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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 10 de janeiro de 2010

EU NÃO SOU SÃO LÁZARO - Por mundim do Vale

Meu conterrâneo João Pirão, tinha o ofício de marchante e ainda fazia uns bicos abatendo animais para aqueles que não tinham coragem ou disposição para tal.
Uma vez ele foi contratado por meu pai para abater um porco na nossa casa da Vazante. Mas como ele era zarolho deu cinco investidas de machado e errou todas cinco. Só acertava no porco que não era o porco. Diante daquela dificuldade meu pai pediu a Moisés para que ajudasse a João.
Moisés chamou João para um treinamento dizendo:
- João. Você preste bem atenção. O porco é aquele de quatro pés, eu sou Moisés, entendeu?
- Intindí. Mais já tá vogando?
- Tá!
Moisés segurou na perna do porco e João ainda acertou duas machadadas no chão. Até que na terceira conseguiu.
Em outra ocasião ele comprou uns porcos a Chiquinha Perna Grossa e ficou dando trabalho para pagar, quando tinha que ir para o Roçado de Dentro, fazia como Zé Atahide, ia pelo Sanharol, Chico e Caminho Velho para não passar nas Quatro Bocas onde morava a credora.
A credora tinha também uma criação de cachorros, todos os anos ela fazia a festa dos cachorros. Era cachorro escorando poste de luz com a pata, era cadela guinchando cachorro, era cachorro novo, cachorro velho e a festa só terminava quando Dedé de Biluca soltava uma bomba rasga lata.
Como o resgate da conta estava ficando difícil, Chica mandou um recado de cobrança por Emília de Leoné.
A portadora quando encontrou-se com João, foi logo falando:
- Ei João. Cumade Chiquinha mandou dizer, qui já qui tu num cria veigonha pra pagar os poico, mandasse umendo as tripas, prumode ela dá os cachorro dela.
- Apois vorte e diga a ela,qui eu num sou São Lazo Não.

Fontes: Mundim do Vale e Antônio Morais.


3 comentários:

  1. Mundim do Vale.

    Voce resgata varios nomes neste seu texto. Eu lembro bem da Emilia de Leonel, já idosa, passando pelo Sanharol pedindo esmola, já que aquela epoca não havia aposentadoria e ela não tinha condições de trabalhar e o unico filho que tinha era deficiente fisico.

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  2. Morais.
    Emília tinha Antônio que era deficiente e tinha Leonel ( Véi )
    que era forte e eficiente, trabalhou bastante tempo na Mudanças Confiança. O filho Danilo é o motorista do guerreiro Luís Carlos.
    Abraço.
    Mundim.

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  3. Mundim.

    Obrigado pela informação. Eu só me lembrava de Antonio.

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