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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Histórias do Sanharol 088 - Por Antonio Morais


Quando escrevo sobre Raimundo Bitu e Cotinha fica bem claro o meu carinho, estima e admiração por eles. Sempre os vi com os olhos de um filho. O Sanharol deles era uma terra de povo extremamente  religioso, devotos fervorosos  de São Raimundo, rezadores arraigados. 

Cotinha Bitu não era diferente. Depois de um dia de muito trabalho, uma manhã toda nas atribuições da casa, cuidando do marido e dos filhos, depois do almoço, Cotinha sentava-se numa preguiçosa na alpendrada da casa para tirar um descanso e rezar algumas orações.

Um dia, uma ocorrência chamou a atenção, umas galinhas catavam as escolhas de arroz jogadas na alpendrada da casa onde Cotinha rezava. Uma delas se aconchegou bem perto, e, deu uma cagada tão próximo, que por pouco não atingiu os pés de Cotinha. Então a "Ave Maria" ficou mais ou menos assim:

Ave Maria cheia de graça
O Senhor é convosco
Bendita sois vós,

(Vai cagar na baixa da égua rapariga)

Entre as mulheres
Bendito fruto
Do vosso ventre Jesus.

Iêda perguntou: Mamãe essa reza serve? Cotinha respondeu: serve minha filha, o que vale é a intenção.

2 comentários:

  1. Não é fácil lembrar o Sanharol de Raimundo Bitu, Cotinha, José Andrè, Antonio de Gonzalo, Xandoca e tantos outros. Agente fica catando as palavras, procurando e não encontra as adequadas para demonstrar com elas a saudade e as lembranças que temos. Salve o Sanharol, suas historias e seu povo.

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  2. Às vezes fico preocupado em saber quem vai dar continuidade depois dessa nossa geração aos fatos verídicos e históricos de nossa comunidade Sanharol. Morais é sem sombra de dúvida o conhecedor desses fatos e descreve com precisão e apresso na sua íntegra de como acontece ou como aconteceu.
    Falar de minha mãe é motivo de muita saudade, pois além de uma grande guerreira era uma supermãe batalhadora, sincera, honesta e acima de tudo uma pessoa que se dedicou a Deus em defesa da família e toda comunidade. Sempre esteve ao lado dos mais humildes procurando ajudá-los no que estivesse ao seu alcance. O episódio no que se refere o primo Morais sobre a reza e a interferência da galinha foram verdadeiros e logo em seguida ela se tocou e pediu perdão a Deus pelo erro cometido.

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