PESADELO ECOLÓGICO
Dedico a Tom dos André do Sanharol
Ontem, sonhei feio! Acordei desolado. O abraço apertado que eu sentia no peito não era de contentamento, mas de dor. Uma sensação angustiante me envolvia a alma, tirando-me do sossego normal de acordar. Enfim, despertava entristecido um novo ser fortemente atordoado com tão cruel acontecimento.
O cenário enfrentado era um mister de inundações, deslizamentos, de pânico, se sofrimento e de terror. A chuva forte insistia em cair no meio de relâmpagos, trovões e ventania. A água aumentava o seu nível em proporções alarmantes, entrando nas residências, no comércio e nas repartições públicas, predizendo desgastantes surtos de doenças graves que estariam por vir. Ratos corriam desesperados em áreas mais altas tentando se salvar, seguidos por gatos, cachorros e funcionários de carrocinhas, parecendo concurso de Arca de Noé.
Os riachos, outrora aterrados pelo tão almejado progresso e desenvolvimento, rompiam com as suas margens, promovendo uma separação litigiosa de alto custo. O solo das pequenas encostas suburbanas sentiu a falta das suas matas ciliares, que lhe davam a proteção necessária para a sua sustentação. Uma pequena serra, que sucumbira com a construção de um vistoso bairro de visão privilegiada, num passado recente, via-se destruída. Uma pequena lagoa, outrora tão festejada e decantada pelos poetas e boêmios da localidade sofria os terríveis efeitos da sua desenfreada invasão. Primeiro, por lhe terem subtraído o seu espaço físico com aterramentos desnecessários e depois, com o lixo provindo de um povo não tão bem preparado ecologicamente.
Um velhinho, assistindo tudo aquilo de cima de um barranco, lamentava por não ter transmitido aos seus filhos e netos os vitais conhecimentos de ecologia que aprendera com a sua mãe natureza. Outro, mais politizado, lamentava-se, por não ter gritado alto e em bom tom, quando detinha o grande poder de fazer opinião e, um terceiro, mais à frente, chorava a perda de um retrato emoldurado do seu saudoso pai, o qual se esvaiu na enchente que assolou a elegante sede do poder legislativo.
Os esgotos insuficientes não suportavam o peso dos dejetos ofertados pelas residências e pelo incremento industrial e comercial, e a manta asfáltica, que já impermeabilizara todo o solo, impedia uma absorção saudável e natural das águas perdidas. Enfim, o homem colhia os frutos que ele mesmo plantara.
Os médicos, ansiosos, sobrecarregados de tanto trabalho, aguardavam a chegada da Leptospirose, da Dengue, das Diarréias, das Viroses... Os garis aguardavam o momento de iniciar uma limpeza geral na cidade, mesmo sabendo dos enormes riscos que corriam. Os meios de comunicação de massa lamentavam por terem desperdiçado a oportunidade de realizar um trabalho sério e consciente sobre meio ambiente, e o povo, fragilizado, começava a pensar como faria para quitar o pagamento da enorme conta causada pela tragédia. Enquanto isso, um grupo de professores se perguntava: Valera à pena esperar, em silêncio, tudo isso acontecer?
Desesperado, no meu pesadelo Kafkiano, eu tentava me apegar a alguma coisa palpável, sem resultado. De repente, uma parede cai, ruidosamente, e sobre mim despenca um enorme calendário com uma vistosa inscrição em letras garrafais: “Bar dos Contrastes – Ano: 2.053”.
Dr. Savio.
ResponderExcluirSe voce morasse no Crato, veria que não teria sido um sonho, e, sim uma realidade em 2011. Como voce mora em outra localidade eu duvido que dê tempo para esperar 2053. Uma boa postagem.
Abraços.
Dr. Savio.
ResponderExcluirCada dia o TOM se identifica mais com a verve do Sanharol e eu não consigo identificar. Não sei qual é o segredo que não diz sou eu, filho de fulano e fulana. kakakaka
Sávio
ResponderExcluirNão temos tsunamis...mas o Brasil sofre com enchentes, deslizamentos, queimadas e outras catástrofes. Como entender tantos desastres? Claro que, embora o homem seja responsável por esses fatores, por outro lado ele também é vítima da desorganização urbana, do desemprego, das oportunidades desiguais e da falta de lugares ideais para viver. Observamos no dia a dia tanta miséria que sonhamos, e este texto trás o pesadelo por alguns segundos. Deus queira que só fique em sonho(pesadelo) e que acordemos com a consciência de termos um Deus fiel, justo e misericordioso para conosco.
Um abraço! Tereza Régia
Esse texto nos mostra que devemos nos preocupar com o presente para que nossos filhos e netos tenham uma vida melhor no planeta terra. O ser humano tem que parar de destruir a natureza para que não aconteça tanta catástrofe no mundo.Esse sonho realista não de 5053 e sim dos dias atuais.
ResponderExcluirfrancisco carlos pinheiro
Sávio
ResponderExcluirVeja alguns comentários:
Num mundo onde tudo é globalizado, percebemos que estamos vivendo o resultado de nossas ações contra a natureza. O texto identifica muitas reações pertinentes e oportunas. Gostei
Antonio Junior 3º B
Dr Sávio
ResponderExcluirRealizamos dia 01 de abril com os alunos da Escola José Correia Lima um debate em virtude do tema que estávamos trabalhando e através do Texto Pesadelo Ecológico, aconteceu atividades dinâmicas e participativas onde os alunos postaram opiniões.
