Meu pai, que na época da monarquia era menino e morava no Largo de São
Salvador, no Rio de Janeiro, gostava de correr atrás da carruagem de Dom
Pedro II, gritando “Viva a República!”, quando Sua Majestade ia visitar
a filha no que é hoje o Palácio Guanabara. Detrás de suas barbas
patriarcais, o Imperador respondia, sorrindo para o pirralho atrevido...
O Império de fato jamais fizera qualquer objeção à expressão do pensamento de seus adversários.
O fato é que, no momento, só dois deputados republicanos sentavam-se no
Parlamento, o que prova o pouco efeito que, até então, tinha tido a
livre propaganda da Ditadura republicana positivista.
Grande
foi o contraste com a censura, a inquisição e a perseguição aos
monarquistas que se estabeleceu pelo Decreto de 23 de dezembro de 1891,
por ocasião da primeira constituição republicana, que ficou conhecido
como “Decreto Rolha”. O Império sempre fora perfeitamente liberal e
democrático. E enquanto a monarquia foi perseguida pela famosa “cláusula
pétrea”, dispositivo que perdurou até a última das publicações
periódicas chamadas Constituições, a de 1988, a mais burra de todas – o
regime republicano estabelecido em 1889 se distinguiu, desde o início,
pelo personalismo, as iniciativas arbitrárias, as ilegalidades e os
sistemas ditatoriais.
A
República teve que esperar 57 anos, até as eleições de 1946, para formar
um governo legítimo e livremente escolhido pelo povo - se a isso se
poderia chamar eleições!
Uma alegação comum qualificava a monarquia de regime anacrônico,
defasado e contrário ao desenvolvimento. É a primeira mentira. Japão,
Grã-Bretanha, Países Baixos e os Escandinavos se colocam entre os de
maior PIB per capita do planeta. Noruega e Luxemburgo gozam, aliás, de
uma renda pessoal média anual de 36 mil dólares, a única acima da
americana.
A Espanha
livrou-se do atraso, anarquia e conflitos internos, responsáveis pela
mais sangrenta guerra civil do século, depois de se transformar em
reino. Hoje, é o país que mais cresce na Europa. Na época do Império,
nem um Napoleão III, uma rainha Victoria ou um Kaiser Guilherme I teria
tido o topete de usar a nosso respeito a expressão que notabilizou De
Gaulle (“O Brasil não é um país sério”).
Éramos um país sério, na Monarquia! (*) Meira Penna, embaixador.
Quanta diferença dos monarcas para os chefes da republiqueta. Deodoro da Fonseca que três dias depois de proclamar a republica estava arrependido o que diria hoje.
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