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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 12 de novembro de 2023

Biografia do Padre Antonio Batista Vieira - Por Pedrinho Sanharol.

Antônio Batista Vieira foi, acima de tudo, a perfeita expressão do autêntico sertanejo. Este nasceu na Serra dos Cavalos, no Município de Várzea Alegre, no dia 14 de Junho de 1919. Naquele ano, uma histórica seca flagelava o nordeste brasileiro, dizimando os rebanhos bovinos e afugentando inúmeras famílias daquele ambiente inóspito.

Filho de pais pobres que viviam no campo, dali extraindo o sustento da prole que se multiplicava, Padre Vieira conheceu na infância todas as limitações e privações peculiares à situação de absoluta pobreza, sendo obrigado a acompanhar os pais nas atividades agrícolas. 

O resultado dessa vivência, manifestado no contato com a terra mártir, é traduzido na marca profundamente humana e sertanista dos seus escritos. Sua prosa revela contrastes admiráveis, quando o homem, refeito das adversidades do meio, reanima-se, poetiza e ri.

No sertão, ainda menino, o Padre Antônio Vieira freqüentou escolas de palmatória e sabatina, de onde rumou para o Seminário do Crato-CE, a fim de cumprir uma velha aspiração dos seus pais, que pretendiam transformá-lo num sacerdote. 

Sete anos depois, mudou-se para o Seminário de Fortaleza, onde concluiu Filosofia e Teologia.

Ordenou-se em 1942, no Seminário do Crato, ali ficando até o ano de 1953. Em 1964, Padre Vieira cursou Administração de Empresas na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. 

Dois anos mais tarde, candidatou-se a Deputado Federal, sem nenhuma experiência política. Apesar de ter sido eleito, exerceu apenas a metade do referido mandato, sendo cassado pelo AI-5, Ato Institucional No 5, instituído pelo Governo Ditatorial do General Artur da Costa e Silva, o qual lhe concedia poderes para revogar direitos políticos dos potenciais adversários do regime.

Em seguida, Padre Vieira cursou Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1984, retornou ao Ceará. Escrevia em jornais "às escondidas", devido à proibição dos seus superiores, chegando a utilizar os pseudônimos de "Bene-ditto Antônio Teixeira" e "Vulpiano Xerez".

Entre os livros que publicou, destacam-se os seguintes: "100 Cortes Sem Recortes" (1963); "O Jumento, Nosso Irmão" (1964); "O Verbo Amar e Suas Complicações" (1965); "Mensagem de Fá, Para Quem Tem Fé" (1981); "Pai Nosso" (1983) e "Bom Dia, Meu Irmão Leitor" (1984). A partir de 1954, começou a escrever assiduamente no Jornal "O Povo", tornando-se um de seus melhores e altivos colaboradores. 

Seus leitores constituíam-se, basicamente, como gente do povo, seja da capital ou do sertão, encontrando um fiel público leitor também nas escolas.

A morte do Padre Vieira, ocorrida no dia 19 de abril de 2003, veio despertar nos varzealegrenses o desejo de terem, nesse município, um museu, onde se possa preservar não só a obra de Padre Vieira, mas também o legado deixado por outros ícones da nossa cultura.

3 comentários:

  1. Quando o governador do Ceará Gonzaga Mota rompeu com os coroneis em 1986, formou uma chapa majoritária com Tasso Jereissate para governador, Mauro Benevides e Padre Vieira senadores.

    Ao fazer a comunicação o Padre Vieira não aceitou. Falou que no período ia escrever um livro para lhe eternizar, e, que depois do mandato ninguém saberia quem foi o senador.

    Aí está o testemunho de sua humildade e singeleza, eternizado por suas obras literárias e ganha um doce quem lembrar o nome de quem ocupou o senador.

    Salve o Padre Antonio Batista Vieira.

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  2. Eleito deputado federal pelo Ceará exerceu metade do mandato. Na véspera de ser cassado, avisou a também varzealegrense deputado Figueiredo Correia que ia fazer um discurso na tribuna e ia ser cassado. Sendo cassado pelo AI-5, Ato Institucional No 5, instituído pelo Governo Ditatorial do General Artur da Costa e Silva, o qual lhe concedia poderes para revogar direitos políticos dos potenciais adversários do regime.

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  3. Padre Vieira, o empreendedor. Quando Dom Francisco de Assis Pires, segundo Bispo do Crato foi avisado que a igreja de São Francisco corria o risco de ruir, falou para o Padre Vieira olhar e dar um jeito. O padre vendo o estado do templo pediu um trator ao prefeito e botou abaixo. Quando o bispo soube falou: Você é louco! Vou lhe nomear vigário da Paroquia para você reconstruir o templo. Foi assim , logo estava reconstruída uma das igrejas mais belas da cidade do Crato. De quebra o Padre Vieira construiu uma replica na fazenda Cristo Rey pertencente a família em Várzea-Alegre.

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