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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 1 de janeiro de 2011

A PARTILHA DA LAGOA - Por Mundim do Vale

Esse verso foi dedicado ao grande poeta Miguel Alves de Lima.

O Miguel Alves de Lima

Com muita sinceridade,

Colocou em sua rima

A história da cidade.

Ele falou do passado,

De quando foi leiloado

Todos bens de São Raimundo.

O mal que fazem a gente,

O poeta é quem mais sente

Seu sentimento é profundo.


Meu Poeta, a sua história,

Deixou-me muita saudade,

Eu ativei a memória

E me lembrei da cidade.

Também estou a sofrer,

Aceitando sem querer

A falta daquela brisa,

Porque não morei distante

Pois da rua pra Vazante

A lagoa era a divisa.


O seu verso me admira

Por tudo que você tem,

Você tem rima e tem lira

Tem muita arte também.

Quando falou na lagoa,

Não disse palavra a toa

Só disse a quem pertencia.

Mas tomaram o direito,

Com um, serviço mal feito,

Na mais cruel covardia.


Se era de São Raimundo

Não era sua e nem minha,

Pertencia a todo mundo

Era um valor da terrinha.

Se um grupo lá chegou,

Da lagoa se apossou

Foi crime de invasão.

Como se fosse à gente,

Que ficasse de repente

Sem um braço ou sem a mão..


Nossa gente é muito boa

Deve mudar essa história,

Resgatar nossa lagoa

Pra conservar na memória.

Pede a reintegração,

Garante a devolução

Para o dono verdadeiro.

Documenta em um segundo,

No nome de São Raimundo

Nosso santo padroeiro.


No lugar onde tem lei

O patrimônio é sagrado,

Você sabe, eu também sei

Que o direito é respeitado.

Mas tem gente que atropela,

O direito alheio não zela

Fica o bem sem proteção.

Não teve como evitar,

Deixaram só altar,

A torre e a procissão.


No tempo desse leilão

Havia terra à vontade,

Não precisava invasão

Fizeram só por maldade.

Mas São Raimundo perdoa,

Já abriu mão da lagoa

Ficando só com o altar.

E aqueles que tomaram,

Que a lagoa cercaram

Viveram sempre a brigar.


Já que houve a covardia

Devia o nome mudar,

Pra “Lagoa e Companhia”

Ou “Projeto Lotear.”

Mas pra quem adquiri,

Deve um laudêmio existir

Onde o comprador esteja.

Uma taxa em real,

Para corrigir o mal

E aplicar na igreja.


Por causa dos invasores

Nosso povo entristeceu

Foi crime contra os valores

Que a cidade perdeu.

Mas há de chegar um dia,

Que a tal da ecologia

Não seja tão esquisita.

A lagoa vai encher,

E sem poluição vai ser

Nosso cartão de visita.

Mundim do Vale

.V. Alegre 16-06-96

Dedicado a educadora Luzenir Aquino.

Na data que foi feito esse verso eu cantei a pedra da lagoa, fui mais profeta do que poeta.



Um comentário:

  1. Prezado Mundim.

    Nós dois temos que explorar um pouco e mostrar para os amigos do Blog do Sanharol os versos de Manuel Antonio de Sousa, Manuel Antonio da Varzinha, sobre a venda do Patrimonio de São Raimundo. Com certeza nenhum outro fato foi tão polemico quanto este acontecido no inicio da decada de 20 do seculo passado. Os versos do Maunel Antonio são uma obra prima.
    Depois conversamos sobre esse assunto.

    Abraços.

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