Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 6 de agosto de 2023

128 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


José Clementino do Nascimento, o bom poeta do Boi do Banco - Revista Região.

Já o conhecia de nome, de fama, através de sua parceria com o Rei do Baião Luiz Gonzaga. Pessoalmente, este ano, numa animada roda de amigos, em um dos pontos mais frequentados pela sociedade de Várzea-Alegre, conheci Zé Clementino, quando o prefeito local sentenciou: "Agora Clementino, você vai interpretar Eu sou do Banco e vai ser filmado também. Com espanto voltei-me para um moço, cabelo um tanto ou quanto grisalhos, não em função da velhice, e que atendeu de imediato ao pedido de Pedro Sátiro. 

Interessante, quantas vezes me encontrei no INAMPS, pelas ruas da cidade, no Bar do Alagoano, em muitos locais da mui amada capital do Cariri, sem saber que o dito cujo era aquele compositor de tantos grandes sucessos de Luiz Gonzaga.

Ali estava o menino inteligente mas peralta, o filho do seu Lourival Clementino do Nascimento e de Dona Emília Maria da Silva, nascido naquele distante 02 de fevereiro de 1936, no Sitio Juazeirinho, distrito de Canindezinho, em Várzea-Alegre.

Num momento de evocação dos bons tempos da meninice, da infância de garoto pobre, de menino da roça, Zé Clementino falou sobre o seu primeiro professor, o velho e querido mestre Joaquim Sampaio Teixeira de Oliveira. Com muita saudade recordou as aulas da professora Santa Teixeira Siebra e Amália Correia Lima, quando frequentava as escolas particulares da cidade. Mudando de escola como se muda de roupa.

Zé Clementino foi parar no único grupo da cidade, o José Correia Lima, de onde, por peraltice, foi expulso. Tempos depois, pelas mãos de outro velho educador, professor Walquirio Correia Lima, voltou aos estudos, até que, em Fortaleza, no Liceu do Ceara, concluiu o ginasial, encerrando aí, o seu ciclo de estudos.

Região - Você não esbarrou aí certamente, porque depois nasceria o poeta, o compositor...

Clementino - Exatamente. Depois que abandonei os estudos, fui trabalhar. Fui lavador de garrafas na Fabrica de Bebidas de João Francisco, pesador de algodão na Usina de Luiz Proto. A partir de 1962 as coisas melhoraram. Ingressei no serviço publico federal, como Postalista do antigo DCT. Com a transformação do Departamento em empresa, fiquei um longo período em disponibilidade, ate que fui remanejado para a Previdência Social, onde hoje trabalho na agencia de Crato. Foi nessa fase que descobri que tinha tendencia para a poesia, para a composição musical.

Região - Quando conheceu Luiz Gonzaga?

Clementino - Foi em 1964, na residencia de Manoelito Parente, por apresentação do seu filho Paulo Parente, grande amigo do Luiz Gonzaga. Veio o primeiro LP com composições de minha autoria: Oia eu aqui de novo, contendo, entre outras, Xote dos cabeludos, Contrates de Várzea-Alegre e Xenehnnehn.

Depois surgiram outros como: Jumento nosso irmão, Sertão Setembro, Capim Novo, Apologia ao Jumento, Sou do banco.

Região - Das composições de sua autoria qual a que mais marcou sua vida?

Clementino - Tenho muitas composições, delas inéditas, mas a que marcou profundamente foi a do hino do município de Várzea-Alegre, por ser uma homenagem toda especial ao meu torrão natal.


7 comentários:

  1. Relato do próprio num dia de muita serenidade e paz, no Bar do Alagoano em Crato.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Conviver com uma celebridade simples como esta, deve ser um.orgulho sem tamanho, para qualquer ser humano. Eu fui porteiro de um toilete no galeão, a pedido de D Zelia Gatai, para levar o grande Jorge Amado e quase tive um troço. Dai sei mais ou menos, o que é isto. 0s dois, eram a simplicidade em.pessoa.

      Excluir
  2. Uma mistura de paraibano e cearense(origem e nascimento).Meus bisavós maternos são todos de São Bento Pb.Miguel Jesuíno de Araújo e Pedro Clementino do Nascimento.

    ResponderExcluir
  3. José Clementino foi realmente um grande poeta e compositor, que contribuiu muito com suas canções para expandir a cultura do nosso município de Várzea Alegre.
    Conheci cedo, não só ele, mas seus familiares. É que dois irmãos dele (Pedro e Maria) casaram-se com (Zé e Maria), filhos de Raimundo Pretinho, que residiam em frente à casa dos meus pais, no Sítio Sanharol - V. Alegre.

    ResponderExcluir
  4. José Clementino e o meu irmão Pedro Morais moravam no Edifício Maia bem próximo do Bar do Alagoano. Nas sextas-Feiras eu me juntava aos dois e mais outros amigos de Várzea-Alegre e fazíamos a viasacra. Começava pelo Bar do Alagoano, Algo Mais, Pau do Guarda, e terminava sempre no Restaurante Guanabara , O Nenên, onde tomávamos uma canja de galinha de sabor especial. Um dia estávamos acomodados na mesa quando chegou o garçon com uma bandeja farta com Carne de Sol, batata frita, franco a passarinho e outras goluzeimas. José Clementino falou para o Garçon: Você está enganado, nós pedimos canja de galinha. O garçon falou : É pra vocês mesmo, quem mandou está no salão reservado. Quando nós fomos ver era o Trio Nordestino, Lindu, Coroné e Cobrinha. A festa amanheceu o dia.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Trabalhei neste predio em fins dos anos setenta. Rodrigues e Leite, era a empresa. Talvez seu cliente no Banco do Bradil.

      Excluir
  5. Trabalhamos juntos nos correios mais Secundo josé de oliveira e (Mané) Manoel Bezerra

    ResponderExcluir