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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 9 de dezembro de 2017

Crônica do fim de semana: página negra na História do Brasil: O dia que a França deu uma lição de moral no governo golpista brasileiro

Ilustração: o cortejo fúnebre de S.M.I. o Imperador Dom Pedro II do Brasil, com seu caixão envolto em uma Bandeira do Império, conforme registrou periódico francês da época.

   Escrevi, dias atrás, sobre o funeral de Dom Pedro II, ocorrido na França ,  quando o magnânimo Imperador –  ainda hoje é considerado “O Maior dos Brasileiros” – se encontrava vivendo no exílio, forçado a isso pelos golpistas republicanos que obrigaram toda a Família Imperial a deixar o Brasil. 

    As autoridades republicanas brasileiras não fizeram uma única manifestação de pesar pelo falecimento daquele grande estadista, admirado em todo o mundo. Julgavam-se, os golpistas de 15 de novembro de 1889,  seres privilegiados, que os demais segmentos da população era “reacionária” e se jactavam de que iriam colocar o Brasil no caminho da “Ordem e Progresso”, (deu no que deu, até descambar nos corruptos e incompetentes governos Lula/Dilma).

     Mas o que gostaria mesmo é de falar o que o Governo e o povo francês fizeram para reparar a infâmia dos republicanos brasileiros.

    O jornal “Le Jour”, por ocasião da morte do Imperador Dom Pedro II, exilado pela República golpista, a 5 de dezembro de 1891, fez um elogio fúnebre em primeira página, insistindo na ideia de que era o momento de a França corresponder ao apoio que o Imperador lhe havia dado, pois fora Sua Majestade “o primeiro Soberano que, após nossos desastres de 1871, ousou nos visitar. Nossa derrota não o afastou de nós. A França lhe saberá ser agradecida.”

    O Presidente da França, Sadi Carnot, decidiu prestar ao Imperador as honras de Chefe de Estado. A importância das exéquias públicas do Soberano deposto, decidida pelo governo francês, e as homenagens póstumas de que foi alvo, causaram a maior irritação ao Embaixador do Brasil, que apresentou ao Quai d’Orsay os protestos do governo republicano imposto por um golpe em 15 de novembro de 1889.

    Enviados de todas as nações compareceram à cerimônia fúnebre. Na Igreja da Madeleine, entre os membros do corpo diplomático, só se notou um lugar vazio – o do representante do nosso País. O Brasil oficial se negou a tomar parte na maior glorificação do nome brasileiro! Mas o Brasil profundo, autêntico, estava condignamente representado por uma filha enlutada, a Princesa Dona Isabel, convertida em Chefe da Casa Imperial e Imperatriz “de jure” do Brasil. 

    Naquele dia 9 de dezembro, muito cedo, apesar da chuva incessante e do vento frio, uma verdadeira multidão começou a ocupar a Praça da Madeleine e a invadir as ruas e avenidas adjacentes. Antes do meio-dia, a multidão já se tornara tão compacta, que os correspondentes do “Daily Telegraph” e do “Daily Mail” escreveram:
“Havia tanta gente nos funerais do Imperador quanto nos de Victor Hugo.”
Calcula-se em 200.000 as pessoas que assistiram à passagem do cortejo fúnebre.

   Joaquim Nabuco, correspondente do “Jornal do Brasil”, escreveu por ocasião das exéquias suntuosas do Imperador em Paris:
“Mais do que isso, infinitamente, D. Pedro II preferia ser enterrado entre nós, e por certo que o tocante simbolismo de fazerem o seu corpo descansar no ataúde sobre uma camada de terra do Brasil interpreta o seu mais ardente desejo. Ao brilhante cortejo de Paris ele teria preferido o modesto acompanhamento dos mais obscuros de seus patrícios, e daria bem a presença de um dos primeiros exércitos do mundo em troca de alguns soldados e marinheiros que lhe recordassem as gloriosas campanhas nas quais seu coração se enchera de todas as emoções nacionais. Mas foi a sua sorte morrer longe da Pátria. É uma consolação, para todos os brasileiros que veneram o seu nome, ver que ele, na sua posição de banido, recebeu da gloriosa nação francesa as supremas honras que ela pode tributar. No dia de hoje o coração brasileiro pulsa no peito da França.”

(Baseado em trecho do livro “Revivendo o Brasil-Império”, de Leopoldo Bibiano Xavier.
Postado por Armando Lopes Rafael)

Um comentário:

  1. Para se comparar os mandatários da Monarquia com os da Republica é bastante observar a falta de caráter, vergonha e bons costumes dos atuais. Só isso basta. Mas, se você acha pouco, a republica oferece : palhaço na câmara federal, quebradora de coco no senado federal e um analfabeto ladrão na presidência.

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