De Miguel de Lira nada se sabia. não procurou sequer a casa dos parentes, a fim de não complicá-los. E muito tempo se passou sem que se soubesse noticias dele. Porém não se encontrava distante, andara apenas o suficiente para cruzar os limites do estado, tendo ido se localizar na Serra do Borralho município de Paulistana, Piauí.
Ali na qualidade de posseiro construiu uma nova casa, e continuou se dedicando ao cultivo da terra, indo pouco aos povoados, fazendo isso quando tinha que negociar os produtos das lavras e para compra de mantimentos necessários. Vivendo de caça e do que colhia ali se deixou ficar.
Uma única vez tentou vingar-se daquele que foi a causa de todos os seus problemas, porém, ao se deparar com o inimigo, esse se encontrava com uma criança no colo, Miguel de Lira desistiu do intento e perdoou.
Por quatro anos permaneceu na Serra do Borralho, descansando e julgando-se salvo e esquecido. Porém, certa manhã, ao acordar e se dirigir para o terreiro a fim de atender uma necessidade fisiológica, foi surpreendido por um disparo feito por um rifle surdo, vindo o projetil roçar-se de leve a coxa. Jogou-se dentro de casa, sendo coberto por uma saraivada de tiros, dos quais só a sua agilidade o fez escapar.
Levando um saco nas costas com um cordão preso nos dentes tendo apenas uma roupa e duas rapaduras, e um revolver calibre 32. e na mão esquerda uma espingarda de caça, teve que abandonar os seus pertences fugindo em meio ao tiroteio.
Atirou num soldado ferindo a altura da garganta, não suficiente para matá-lo. Fugindo dali ele retornou a sua antiga morada, onde trabalhando praticamente sozinho, preparou o solo para o aproveitamento do inverno que chegava. Nada o demove da terra, Nada o faz afasta-se dos instrumentos agrícolas, a não ser se, mais uma vez, tiver que trocar o cabo da enxada pelo gatilho do revolver.
A casualidade do entendimento. Os crimes eram iguais, um foi levado a justiça. O outro não. Daí a confusão.
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