No
último dia 19 completaram-se doze anos do falecimento do Dr. Marchet
Callou. Quem o conheceu, pode dizer que ainda vivenciou o estilo
aristocrático de Barbalha, o qual vigorou até a década 70 do século
passado. Hoje, no Cariri, tudo é diferente! Tudo é material... A elite
só fala em investimentos, dinheiro, progresso e globalização...
Antônio Marchet Callou, pernambucano de Parnamirim, nascido na antiga
Leopoldina (Marchet nunca se conformou quando as autoridades
republicanas substituíram, – sem consultar o povo – o nome da sua cidade
de “Imperatriz Leopoldina”, para o vulgar “Parnamirim”) nasceu em 17
de novembro de 1907 e faleceu, em Barbalha, em 19 de julho de 2007,
próximo de completar 100 anos de existência.
Formou-se em Odontologia, em 1937, na Faculdade de Medicina (e cursos
anexos) de Recife (PE). Em seguida fixou-se na Barbalha de Santo
Antônio, onde exerceu sua profissão até o final da sua longa vida.
Naquela cidade casou-se com Maria Elbe de Sá Barreto Callou, com quem
teve oito filhos. Marchet foi, paralelamente ao exercício de odontólogo,
um bom professor de história e geografia; era reconhecido como
historiador e poeta. Foi membro de várias associações literárias, dentre
elas o Instituto Cultural do Vale Caririense e a Academia Cearense de
Odontologia. Participou de vários movimentos sociais em prol da melhoria
do Cariri cearense.
Algumas particularidades de Marchet: ele chegou a Barbalha em 1937,
mesmo ano do nascimento de sua esposa, Maria Elbe. Casou-se com ela
depois de ter completado 50 anos de idade. Até no físico Marchet era um
nobre! Alvo, louro de olhos azuis, detinha sempre uma postura serena.
Seus gestos eram lhanos, e a bondade transparecia no seu rosto.
Tornou-se um defensor da restauração da monarquia, no Brasil, ainda na
juventude, quando estudava em Recife. Foi o mais autêntico monarquista
do Cariri! E se ufanava das suas convicções ideológicas, sem nunca ter
se atritado com ninguém por causa delas.
Era intelectual de mão cheia e um católico fervoroso. Seu primeiro
livro de poesias (“À Sombra da Baraúna”) só veio à lume em 1987. Depois
disso, publicou mais três obras poéticas.
Muito poderíamos falar sobre as virtudes do Dr. Antônio Marchet Callou!
Ele foi um defensor nato da natureza, um esposo e pai amoroso, um amigo
leal, um cidadão exemplar em todos os aspectos. Doze anos depois de
falecido, sua história de vida – bonita e edificante – ainda é lembrada
na antiga “Terra dos Verdes Canaviais”. Naquela urbe, à entrada da
cidade., existia num muro uma frase pintada que dizia: “Alto Lá senhores
protestantes, Barbalha de Santo Antônio já foi evangelizada”. Há quem
atribua a iniciativa dessa frase ao Dr. Marchet Callou...
Familia de intelectuais - Dr. Antônio Marchet, Dr. Gregório Callou e tantos outros que enobreceram Barbalha com seu trabalho.
ResponderExcluirContam que certo dia chegou à casa do Dr.Marchet um homem da roça que veio presentear-lhe com um tatu.
ResponderExcluirDr.Marchet gratificou o homem e perguntou o local onde ele havia capturado o tatu. Quando o homem saiu, Marchet alugou um carro, botou o tatu dentro e viajou cerca de 50 kms.
No local que o tatu havia sido capturado, Marchet desceu, devolveu o bicho à natureza, mas avisou:
-- Deixe de ser besta e não deixe mais ninguém lhe caçar...
Era assim Marchet Callou.
Dr.Marchet - ao lado de um coração boníssimo - possuía muita presença de espírito. Quando os evangélicos de Juazeiro foram pregar nas ruas de Barbalha, na década 40 do século passado, -- e foram expulsos pela população -- pediram a proteção da polícia e voltaram no dia seguinte.
ResponderExcluirDr. Marchet ia passando quando viu o retorno dos "crentes". Parou e respeitosamente disse ao pastor norte-americano:
-- Meu amigo, eu não entendo muito de Bíblia, mas o que é que diz o Evangelho de Mateus, capítulo 10 versículo 14?
O pastor procurou a página e repetiu a Dr. Marchet:
-- "Então Jesus disse: Porém, se não vos receberem bem , sacudi o pó das vossas sandálias e se retirem não mais voltando aquele lugar"...
Dr.Marchet riu e finalizou:
-- Então cumpram a vontade de Jesus...