Sônia Professora de Geografia
Postagem dos alunos:
ResponderExcluirO Texto trata-se de uma realidade muito próxima, onde vemos constatemente cidades sendo inundadas, pessoas perdendo tudo, mas ninguém faz nada para mudar a situação.Devemos ter atitude, pois o futuro do planeta está em nossas mãos.
Walesca de Oliveira 3º E
O texto "Pesadelo Ecológico", nos dá uma visão de futuro,embora já percebemos uma certa realidade. O ser humano está destruindo o seu habitat, o mundo grita por socorro e se nós geração futura não nos conscientizarmos, nossos filhos e netos viverão infelizes.Lutemos!
ResponderExcluirMaria Coroline 3º B
Dr Sávio
ResponderExcluirEsse texto nos leva a refletir como o tempo muda rapidamente, conforme as variações das condições atmosféricas. A poluição aumenta, os esgotos insuficientes não suportam o peso dos dejetos, isso tudo está impedindo a absorção saudável e natural da água. Todos nós devemos lutar por o que é nosso, vamos preservar o ambiente para termos um futuro abençoado.
Amei o texto - Karmem Rafaella 3ºB
Dr Sávio
ResponderExcluirBelíssimo texto!
Tudo o que fazemos tem uma consequência, mas o que leva o homem a chegar onde chegou é a ganância, a qual toma conta da consciência humana, política e etc. Diante de tantos acontecimentos já se pode ver que o texto não é previsão de futuro e sim realidade.
Paulo Henrique 3º E
Dr Sávio
ResponderExcluirAs mudanças citadas no texto já estão acontecendo e cada vez com mais frequência.Isso só ocorre porque o homem perdeu o senso de amar.Infelizmente o egoísmo tomou conta e o que acontece é consequência.
Rafael Marques- 3º B
Dr Sávio
ResponderExcluirA aula foi realmente prazerosa,os alunos se envolveram, só que a internet na escola deu problema e infelizmente a multimídia aconteceu de forma precária.
Um abraço!
Sônia
Zé Sávio, que bom ver esses jovens conscientes e preocupados com o futuro do planeta !!!
ResponderExcluirBelíssimo texto, parabéns !!
Morais,
ResponderExcluirEu espero que a conscientização do povo chegue antes da catástrofe.
Eu não conheço o famoso Tom, mas vocês falaram tanto dele e o mesmo, num comentário, falou bonito sobre ecologia, que resolvi homenageá-lo.
Tereza, Francisco Carlos e Sônia,
Agradeço os comentários e a agregação de valores emitidos por vocês. Figuei feliz em ver esse texto discutido em sala de aula. O caminho para uma boa educação deve começar com discussões sérias e democráticas.
Antônio Jr., Walesca, Maria Coroline, Carmem, Paulo Henrique e Rafael Marques,
O trabalho de vocês discutindo esse texto mostra a contemporaneidade do ensino e o viés do resultado obtido. Vocês, através de uma amostragem localizada, conseguiram travar um debate de importância mundial.
Parabéns ao grupo e aos orientadores. Um grande abraço.
Klébia,
Que bom ver você sempre antenada e preocupada com o futuro do planeta. O seu comentário é um estímulo a esses alunos.
Um abraço.
Dr. Sávio, parabéns pelo trabalho de conscientização ecológica e de vida saudável. Eu tive oportunidade de ler o Cordel: Se Não Uso Me Acuso - escrito pelos alunos do Caipu. (em janeiro, quando estive em Várzea Alegre)
ResponderExcluirAbraços
Artemísia,
ResponderExcluirNós utilizamos muito este tipo de trabalho no PSF de Caipu, trabalhando as ações da Promoção da Saúde com a Educação e a Ação Social.
Esta semana, em Várzea Alegre, o texto Pesadelo Ecológico foi discutido com alunos da Escola José Correia Lima, que você lecionou.
Um abraço.
Sinto-me honrado com a homenagem, e feliz por o texto e o tema ter sido discutido em sala de aula. Demonstra preocupação com o presente/futuro, e respeito pelo meio ambiente.
ResponderExcluirO tema é atual e o texto oportuno. Se compararmos imagens de satélite dos últimos 20 anos, veremos que a cobertura vegetal das terras da Várzea Alegre praticamente se acabou no período. Se observarmos apenas a imagem estática disponível no google earth, veremos que as terras do município estão praticamente nuas.
Por volta de 1984 tive um problema sério de saúde e, salvo engano, quem prescreveu a medicação e acompanhou o tratamento foi o Dr. Zé Sávio...A menos que existam dois em várzea alegre.
Como determinadas coisas a gente nunca esquece, lembro que o médico foi Dr. Zé Sávio, o taxista que me conduziu foi o Senhor João Dias e quem foi chamar o táxi foi Vicente de Ti Luiz que numa bicicleta MONARK BARRA CIRCULAR foi do Sanharol à praça dos motoristas em aproximadamente 5 minutos (nesse tempo não tinha telefone no Sanharol)...Dizem que pela primeira vez na vida o velocímetro do táxi de João Dias passou dos 40km/h.
TOM,
ResponderExcluirVejo que a minha dedicatória não foi em vão. Eu já vinha pensando em construir um texto sobre ecologia, mas que tivesse uma base local de raciocínio. Lendo um comentário seu sobre o tema, estimulei-me a escrevê-lo. Você enriqueceu o texto. Fiquei gratificado. Quanto ao tratamento médico, fico feliz em você ter se curado.
Um grande abraço.