,
Praticar engenharia
O lugar é no sertão.
Aqui tem o João de Barro,
Um professor sem escarro
Pra ensinar a lição.

Mundim do Vale.

Dedicado aos primos da terra:
Renato e João Bitu.

2 comentários:

  1. Mundim.

    Voce sabe porque o João de Barro constroe sua casa geralmente com a porta ou boca para o lado do poente. E porque a parte mais fina das paredes fica do lado oposto a porta de entrada? Sabe que no sertão o João de Barro é profeta de chuvas?

    Abraços.

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  2. Fafá Bitu Disse:

    Oi, Mundinho, admiro seus versos, lindo, poético demais. Completo com essa música.

    Abraço Fafá

    O João de Barro, pra ser feliz como eu
    Certo dia resolveu, arranjar uma companheira
    No vai-e-vem, com o barro da biquinha
    Ele fez sua casinha, lá no galho da paineira
    Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
    Toda manhã, o pedreiro da floresta
    Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava
    Mas quando ele ia buscar o raminho
    Pra construir seu ninho seu amor lhe enganava
    Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
    Mas como sempre o mal feito é descoberto
    João de Barro viu de perto sua esperança perdida
    Cego de dor, trancou a porta da morada
    Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida
    Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
    Que semelhança entre o nosso fadário
    Só que eu fiz o contrario do que o João de Barro fez
    Nosso senhor, me deu força nessa hora
    A ingrata eu pus pra fora por onde anda eu não sei.

    Sergio Reis

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