De acordo com o dramaturgo Nelson Rodrigues (1912 – 1980) o “Brasil é uma pátria de chuteiras”, onde há milhões de técnicos de futebol. Acertadamente, o escritor faz uma metáfora humorada, se referindo à paixão dos conterrâneos pela arte futebolística, onde de norte a sul a população reverencia esse esporte, que já deu, além de conquistas sociais e econômicas, cinco taças da Copa do Mundo ao nosso país. É verdadeiramente uma paixão nacional.
Longe de querer comparar-me ao legado do grande escritor referenciado, faço um paralelo afirmando que, na minha visão, o Brasil também é uma pátria de gerentes, com milhões de “doutores” em economia informal e em aconselhamento político-econômico. Na qualidade de um deles, terço comentários sobre a lástima populista, que envolveu o governo central nas administrações do país de 2003 a 2016, ancorados por doutrinas engendradas por uma plêiade de esquerdistas, liderados pelo PT, com apoio de outras agremiações partidárias como PC do B, PSB, PSOL etc, inclusive o furtivo PMDB (agora MDB).
Nesse período, as mentes dos governistas, contaminadas por um pensamento leviano de que dinheiro cai do céu, recebeu assessoramento de meia dúzia de artistas e intelectuais, de Ong’s e de organizações sindicais e classistas, que nunca “arrastaram” trabalho para ter cifras em seus cofres, já que, amparados por legislações e jurisprudências rudes, sempre tiveram finanças abastardas, advindas do poder público ou de apaixonados trabalhadores, que lhe dirigem regularmente vultosas somas em dinheiro. Ainda bem que recentemente uma dessas benesses foi extinta (o imposto sindical obrigatório).
O futebol, também como a economia e a política, é uma arte de resultados e parâmetros subjetivos. Contudo, mesmo com milhões de técnicos se dizendo conhecedores do ramo, há uma norma geral que rege a sua prática, que é o sistema tático. Nele o time é orientado por um esquema que divide os jogadores dentro do campo, aumentando ou diminuindo a quantidade deles na zaga, no meio de campo ou no ataque, à medida que os dirigentes do clube analisam o adversário ou o placar que pretendem alcançar: (4 - 2 – 4), (3 – 4 – 3), (4 – 4 – 2) etc. Mexer em um desses esquemas, desregradamente, pode acarretar resultados desfavoráveis e, consequentemente, vais e desaforos da torcida.
O Brasil, a partir do Plano Real (1994), adotou um “esquema tático”, chamado tripé macro-econômico para lidar com a economia. Nele, os governos devem seguir estratégias baseadas no dólar flutuante, metas de inflação e ajuste fiscal. Como no futebol, mexer em um deles sem parâmetro e embasamento político-econômico é fatal. E foi o que o governo do PT fez. Como exemplos de desacertos, pode-se citar: adoção de políticas de desoneração fiscal da indústria automobilística e de produtos da linha branca por um período muito longo; implementação de programa obscuro na seleção de “campeões” para obtenção de financiamentos astronômicos do BNDES (leia-se Odebrecht, Eike Batista, JBS etc.); linhas de financiamentos para grandes obras de infra-estrutura em outros países com economias e democracias frágeis (dentre eles Cuba e Venezuela). Nesse afã, até a população mais humilde se endividou de forma desregrada, principalmente com a ilusão dos empréstimos consignados.
Tudo isso o governo fez com dinheiro que não era seu, e sim, tomado emprestado da patuléia, de fundos de pensões das estatais e de empresários gananciosos por juros compensadores. O governo tomava dinheiro no mercado a uma taxa de juro anual de até 13%, 14% e o repassava ao BNDES, para financiar empresas com encargos subsidiados de 5%, 6% ao ano. Talvez, por acreditar que dinheiro cai do céu, a presidente Dilma tentou burlar até mesmo a máxima da ciência contábil, que rege que dois mais dois são quatro e que ativo e passivo devem ter resultados iguais. Sendo assim, em desrespeito ao congresso e órgãos de controle do governo, adotou as falsas e famigeradas “pedaladas fiscais”, que lhe empurraram para o acertado “impeachment”. Sem contar com os esquemas desavergonhados de obtenção de verbas eleitorais em caixa dois e propinas, engendrados por criminosos dos chamados “Mensalão” e “Petrolão”, aquele com os culpados já punidos e, este, no encalço da Polícia Federal e da Justiça, com muitos dos componentes condenados, inclusive o ex-presidente Lula da Silva.
Depois do tombo, os partidários da esquerda se arvoram na ignorância de sempre e incentivam seus seguidores desavisados a não reconhecer o resultado da votação do congresso que desapeou o PT do governo; nem mesmo da condenação do ex-presidente Lula em segunda instância. Para eles o que vale é estar no poder ou a desobediência civil.
Poderiam seguir pelo menos o ensinamentos do livro do profeta Jó, que no seu capítulo Capítulo 1, versículo 5 prega o arrependimento e a conciliação: “Quando acabava a série dos dias de banquetes, Jó mandava chamar seus filhos para purificá-los e, na manhã do dia seguinte, oferecia um holocausto por intenção de cada um deles: porque, dizia ele, talvez meus filhos tenham pecado e amaldiçoado Deus nos seus”. Mas nem isso lhes serve como refúgio, pois, em que pese a tendência esquerdista de grande parte da igreja católica, não se pode esperar clemência e devoção cristã de semi-ateus como Lula, Dilma, Zé Dirceu, Vacari etc, que nunca foram vistos orando, nem numa igreja, muito menos pregando a fé. Em vez de crer em Deus, parece que eles preferem acreditar que “dinheiro cai do Céu”
Prezado amigo Antônio, O futebol era o ambiante apropriado para corrupção. Certa feita, o Santos fez um amistoso no Líbano e de volta a mala com o dinheiro caiu no mar, ou seja o dinheiro caiu do céu. De 12 anos pra cá, com o domínio do PT a politica passou a ser hegemonia na corrupção. O Lula foi e é extremamente competente no campo da ladroagem.
ResponderExcluirO seu texto é de uma competência esmerada no tocante aos últimos 14 anos de governos. Brincaram com o dinheiro como se dinheiro caísse do céu. Parabéns.