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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Coisas da República: Vergonha: quanto ganha deputados e senadores no Brasil

    O senso comum nos leva a crer que a Monarquia, com suas cerimônias tradicionais e pomposas, seja naturalmente mais dispendiosa, mas isso não se verifica na realidade. Pelo contrário, quando se faz uma comparação mesmo entre países europeus, é possível notar que naqueles onde há um Monarca existe maior austeridade e respeito ao dinheiro público.

     Enquanto isso, no Brasil, nossa desacreditada classe política, mergulhada em um dos maiores escândalos de corrupção de todo o mundo, faz crescer sobre si a rejeição popular, sem qualquer constrangimento ou respeito aos interesses do povo que representa, em razão dos seus altíssimos salários e privilégios desproporcionais. Segundos dados de 2016 do “Congresso em Foco”, cada Deputado Federal custa por ano R$ 2.023.949,28 (dois milhões, vinte e três mil, novecentos e quarenta e nove reais e vinte e oito centavos), somando salário e benefícios; no total, os 513 parlamentares da Câmara dos Deputados recebem R$ 1.038.285.980,64 (um trilhão, trinta e oito milhões, duzentos e oitenta e cinco mil, novecentos e oitenta reais e sessenta e quatro centavos). Isso, claro, sem levar em conta a quantidade de dinheiro recebida por políticos por meios ilícitos.

     Dados apresentados pela Fundação Indigo de Políticas Públicas – que tomam por base informações do FMI, "Inter-Parliamentary Union", Euronews, websites e documentações governamentais – apontam o Reino da Espanha como o País no qual o salário básico dos parlamentares é o menor em proporção à renda média da população (1,33). Em seguida estão outras Monarquias como Suécia (1,63), Dinamarca (1,76), Reino Unido (2,1), Austrália (2,95), Nova Zelândia (3,02) e Japão (3,59); todos à frente do Brasil, onde, vergonhosamente, o que recebe um congressista é 16,1 vezes mais do que a média do brasileiro.

    Em 2012, o Jornal da Band, da TV Bandeirantes, apresentou uma interessante série de reportagens de nome “Suécia – Políticos sem mordomia”, que está toda disponível no YouTube. Lá um Deputado Federal recebe, em valores daquele ano, o equivalente a R$ 13 mil mensais, o dobro do salário de um professor sueco. Sem qualquer mordomia, os parlamentares passam a semana em apartamentos funcionais simples de até 40m2, dividindo entre si lavanderia e cozinha comunitária, sem empregados domésticos.

     A realidade sueca nos faz refletir sobre qual é a verdadeira finalidade do político. Não é outra além de representar os interesses daqueles que o elegeram. A política não pode ser uma carreira nem uma fonte de privilégios. Certamente, temos algumas lições a aprender com o Reino da Suécia, bem como as demais Monarquias Constitucionais.

IMAGEM: Infográfico representando o salário básico de um parlamentar em proporção à média de renda de sua população.

Um comentário:

  1. Prezado Armando. Ontem eu li um texto da historia que fala da proclamação da Republica. Segundo o texto grande parte da Igreja Católica Brasileira contribuiu enormemente para a derrubada da Monarquia e proclamação da Republica. Sua postagem mostra o desequilíbrio financeiro entre os segmentos da sociedade. Sem se falar na imoralidade que esses politicos surrupiam as escondidas.

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