História que não foi de Trancoso.
Peço permissão para contar essa historinha como prova que o varzealegrense é ingrato e não reconhece o trabalho dos seus filhos ilustres que contribuíram com o desenvolvimento da cidade e se dedicaram à disseminação da história das pessoas que marcaram a cidade do seu jeito e do seu modo.
Eu era o gerente da Agência do Banco Comercial Bancesa S/A em Juazeiro do Norte.
Recebi a visita do empresário Raimundo Correia Ferreira, inegavelmente um dos filhos ilustres de Várzea-Alegre. Ele se apresentou com lhaneza no trato, gentil e muito elegante.
Perguntou-me : "No Sanharol ainda fazem pão de arroz como no tempo de mãe Zefa"! Respondi-lhe na bucha! Não.
Entrou na agência outro varzealegrense, também de nome Raimundo, filho de João Agostinho do sitio Rosário, o conhecidíssimo Raimundo General radicado a cidade de Juazeiro há mais de meio século.
Da fila onde estava gritou - Raimundo Ferreira, "rumbora" para Várzea-Alegre!
A resposta mostrou o sentimento de decepção com a sua terra - Raimundo Correia Ferreira respondeu : "Eu não perdi nada em Várzea-Alegre, não tenho o que ir buscar lá".
Sem que eu nada lhe perguntasse, ele passou a contar-me alguns fatos que justificavam sua decepção. Disse-me : Cheguei para o prefeito Pedro Sátiro e falei : Se você ofertar um prédio eu montarei uma rádio em nossa cidade.
O prédio foi cedido pela prefeitura e a rádio foi montado com o nome "Rádio Cultura de Várzea-Alegre".
No aniversário da Rádio promovi a maior e melhor festa possível, a "Banda Mastruz com Leite" animou o ambiente. Mas, como a Rádio era Cultura eu levei a "Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos" para fazer uma apresentação.
Quando subi no palco e anunciei, levei a maior vaia que uma pessoa humana possa ter sofrido em todos os tempos.
Sair do clube e fui a casa do prefeito Pedro Sátiro e disse - A Rádio é um presente meu para sua esposa "Maria Candice" e nunca mais fui à Várzea-Alegre.
Quem conhece o Cemitério de Várzea-Alegre sabe que logo na entrada está o túmulo da família "Correia Fereira", todo cravado em mármore carrara, ali estão sepultados todos os familiares, até o Joaquim Correia Ferreira que vivia em Londres.
A pedido do Raimundo, o maior empreendedor do ramo de transportes de passageiros do nordeste foi sepultado no Cariri.
Raimundo Correia Ferreira relatou estes fatos sem que ninguém lhe perguntasse. Já faz duas décadas e meia, mas tem testemunhas. Não é estória de Trancoso.
Raimundo Correia Ferreira, um dos grandes empreendedores do ramo de transporte de passageiros do nordeste brasileiro gostava muito de Várzea-Alegre. 80% dos funcionários de suas empresas eram varzealegrences. Nunca recebeu de sua terra o devido respeito e consideração merecida. Talvez nem destes que tanto servil.
ResponderExcluirA ingratidão é o preço do favor não merecido.