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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Velorio do Ze Venancio.

Constância, casada com Zé Venâncio, chegou para ele e disse: Zé, lembra da enxaqueca que eu costumava ter toda vez que você me convidava para fazer amor? Estou curada. Não tem mais dor de cabeça? perguntou Zé espantado. Constância respondeu: minha amiga Salomé me indicou um terapeuta, e ele disse para eu ir para a frente do espelho, me olhar bem e repetir para mim mesma: não tenho dor de cabeça, não tenho dor de cabeça, não tenho dor de cabeça.

Zé, disse Constancia, você anda meio desinteressado por sexo nos últimos anos, que tal você ir ao terapeuta vê se ele pode te ajudar? O Zé concordou e marcou uma consulta. Quando retornou para casa, levou Constância ao quarto, jogou na cama, e disse: fique aí, não se mova. Foi ao banheiro e ao voltar fez amor com uma desenvoltura de merecer aplauso.

Depois repetiu por algumas vezes o mesmo procedimento. Lá pela quinta vez, a mulher seguiu silenciosa e quando chegou no banheiro ele estava diante do espelho repetindo: não é Constancia, não é Constancia, não é Constancia!

O velório do Zé foi no mesmo dia na capela da Praça de Santo António e o enterro no outro dia no Cemitério da Saudade.

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