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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 8 de agosto de 2023

130 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Pão de arroz, uma especiaria genoina de Várzea-Alegre.

Hoje em dia está muito disseminado, já existem vídeos de receitas, os ingredientes já se encontram prontos à venda nos supermercados. Mas, na origem, sem as ferramentas atuais a confecção era bem diferente e trabalhosa.

Na década de noventa do século passado eu era superintendente do Banco - Bancesa Comercial S/A, em Juazeiro do Norte.

Recebi a visita do grande empresário varzealegrense radicado naquela cidade Raimundo Correia Ferreira.

Ao me ver perguntou : No Sanharol ainda fazem pão de arroz como mãe Zefa fazia!  Mãe Zefa era como ele tratava na intimidade Josefa Alves de Morais, que juntamente com sua irmã Raimunda de Morais Rego, Mundinha do Sanharol eram conhecidas por fazerem um pão de arroz de qualidade e sabor admiráveis.

O método bem arcaico. Colocavam o arroz de molho, depois deixavam enxugar, pilavam no pilão, peneiravam deixando a massa pronta. 

O mesmo processo faziam com o amendoim. Torravam, pilavam no pilão e depois juntavam o amendoim com massa e levavam a cuscuzeira de barro. Isso há mais de 80 anos. 

Não era um privilégio delas. Cada família fazia em suas casas para ser servido nas festividades de São João e São Pedro.

A festa do arroz já foi motivo de grandes eventos em Várzea-Alegre. Em 1954, pela primeira e única vez foi apresentado aos produtores uma colhedeira de arroz. A demonstração foi realizada na lavoura de José Piau, no sitio Lagoa do Arroz. 

Competições as mais diversas, melhor colhedor de arroz, cacho por cacho, rainha da festa, e, foi apresentado o maior pão de arroz já visto na cidade em todos os tempos.

As Lobos, que ainda hoje fazem utencilos de barro, fizeram uma cuscuzeira que cozinhou um pão de arroz de aproximadamente  100 Kilos. 

Sendo 60 kilos de arroz e 30 kilos de amendoim, 5 kilos de goma para  ligar e dar consistência a massa, 5 kilos de castanha e um pouco de erva doce. 

Ou seja, na expressão do nosso sertanejo "uma quarta de arroz e meia quarta de amendoim". 

Há exatos 69 anos, numa cuscuseira de barro.

4 comentários:

  1. A rainha da festa do arroz daquele ano foi a jovem Isabel Andrade, filha do Senhor Adelgides de Figueiredo Correia.

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  2. Viveu bem.o amigo. Vida rica de coisas boas. Parabéns....

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  3. Está aí a resposta para a Secretaria de Cultura de V. ALEGRE, que homenageia a origem da iguaria "pão de arroz", uma exclusividade do município, que já foi o maior produtor de "arroz de sequeiro" do Ceará.

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