Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

ELE TEM AQUILO ROXO - Por Mundim do Vale.

Zé Negão, um preto muito disposto, chegou a jogar de goleiro na seleção de Várzea Alegre. Além de ser um excelente profissional no ofício
De confecções de telhas, tinha ainda a fama de ser o melhor armador de fojos para capturar preás. Mas como não há bom sem defeito, ele apreciava a água do demônio, como dizia O Coronel Dirceu de carvalho Pimpim.
Teve um período em que ele trabalhava com Bizim fazendo telhas, mas quando recebia o pagamento passava várias semanas sem trabalhar, só bebendo cachaça.
Certo dia na hora de fazer o pagamento. Bizim chamou ele de lado e começou a dá uns conselhos:
- Zé. Arrume sua vida, deixe essas cachaças, você passa vários dias trabalhando e quando recebe o dinheiro fica estragando com bebidas. Isso não é vida para um homem não. Faça uma poupança no BEC. Pense no seu futuro.
Zé Negão aproveitando os conselhos do patrão resolveu mudar de vida. Abriu uma poupança no banco e começou a depositar dinheiro, ficando apenas com alguns trocados para pequenas despesas.
Quando alguém chamava para tomar uma ele dizia:
- Não Sinhor! Eu laiguei a cachaça. Eu agora tou é ajuntando dinheiro no banco. Eu já tem mais dinheiro lá, do que Ontônia Canela.
Foi nessa mesma época que Collor de Melo assumiu a presidência da república e confiscou as poupanças deixando muita gente revoltada. A notícia foi a gota dágua para Zé Negão voltar a beber. Teve um dia que ele chegou na bodega de Alberto mais indignado do que Filó, quando alguém passava uma nota de duas cabeças.
Revoltado e embriagado ele falou:
- Mais Cuma é qui pode Oberto? Eu passei esse tempo todim trabaiando na olaria de Seu Bizim prumode ajuntar essa mincharia, quando acabar vem esse tal de Cola de Melo lá da caixa prego e mete meu dinheiro no rabo. Se eu pegasse aquele infiliz lá na minha olaria, eu infiava ele dento do barreiro pra ele ver o qui é bom pra tosse.
Alberto tentando acalmá-lo falou:
- Mas Zé Negão o homem é o presidente da república.
- E o que qui tem? Eu num me meto nos negoço dele. Ele divia tombém num se meter nos meu.
- Mas Zé! Ele tem aquilo roxo.
- Grande merda! Eu tombém tem aquilo roxo e só tem seivintia prumode arriar a massa nas moita.

4 comentários:

  1. Mundim.

    O Collor tinha aquilo roxo e deixou todo mundo roxo de raiva.

    ResponderExcluir
  2. Mundim,eata hitória lembra d+ outra
    O Zé fazendo barro na construçao da casa do meu pai,o Zé dentro do buraco
    com barro até no olho e eu chegava bem devagar e jogava barro nele, até ele sair do buraco, eu já tava no colo de Madrinha Zefa.

    ResponderExcluir
  3. É Luiz.

    No colo de madrinha Zefa você estava protegido. Là ninguém podia lhe dar um cascudo.

    ResponderExcluir