Como é que de repente se fica feia e velha assim? Foi a pergunta que me assaltou o espirito ao ver passar por mim aquela mulher corcunda e de nádegas murchas, que nunca fora bonita, é verdade, mas que até o dia anterior, quando me cumprimentara pela ultima vez, mostrava ter as carnes rígidas, a pela macia e o olhar pleno de luz.
O tempo é cruel pela rapidez de sua passagem e estragos feitos em seu percurso. Interiormente, porem, só o presente prevalece, não valendo toda a eternidade mais do que o dia de hoje, o momento atual.
Assustei-me com a mulher que desde muito não via. Desde quando? Desde muito: Dez, quinze anos. Mas eu a senti como se ela tivesse estado comigo na véspera, loquaz e sorridente, e naquele instante me reaparecesse assim abatida, de fala e sorrisos apagados.
Que impressão poderá alguem que me viu ontem ter hoje de mim? Disse-me a mim mesmo, espalmando contra o topo do cranio a cabeleira inexistente.
Um grande texto este do professor Hermógenes.
ResponderExcluirO problema está exatamente aí: olhamos sempre para o outro, nunca para nós mesmos.