Ultimamente em nossas postagens e comentários, temos falado muito sobre “Adjuntos de Apanha de Arroz”. Uma autora e comentarista do blog sugeriu que fosse feita uma postagens falando do tema.
Eram verdadeiras festas populares com a participação de dezenas de agricultores na colheita da produção. Por tradição, as únicas despesas eram com a alimentação, farta e abundante.
A Mão de obra era trocada, um dia se reuniam dezenas de homens no roçado de hum, depois esses mesmos homens se reuniam para colher a lavoura do outro. Nas brincadeiras faziam ameaças como “armar a arapuca”, que significava comer toda comida servida, o que seria uma grande vergonha para o dono do adjunto. Por esta razão a alimentação era preparada na base de duas ou três vezes a capacidade de alimentação de cada homem.
Zé André, chegou a levar, num só dia, 130 homens para a roça, neste mesmo dia estiveram no adjunto o prefeito da cidade Dr. Pedro Satiro, o promotor de justiça Dr. Airton Castelo Branco, o Juiz de Direito Dr. Vasco e o Padre José Otavio. Ele dizia brincando "o meu adjunto é federal".
Os trabalhadores passavam o dia todo cantando as toadas num ambiante de alegria, descontração e felicidade. A banda cabaçal tocava para um lado e a banda de musica ensaiava os dobrados e marchinhas.
Depois do jantar, era servido uma sobremesa de arroz doce, um composto de arroz, leite, amendoim e rapadura, e os caboclos comiam até o bucho agüentar. A noitinha continuavam brincando, jogavam maneiro pau e faziam outras brincadeiras da cultura popular daqueles tempos.
Candeiro, nosso grande poeta, disse num de seus belos Poemas:
Candeiro, nosso grande poeta, disse num de seus belos Poemas:
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Dava gosto de se ver,
Um bando de Cabra macho,
Cortando cacho por cacho,
Cantando sindô lelê.
Dava gosto de se ver,
Um bando de Cabra macho,
Cortando cacho por cacho,
Cantando sindô lelê.
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A modernidade acabou com estas festas e a individualidade derrotou a alegria do adjunto como diz Candeiro em outro verso:
A modernidade acabou com estas festas e a individualidade derrotou a alegria do adjunto como diz Candeiro em outro verso:
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Mas, tudo isto acabou-se
Não tem mais arroz doce.
Nem jogam maneiro pau,
Estão cortando pelo tronco,
E batendo no girau.
Mas, tudo isto acabou-se
Não tem mais arroz doce.
Nem jogam maneiro pau,
Estão cortando pelo tronco,
E batendo no girau.
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Zé André tinha bastante dificuldade de retribuir os trabalhadores que participavam dos seus adjuntos porque às vezes aconteciam dois ou mais adjuntos no mesmo dia, e como exigiam a sua presença, ele ia pela manha para o de hum e a tarde para o do outro.
Zé André tinha bastante dificuldade de retribuir os trabalhadores que participavam dos seus adjuntos porque às vezes aconteciam dois ou mais adjuntos no mesmo dia, e como exigiam a sua presença, ele ia pela manha para o de hum e a tarde para o do outro.
A.Morais
Eu tenho muito orgulho de ter vivido naquela epoca, finais da decada de 1950 e inicio da decada de 1960. Ainda com os meus 9 anos, lembro-me com muita saudade um dia em que o meu pai me disse:Pela manha eu vou ao adjunto de Santiago, a tarde vou para o de João de Pedrinho, e voce Antonio, vá para o de Vicente de Antonio Bitu no Serrote. Eu peguei a minha quicé e juntei-me a dezenas de trabalhados colhendo arroz. Lembro de uma observação de Luiz de Antonio Bitu: è um menino ainda mais leva jeito, sendo do Machado é um bom apanhador de arroz, pela primeira vez me sentir homem realizado, senti-me orgulhoso. Eu tenho muita saudade daqueles tempos.
ResponderExcluirUm abraço.
A. Morais
Parabens pela postagem, Morais. Batante interessante essa partilha de amizade, solidariedade além das brincadeiras entre os produtores varzealegrenses.
ResponderExcluirLembrei-me que bem criança ainda fomos fazer um "adjunto" meu pai, minha mãe, irmãos e eu colhendo algodão. Eu ficava admirada como o algodão tão branquinho podia brotar daquele pequeno arbusto. Mas, foi só um adjunto de faz de conta. (risos).
SEu Minininho Bitu tam bém fazeia adjunto, tinha também, Morais, as apostas da maior muqueca, oubi d izer que Mané de Vó era campeão. Mas o chamado 'Rei do Arroz foi Zézinho Costa, do umari.
ResponderExcluirMorais. Parece combinação, mas esse mesmo assumto dos adjuntos eu já contei a nossa amiga Glória numa mensagem via imail. tudo que tinha no meu texto tem nesse seu. Só coisa de várzea Alegre mesmo.
ResponderExcluirGiovani. No meu tempo, os maiores catadores de arroz eram; Tindé e Oliveira Sátiro.
Abraço.
Mundim.
Mundim.
ResponderExcluirVoce sabe que na maior festa do arroz realizada em Varzea-Alegre o Oliveira Satiro foi campeão do certame. Apanhou mais de cinco quartas de arroz num só dia.
Por um dever de justiça a sugestão para esta postagem sobre os adjuntos foi feita pela colaboradora, autora, escritora e amiga do Blog Gloria Pinheiro, uma Cratense que reside no Estado de São Paulo. Autora do segundo comentario sobre o tema.
Abraços.
A. Morais
Raimundinho, você tirou-me as dúvidas a respeito do adjunto. Fui procurar seu e-mail mas não localizei. Como tem muitos cratenses e caririenses que passam pelo Sanharol e acreditando que nosso amigo Morais tem mais tempo disponível, achei que o assunto merecia uma postagem para elucidar pessoas que desconheciam o que é adjunto, assim como eu.
ResponderExcluirSem essa de Só No Crato é também, Só em Várzea Alegre, não é?
Uma boa tarde para você, amigo!
Prezado amigo.
ResponderExcluirClic na foto e veja que beleza, esta platação de arroz.